nós quase brigamos por conta disso

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Conserto os óculos no rosto quando saio do prédio. Jack disse que estou bem bonito com essa calça, eu respondo a ele que ela não é nova e praticamente uso sempre. Ele diz que estou bonito mesmo assim e então concordo, porque eu a uso justamente por isso. Nos despedimos rapidamente, porque estou procurando Noah entre o paisagismo. Mas não demora muito para eu achá-lo, na lateral de um estúdio, conversando com o moço do café enquanto fumam. Era só o que me faltava...

— Noah — eu o chamo, aproximando-me de ambos. — Vamos almoçar. Já vai dar quatro horas, estou morto de fome. Só comi uns lanchinhos.

— Oh, claro... — ele, atrapalhado, entrega o próprio cigarro ao outro rapaz e depois alisa a camisa.

— O que eu deveria fazer com isso? — o cara ri e depois sacode o cigarro no ar.

— Eu não sei, você pode terminar, sei lá... Ah, me diz o nome daquele cantor de novo? — Noah responde, tentando me acompanhar nos passos. Eu já estou me afastando.

— Não é um cantor, é uma cantora. É King Princess. Escute... — ele ainda diz. — E Hayley Kiyoko.

— Hayley Kiyoko eu já conheço — Noah ainda diz. — Mas depois escuto. Agora estou mais na vibe de Michael Bublé, então talvez mais tarde eu cheque King Princess.

— Ok, só escute... Mas, espere... Michael Bublé das antigas, né?

— Eu só gosto das antigas! — Noah ri. — Da época de Sway! Mas, também, só um pouquinho depois também é uma fase interessante.

— Essa é top, mas tem que puxar alguém pra dançar...

— Dá pra se imaginar dançando, o que também é legal.

— Você é doido?

— É bem interessante, sendo honesto.

Quando me viro para Noah, ele está longe de mim, parado no meio do caminho, batendo papo com sei-lá-qual-é-o-nome-desse-cara. Porra.

— Noah, eu vou sem você — eu aviso logo, porque se ele quiser ficar aqui conversando, é bom que já adianto o meu lado.

— Tá, já vou indo... — Urrea vem correndo na minha direção.

— Psiu, Noah! — eu já tô perdendo a paciência com as vezes que esse cara tá chamando Noah.

Eu finjo não checar ele, mas percebo que ele não diz com palavras. Ele inclina a cabeça na minha direção, arqueia o cenho e gesticula com os lábios um "eu te disse" ou "eu te pite", mas acredito que seja a primeira opção. Não sei o que eles andaram falando, mas Noah sorri e dá de ombros.

— Tchau — eu aceno para o suposto amigo do Urrea e depois me viro para sair.

Para o bem da minha sanidade, Noah me acompanha em seguida e isso me traz certo alívio. Vamos em silêncio para o estacionamento, um pouco separados, mas quando chegamos perto do meu carro, Noah diz que vai dirigir. Eu concordo e deixo, já que ele vai me levar ao parque de diversões. Eu não estou muito nessa vibe, nem me vesti com roupas assim, até porque eu não quis aparecer na reunião vestindo roupinhas fofinhas de passeio. Simplesmente não dá, né? Mas, pelo menos, me sinto confortável nessa e será desse jeito. Até me aconchego no banco de passageiro e arranjo umas balinhas que estavam derretendo no painel. Não vou morrer, não.

— Então... Desde quando você escuta músicas estilo Michael Bublé? — eu puxo assunto com ele enquanto ponho o cinto de segurança.

Noah faz uma careta e dá de ombros.

— De vez em quando eu escuto — me conta, agora puxando o cinto de segurança. — Por quê?

— Porque as músicas antigas dele têm a vibe das músicas cinquenta e sessenta que eu escuto... Achei que você não gostasse.

crises et chocolat  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedWhere stories live. Discover now