nós somos a melhor coisa que aconteceu no ano

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Noah

Eu não sei, não sei... Que eu faço agora? Estou confuso e assustado. Ontem ficamos bastante tempo no quarto de infância dele, ri das suas fotos antigas com cabelos coloridos e abracei tanto um dos ursinhos dele, que acabou presenteando-me com ele. Fiquei imensamente feliz e agradeci demais. Acho que esses dias eu tenho estado numa mistura de alegria e preocupação. Alegria porque estou de amassos com Josh em literalmente qualquer lugar, tanto dentro quanto fora da propriedade da família dele. Preocupação porque fico nervoso a cada interação do Beauchamp com alguns membros da família dele, visto que das últimas vezes terminou em choro e não gosto de vê-lo chorar. Sinto-me confuso com a sua vida. Sinto-me assustado com o que pode acontecer.

De certa forma, algo em mim insiste em falar que, por mais que aqui seja legal, eu não acredito que seja muito saudável para o meu menino e isso me deixa um pouco desconfortável. Pelo pouco que me contou e o que consegui extrair observando, acho que Josh guarda muitas coisas densas e negativas acerca dos familiares dele. E isso deve ter vindo de um provável abuso psicológico sofrido por ele, já que não é possível que seja normal ele — o cara que quase nunca chora facilmente assim — tremer de nervoso numa crise de choro após algumas discussões. Eu não sei em detalhes que tipo de coisas ele sofreu, porém compreendo que tenha deixado ele muito hesitante em relação a inúmeras coisas.

Seu pai é o mais simpático. Ontem à noite ele sentou comigo no sofá e disse que queria me conhecer melhor. Eu não soube o que dizer, afinal... O que eu diria, ora? Mas conversamos um pouco sobre o que faço da vida, sobre Josh e depois fizemos um puto salto de assunto para rankear nossas bebidas favoritas e quais as marcas prestam e quais não. Pelo menos sei que o pai de Josh gosta muito, muito mesmo de beber álcool — coisa que Beau já me contou desde o início — e que é um verdadeiro expert no assunto. Josh só ficou do outro lado, mudo, comendo uma torta de cenoura, nozes e caramelo. Ele gosta do pai, mas gostar dele o machuca. E quando Beauchamp disse que não gosta de amores ditos e contou sobre o pai... Caralho, isso explicou tanta coisa... Tanta coisa... Agora eu entendo tanta coisa em relação a ele...

Hoje mais tarde tem o jantar em família no jardim, foi o que Josh me disse. Eu estou ansioso. Ultimamente tenho vivido coisas incríveis e maravilhosas com ele. Ontem fomos para a cachoeira, o bangalô do pai, nos pegamos deveras num bosquinho (com direito a sex tape) e ficamos grudados o dia inteiro. Não dormimos juntos de ontem para hoje, mas conversamos no Telegram antes de dormir e percebo que isso é mais do que eu esperava. Hoje de manhã acordamos cedo, comemos e fomos passear na capital. Acontece que eu amei essa cidade. Sério. Sério!! É muito perfeita, ainda mais porque meu guia foi Josh. Ele me levou a lugares legais e especiais, além dos turísticos também. Fomos comer um lanchinho de rua que ele disse que é o favorito dele, um tradicional donuts canadense, que tem várias cores e sabores. Eu amei!!!

Nós também fizemos compras para o almoço, além de termos experimentado mais lanchinhos de barraquinhas que encontramos na feira. Aqui é bem baratinho comer essas comidas, podem servir como uma refeição inteira. Eu fico besta com isso, porque essa acessibilidade toda é surpreendente. E também almoçamos num restaurante, a comida era tão apimentada que praticamente passei mal quando experimentei o prato de Beauchamp. Pelo amor de Deus, como alguém consegue comer algo tão apimentado assim e ficar de boa?

Fomos comprar algumas coisinhas também, como lembrança. Josh viu que eu estava distraído e comprou para mim um chapéu de um sapinho sorridente feito de crochê, dizendo ele que era para o inverno. Eu quis rir, mas a real é que gostei bastante e agradeci. Ele sabe que gosto dessas coisinhas bregas e o que me dá um ódio é isso. Tipo... Por que ele me conhece tão bem, hein?

Como fomos de carro sozinhos, voltamos do mesmo jeito. Josh havia dispensado James que, cá entre nós, acho que ele ficou feliz em descansar um pouco. Ouvi dizer por aí (fonte: fofocas disponibilizadas pelo meu namorado) que James já foi muito instrumento de espionagem da mãe de Josh. Aparentemente ela sempre controlou as coisas dele e gostava de ficar de olho nas coisas que ele fazia, onde ia e com quem se encontrava, e conseguia todas informações com o motorista (James) que levava-o aos lugares. Cada dia descubro um babado diferente dessa família que até hoje não entendo muito bem.

crises et chocolat  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedWhere stories live. Discover now