SENTINDO CIÚMES

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Faz uns dias que não vejo o doutor Leonardo. Meus horários estão corridos e nas folgas que tenho, Thereza arruma sempre algo para me oferecer.

Levou-me ao shopping de Recife e encheu meu armário de roupas e sapatos. Tentei fazê-la mudar de ideia, mas não consegui e acabei desistindo de intervir. Comprou roupas, calçados, lingeries, joias e maquiagem. Não ganho o dinheiro gasto em uma tarde, nem se trabalhasse a vida inteira. O importante é que ela está feliz, podendo fazer o que gostaria de ter feito a vida inteira. Thereza, minha mãe biológica. Às vezes me pego pensando sobre tudo que mudou em minha vida num piscar de olhos. É como se todas essas coisas boas vieram para me fazer esquecer tudo de ruim que me aconteceu.

Chegamos cansadas de Recife, tomamos um banho e comemos um lanche juntas. Acabamos subindo cedo para dormir. Até tento dormir, mas estou um pouco agitada e resolvo sair para a área da piscina para arejar a cabeça e ver se o sono chega. Quando estou sentada numa espreguiçadeira, escuto vozes na casa do doutor Leonardo e fico curiosa. Será que é a amiga que ele comentou, aquela que eles trocam favores sexuais? Minha curiosidade é maior que minha educação, caminho, sorrateiramente, por entre as árvores e espio a casa dele.

Devia ter voltado para o quarto. Surge em mim um sinal de alerta. Não posso estar sentindo ciúmes de algo que nunca foi meu.

Eles estão na varanda da casa, em pé, conversando bem próximos um do outro. Ela é muito loira, totalmente platinada com um bonito corpo, toda vestida com roupas brancas. Deduzo que ela deve trabalhar com ele. De repente, a loira fala algo em seu ouvido, ele sorri e mete as duas mãos em seus seios, acariciando duramente. É tão impactante que penso ter sentido ele apertar os meus. Ela continua falando em seu ouvido, ele ergue a blusa dela e os peitos pulam para fora, indo parar diretamente na boca dele.

Fico com vergonha do que estou fazendo, mas, ao mesmo tempo, quero ver até onde vai chegar o interlúdio. Quero saber o quanto importante ela é para ele. Continuo espiando. Leo sorri para ela, abre a bermuda e tira seu pênis totalmente duro para fora e fico espantada em como é muito bem-dotado. Seu pau é grande e grosso.

Sinto minha intimidade chorar. Nunca tinha sentido essas coisas apenas olhando uma sacanagem. Fico com vergonha e, ao mesmo tempo, fico excitada. Ela continua falando algo bem baixinho para ele que caminha até a rede e senta. Ela se abaixa e ele começa a fazer um balanço na rede, enfiando e tirando o pau da boca dela. Fico admirada com a destreza da moça. Ela sabe bem o que está fazendo. Leonardo está com os olhos fechados e parece em êxtase. De repente, ele para, levanta da rede com o mastro grande, grosso e imponente. Ouço-o:

— Vamos para dentro, gata. Aqui podemos ser vistos. — Ela ainda o masturba antes de entrarem na casa.

Assim que me sinto segura e minha pernas obedecem, saio correndo para dentro de casa, subo rapidamente as escadas, entro no quarto e me jogo na cama. Só aqui, na segurança do meu quarto que me permito respirar. Mesmo após ter passado pelos traumas que vivi, minha libido está pulsante. Sinto vontade, desejo, tesão pelo doutor Leonardo. Fico bem feliz por ter esses sentimentos deliciosos. Isso mostra que uma parte da minha sexualidade não foi atingida com a violência que sofri.

Só que parece que ele já tem dona. Noto uma insegurança em mim, como se estivesse perdendo o Leo para ela, ao assistir aquela cena. Preciso sufocar esse sentimento diferente que sinto toda vez que Leo está por perto. Não posso confundir a sua ajuda com algo mais. Sou sua amiga e sua paciente, e tenho que me considerar assim. Talvez deva avisar a Thereza que preciso voltar para minha casa. Estarei mais segura agora, não darei atenção a estranhos e ficarei mais atenta a movimentação que acontece à minha volta. Já estou pronta para assumir minha vida de volta.

Demoro a dormir, pensando em tudo que o Leonardo possa estar fazendo com sua amiga. Ele parece ser um homem com uma pegada forte. Antes do estupro, tive dois relacionamentos sexuais. Em minha primeira vez, tinha dezoito anos e namorava há uns seis meses quando resolvemos transar. Ele também tinha dezoito anos e aprendemos juntos a arte do sexo. Apesar de ter sido satisfatório, não conseguia gozar. Ficamos juntos por um ano. Depois tive um rolinho aos vinte e um anos com um cara mais velho e esse sim soube me proporcionar prazer. Foi bom, mas durou apenas um verão. Antes de adormecer, chego à conclusão que fiquei mais interessada no doutor Leonardo depois de hoje.  

VEM CUIDAR DE MIMWhere stories live. Discover now