nós precisamos falar mal das roupas das pessoas

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Josh

Paro o carro na frente da floricultura de Noah. Ele me vê no mesmo instante e vem correndo até abrir a porta. Senta-se como passageiro ao meu lado e solta um suspiro ao fechar a porta.

— Boa tarde — eu cumprimento, deslizando meu corpo sobre o banco para chegar perto dele.

— Boa... — seu tom meio tímido me traz estranheza, mas deve ser apenas Noah sendo Noah.

Vejo-o atrapalhar-se por inteiro na hora de pôr o cinto de segurança, sendo assim pego-o da sua mão e o enfio na trava. Como ele parece meio nervoso, seguro seu rosto e olho em seus olhos. Inicialmente, ele desvia para a rua, porém eu cubro um pouco seu campo de visão e ele acaba por olhar-me atentamente nos olhos.

— Você tá bonito — lhe digo, porque é verdade.

— Você também — ele desce os olhos pela minha roupa e eu sorrio.

— Relaxe, ok? — toco num dos seus ombros e vejo-o balançar a cabeça. — Vou estar lá com você, então nem precisa se preocupar.

— O que eu devo falar e o que eu não devo falar?

— Não precisa falar muitos detalhes. E se quiser maquiar o relacionamento, é até melhor.

— Então... Você está me dando permissão para mentir sobre nós?

— Só um pouco. Não precisa inventar coisas absurdas, assim como também não precisa contar algumas verdades nossas que ninguém precisa saber. Entendeu?

— Até onde posso falar?

— Não sei — pondero por alguns instantes. — Se eu inventar algo, você vai na minha. Tudo bem por você?

— Uhum...

Eu passo uns segundos olhando para o seu rosto, ele também olha para o meu e ficamos assim. Queria dizer que a maquiagem dele está linda e que o cabelo divido e com fixador também está esplêndido, só que acho que a seriedade dele mostra que ele não está muito no pique de carinhos ou sei lá. Não sei, ele está passando uma energia meio distante.

— Por que está sério? — tiro o carro do ponto morto e de fato desligo o motor.

— Tô meio ansioso... — Noah esfrega as mãos na calça verde e agora eu noto como ele está mais cottagecore, do jeito que amo. — Desculpa...

— Você não pode se desculpar pelo jeito que se sente — empurro meu cabelo para a lateral e vislumbro o momento que meu dengo balança a cabeça. — Por que está ansioso?

— Não sei... Tenho medo de... — faz uma pausa ao engolir em seco. — Tenho medo de falar alguma besteira ou parecer idiota ou então não ficar bonito ou...

— Noah, Noah... — seguro suas mãos com força. — Respira fundo, por favor? Um, dois, três e...

Ele fecha os olhos e respira profundamente por cerca de sete segundos, enquanto isso eu lhe acaricio as mãos. Assim que abre os olhos de novo, me encara com esses olhos afiados já claros pela luminosidade solar que banha nós dois.

— Respire fundo de novo — peço gentilmente.

Ele faz assim como peço. No final, segura a minha mão e aperta um pouco. Eu me afasto dele para checar se dentro de algum compartimento tem uma garrafa d'água, mas eu não encontro. Nem nos bancos traseiros tem. Me levanto e saio do carro, faço a volta e apareço no lado de Noah.

— Vem aqui comigo rapidinho — abro a porta e seguro-o pelo braço, com o intuito de ajudá-lo a se levantar, após tirar o cinto.

Eu não sei muito o que fazer, sendo honesto, porque quando acontece comigo eu fico meio perdido e pareço uma bola de bilhar meio perdida na vida, fugindo do taco o tempo inteiro. Eu sei como é ruim, por isso seguro sua mão sem nem pestanejar e procuro alguma loja ou mercado. Do outro lado da rua tem uma loja de conveniência e eu levo Noah comigo até o interior. Compro duas garrafas de água, suco de pêssego (que ele gosta) e alguns doces também. Faço carinho nas suas costas na hora do pagamento e, sei não, fico até meio fora do lugar por ele não brigar comigo ou reclamar por estar gastando dinheiro com ele. Aproveitando esse seu momento quieto, peço pra moça não fechar ainda, dou um pinote gostoso e volto com alguns salgadinhos de banana e também de mel. Eu sei que ele vai gostar, por isso não ligo.

crises et chocolat  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedWhere stories live. Discover now