nós podemos ficar de conchinha

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Josh brigou de novo com o tio dele e dessa vez me envolveu. Me senti culpado por isso, mas acho que eles discordam com tudo. Josh queria que eu sentasse ao lado dele, mas como ele senta em lugares onde a família costuma sentar, claramente eu estaria ocupando o lugar de algum membro. Advinha qual? Sim, o tio que ele detesta. Então os dois ficaram brigando, porque Champ quis que eu ficasse com ele a todo custo. Chegou um momento em que ele começou a discutir com o avô, então eu me levantei e fui sentar no canto dos primos dele que não gostam de mim. Quer dizer, não sei se eles não gostam de mim, porque eles nem falam comigo tampouco olham na minha cara. Fazer o que né. Enfim, Josh me tirou de lá pessoalmente e me trouxe de volta para a cadeira ao lado dele. O tio dele ficou resmungando enquanto sentava-se do outro lado da mesa, em frente a nós dois. Não sei o que seria mais estranho: ele ficar sentado ao meu lado ou eu ter de olhar pra ele na minha frente enquanto comesse. O segundo aconteceu e aqui estou eu. Já quero correr.

Eu não consigo parar de dizer sobre quão carinhoso Josh está desde que me pediu em namoro. Agora mesmo ele está segurando minha mão por baixo da mesa e fazendo carinho. Eu estou amando isso. Me sinto num dia de verão que temos preguiça de fazer tudo e só ficamos em cima de uma bóia flutuando na piscina... É muito bom. E, só para você saber, ele só larga da minha mão quando vai separar o camarão para mim. Quase me dá na boca — eu vejo o modo como ergue a comida na direção dos meus lábios —, mas desiste no meio do caminho, porque isso pode parecer meio inapropriado numa refeição em família.

A comida está muito boa. Eu finjo que estou comendo bastante, mas Beauchamp descobre que debaixo das folhas não tem nada (eu havia dito que há bastante comida lá embaixo, por isso que meu prato parece vazio). Discutimos algumas vezes, mas o foco principal de agora é que o avô dele está tentando puxar papo comigo.

— Espero que sejam felizes — ele diz diz. No mesmo instante, a mão de Josh aperta a minha, sobre a coxa dele.

— Eu já sou — e quando respondo isso, Josh revira os olhos sorrindo, como quem acha isso o auge da breguice.

Comida canadense é picante como uma zorra, crendespai. O negócio é brabo viu. E olha que o tio de Josh aparentemente me odeia, porque fica me olhando feio quando Champ pede que tragam a comida com menos pimenta que fez para mim. Tipo, ele comenta algo sobre eu ser desrespeitoso em exigir comida própria diferente dos demais e que isso era um privilégio que eu não deveria ter, ainda mais quando sou um completo desconhecido. Eu juro que me sinto imensamente rejeitado por ele aqui, mas Josh me diz para ignorar e faz carinho na minha nuca para amenizar.

— Mas, sério... Não deveria ter feito algo diferente para mim — eu digo.

— Você pediu ou eu que tomei a iniciativa pra fazer? — ele vira-se para mim.

— Mas mesmo assim...

— Vai comer, porque está esfriando — ele se inclina como quem irá me dar um beijo no rosto, mas quando chega perto, desvia o olhar para baixo e não conclui a ação.

De fato, é muito estranho demonstrar afeto ao seu namorado na frente dos seus pais. Estamos sentados sob um dos pergolados e acho que tudo está esteticamente agradável, porque montaram a mesa e a decoração para o jantar. Todos conversam, de alguma forma, porém minhas interações majoritariamente concentram-se em Ethan, Josh e a irmã dele.

Nem é dez horas e já estou com soninho. Em geral, o jantar foi gostoso de calmo, embora eu tenha ficado desconfortável com alguns olhares do tio de Josh. Tipo, eu não sei qual o problema dele, real. Ele não implica com ninguém, só com Beauchamp e, às vezes, comigo — eu acredito que acontece justamente para atingir Josh. Eu não sei em detalhes que tipo de coisa ele nutre em relação ao meu amor, mas se é contra ele e o crescimento dele, eu não vou simpatizar nem um pouco.

crises et chocolat  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedDonde viven las historias. Descúbrelo ahora