VEM CUIDAR DE MIM

EM BUSCA DE CONSELHOS

Assim que Mayara fecha a porta de casa, jogo-me na cama de roupa e tudo.

Isso não pode estar acontecendo, sempre cuidei para que centenas de moças utilizassem preservativo e contraceptivos, para não serem pegas de surpresa por uma gravidez indesejada e isso acontecesse justamente comigo.

Busco na memória todos os momentos que tive com ela e não me recordo de nenhum deles terem sido feitos sem a proteção, ou mesmo, indícios de que o preservativo tenha estourado. Bom, o método não é cem por cento seguro, então isso talvez possa mesmo ter acontecido em algum momento que a pegada tenha sido mais bruta.

Nunca renegarei um filho, mas como explicar para a mãe que não a amo? Vou precisar de um amigo, agora. Passo a mão no telefone e ligo para meu pai. Toca umas cinco vezes e ele atende com uma voz de sono.

— Leonardo? Está tudo bem? Já passa da meia-noite.

— Ahh... pai, desculpe, liguei sem olhar o relógio. Preciso de você.

— O que aconteceu, filho? — Escuto Susana perguntando o que está acontecendo comigo.

— Parece que vou ser pai, senhor Fabrício. — Sento-me na cama e apoio o travesseiro na cabeceira.

— Não estou acreditando, filho. Você nem me contou que estava apaixonado e agora fala que vai ser pai. Escuta essa, linda, você vai ser avó.

— Pai... Pai..., tenha calma, é uma longa história. — Agora terei que contar tudo.

— Agora que você nos acordou, pode contar a história toda. — Depois de contar todo o relacionamento que tive com Mayara, ele indaga.

— Qual é o problema real, Leonardo? O que está te deixando tão para baixo?

— Acho que estou apaixonado por outra mulher. Inclusive, estava tentando terminar esse lance com a Mayara antes de ela contar que está grávida.

Meu pai fica um pouco em silêncio.

— Sei, e ela sabia da outra?

— Talvez. Teve um jantar na casa da Thereza e ela deve ter visto as nossas trocas de olhares. Açucena é a filha da Thereza, aquela que o pai tinha escondido dela. — Não entendo onde meu pai quer chegar com esse interrogatório.

— E você tem certeza absoluta que nunca transou com ela sem camisinha?

— Absoluta, pai.

— Eu acho que ela tem mais interesse em você do que supôs. Ela aparece grávida bem agora, do nada. Você é médico dessa área, acha que se ela tivesse, nesses dois meses, sintomas de gravidez, você não teria percebido? — Parece que alguém aqui está pensando melhor do que eu.

— Com certeza, teria percebido, pai, e posso afirmar que os seios dela continuam iguaizinhos.

— Poupe-me dos detalhes, Leonardo. Faz o seguinte, vocês dois estão no hospital. Dá um jeito de fazer o exame de gravidez sem ela saber que é para isso.

— Boa, pai. Fazemos exames a cada dois meses no hospital e estamos chegando nesse prazo.

— Agora um conselho Leo, você tem o dever de assumir o seu filho, mas a mãe dele é preciso que você a ame ou no mínimo um bem querer para ficar junto. Seja sincero, como sempre foi.

— Obrigado, pai. Você é meu herói. Vou descansar e deixar vocês dormirem. Amanhã tiro isso a limpo. — Antes de dormir, agradeço a presença, mesmo que por telefone, do meu pai. Ele sempre tem algo a acrescentar para esse reles aprendiz de adulto.

Também penso em Açucena. O que será que ela está pensando de mim, nesse momento? Deve estar pensando que sou um cara descuidado, que não prezo a segurança, que sou louco de trepar com alguém no mar, na frente das pessoas. Também deve estar achando que fico com várias mulheres ao mesmo tempo.

Preciso desfazer essa má impressão que ela deve estar tendo de mim. Porque eu a quero em minha vida e isso é um assunto sério.