nós somos bem artistas, sabia?

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Hoje é nosso aniversário de um mês juntos. Passou rápido, porém sinto que durou uma eternidade. E eu estou feliz, porque estamos indo bem e eu ainda estou animado com a ideia. Ainda não dei um passo para trás ou me enjoei, então acredito que caminhamos pela estrada certa. Compreendo que esse mês passado houve bastante grude da nossa parte, e sou franco ao afirmar que não sei como isso foi possível. Ainda quero empurrar seu corpo contra a parede e me emaranhar ao seu corpo debaixo dos lençóis. É uma coisa boa? Não sei. Sinto que sim. Me sinto bem. É bom ser amado, embora eu viva num medo constante. Às vezes olho seu rosto focado numa lição da faculdade ou em fazer algum design para a floricultura e fico lembrando das coisas do passado. Aquelas coisas ruins voltarão a se repetir?

Engulo em seco meio perdido e aperto o botão da campainha. Estou fresquinho, acabei de tomar banho, cheiroso e arrumado. Tomei banho nas pressas, mas pelo menos me arrumei a tempo. Eu e Noah combinamos de jantar juntos na minha casa, porque iremos passar a noite lá, mas quem é que disse que não vai ter surpresa antes disso? Plus, nem conversamos sobre presentes, o que me deixa pensar que ele não irá me dar nenhum, embora eu tenha vários para dar. Eu tentei não exagerar, espero que não tenha chegado a esse ponto. Odiaria brigar com ele no dia do nosso aniversário.

Umedeço os lábios com certa aflição, ainda esperando ele abrir, ainda que tenha escutado um “peraí” vindo do lado de dentro. Hoje tenho tantas coisas para mostrar a ele... Tipo lá no terraço, eu pedi ajuda a Lamar e ambos inventamos de pôr um pergolado lá em cima e uma parte de grama esmeralda. Isso tudo fizemos nessa semana, enquanto Noah esteve ocupado com o trabalho e escola, eu passei meus míseros momentos de folga planejando melhor o meu terraço. Não sei porque, desde que voltei de Nápoles tenho almejado fazer mudanças naquele terraço. Agora só tem a piscina, no canto tem a jacuzzi, um espaço com grama e um pergolado de madeira. O fato é que Morris hoje me sugeriu um assoalho de madeira e não consigo tirar isso da cabeça...

— Oi, gatineo — surge Noah com um sorriso lindo no rosto. — Pode entrar.

Assim eu faço. Percebo que Urrea está segurando um vaso de plantas.

— Hm... Cadê meu buquê? — me pergunta do nada, gradativamente ficando sério.

— Que buquê?

— Buquê de flores. Hoje é nosso aniversário de um mês, você deveria trazer flores para min.

Eu rio da piada.

— Você já devia saber que eu não dou flores a ninguém... — é o que digo. Ele continua com a mesma expressão. — Você tá brincando, né?

— É... — abre um sorriso tão sem graça, que eu fico meio mexido com a situação.

— Você queria? Por que não me disse?

— Não é algo que se tem que dizer.

— Me desculpa, então. Como eu disse, não sou de dar flores a ninguém, então isso nem me passou pela cabeça. Também estive ocupado com umas coisas, então...

Shit. Isso me faz lembrar daquela conversa com Lamar, na qual ele disse que Noah tem uma vibe de “cu doce” e que curte flores, chocolates, cartas de amor e outras breguices desnecessárias. O maldito tinha realmente razão, porém não de uma maneira pejorativa. Eu acabo esquecendo dessas coisas com Noah, porque me sinto tão livre em ser eu mesmo com ele que, pra ser franco, acabo realmente sendo eu mesmo (no caso, não compro flores num dia especial).

— Está tudo bem — ele dá de ombros. — Eu vou levar algumas plantas daqui para a sua casa, para você colocar no terraço. Vai ficar lindo, se você se esforçar para manter um lugar repleto de plantas. Pode até ter uma mini horta lá, sabia? Ao invés de ir ao mercado comprar plantas para tempero ou condimento, você só precisa subir as escadas e pegar.

crises et chocolat  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedWhere stories live. Discover now