nós podemos aprontar no banheiro?

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Quando acordo, abro os olhos e por um segundo não sei onde estou. Mas reconheço o teto e a parte superior da janela do apartamento do Noah, por isso sinto-me mais calmo. Uma movimentação chama atenção ao meu lado, então viro o rosto para olhar. Noah está agachado, grudado no sofá onde dormi, e tem uma caneta hidrocor na sua mão resvalando pelo gesso no meu braço direito. Ele sorri para mim.

— Finalmente você acordou — beija a minha testa. — Eu desenhei um pouco aqui, espero que não tenha problema.

Eu desço o olhar para o meu gesso e percebo que não usou só hidrocor preto, mas de outras cores também. Ele escreveu e fez alguns desenhos de coisas cotidianas e fofas, como ursinhos, um barco, coração, plantas...

— Posso desenhar um pinto? — Noah ainda questiona.

— Você tem dez anos?

— Não.

— Então não desenhe.

Ele sorri e estica a mão para esfregar na minha bochecha.

— Desculpa dizer, Josh, mas você está com uma cara péssima.

— Obrigado por destruir minha autoestima, Noah — fecho os olhos outra vez, porque ainda estou cansado e sinto que posso cochilar mais um pouco.

Noah aparentemente se afasta de mim, enquanto isso eu caio no sono outra vez. Quando acordo, não sei que horas são, mas vejo a imagem do Noah deitado no chão da sala, olhando para o teto, brincando com uma bolinha nas mãos e cantando uma música que está tocando. Olhando melhor, eu acho que ele está chorando, porque sua voz está claramente instável e algo está sendo refletido do seu rosto pela luz da sala, provavelmente algumas lágrimas.

— Noah? O que teve?

— Nada — senta-se assustado, limpando os olhos com as costas das mãos. A bolinha é deixada no chão.— Você já acordou? Vamos te dar um banho.

— Não até você dizer o que houve — apoiando-me com apenas uma mão, me esforço para sentar no sofá. — Me diz.

— É algo bobo.

— Mesmo assim.

— É que de vez em quando eu choro escutando músicas sentimentais. Não é que eu esteja sentindo algo, elas que me fazem sentir e eu fico triste pelas histórias. Então eu acabo chorando, embora nunca tenha passado por aquilo.

— Que susto, Noah — solto um suspiro de alívio. Pensei que tinha alguma coisa errada com ele. — Se tiver algo de errado, você pode me falar, tá?

— Você não faz o mesmo por mim — eu sei que ele diz isso sem querer, porque depois que termina de falar, levemente arregala os olhos como se estivesse assustado, e se levanta do chão. Noah visivelmente se incomoda com a situação, tanto que finge ir pegar algo na cozinha, mas para no meio da sala e volta a me olhar. E então desliga o som. — Olha... foi mal. Eu não deveria ter dito isso assim.

— Você disse o que queria dizer.

— Não, eu não... — ele vem até mim e senta-se ao meu lado. — Não queria dizer isso.

— Não, você no mínimo pensou nisso. E então você disse. Você não filtrou. Se fosse mentira, se você não acreditasse nisso, com certeza teria filtrado. E está tudo bem, Noah. Você não precisa fingir o tempo todo que tudo que eu faço ou deixo de fazer é perfeito. Porque às vezes parece que você mente e, muito embora você esteja falando que eu não me abro verdadeiramente, você também faz um pouco disso e eu nem falo nada. Só... vamos parar com o drama, tá?

— Não é bem um drama — ele fala baixinho.

— Se não é drama, o que é?

— Nossos sentimentos. Você não pode reduzir eles a simples drama.

crises et chocolat  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang