CUMPRINDO PROMESSAS

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— Como esse lugar é lindo, Leo. É mágico, dá para sentir Deus me tocando. — Abraço Açucena por trás e ambos olhamos extasiados o Rio de Janeiro aos nossos pés.

— Todas as vezes que estive aqui é a mesma emoção. É algo inexplicável. Parece mesmo que Ele está aqui, do ladinho, soprando no ouvido que te ama, que não perca a fé. — Açucena vira de frente para mim com os olhos marejados de uma emoção genuína.

— Como você consegue ser assim, tão entendedor da alma humana, amor? — Passo meus dedos por sobre seu rosto e sinto sua pele macia. Ela me envolve com seus braços e nossos olhares se mantém presos.

— Acho que tudo isso é culpa do meu pai. Ele me criou cheio de valores essenciais, como respeito e amor ao próximo, resiliência e responsabilidade. Também tenho meu valor, gata. A medicina me fez um homem melhor, proporcionou-me uma visão ímpar da vida.

— Você é muito fofo, Leo. Eu te amo, amo esse teu jeito doce e também amo muito o teu jeito descontrolado. — Açucena, nesse um ano de noivado, desabrochou. Está segura de si, livre dos medos do passado e principalmente muito, muito abusada sexualmente. Não que eu não goste. Eu amo esse seu lado aventureiro e explorador. É que ela quer falar de sexo justamente aos pés do Cristo Redentor.

— Você não está pensando nisso agora, não é? — comenta, divertindo-se com o meu senso de noção.

— Eu não quero pensar nisso, amor. Mas olha lá. — E aponta para onde sua mãe Thereza está. — Parece que minha mãe esqueceu que está em público. — Olho e vejo Thereza em um maior amasso com o Gustavo, amigo de meu pai, que desde a nossa festa de noivado vivem na ponte aérea.

— É, parece que tal filha, tal mãe. — Açucena bate em meu peito, e fito seu sorriso lindo.

— Você é muito engraçadinho, não sou eu que gosto de exibir meus dotes. — Puxo-a em direção as escadas, descendo o morro até o bondinho.

— Minha fase exibicionista agora pertence a você, gata. A propósito, já decidiu quando vamos nos casar? — Agora é a vez dela me puxar pelo braço. É assim toda vez que a pressiono a assumir algo mais sério.

— Eu já expliquei para você uma centena de vezes, minha vida mudou muito esse ano. Foi a violência, segredos descobertos, uma nova família, novas responsabilidades com a herança da Thereza, meu ginecologista tarado, não estou conseguindo administrar tudo, Leo. Eu sei que você entende tudo isso.

— Eu entendo, Açucena. Mas você também entende que eu sou um homem à moda antiga. Não quero ficar fodendo minha noiva sem que ela tenha um título. Quero você de papel passado, gata. O que realmente te impede de marcar o casamento?

— Eu não ligo para esses rótulos. Eu já me sinto sua mulher de corpo e alma. — O bonde chega, interrompendo a conversa. Fazemos a descida silenciosamente, cada um perdido em seus pensamentos.

Eu ainda não compreendo essa relutância da parte dela de ser a minha esposa. Açucena também não consegue me convencer sobre o porquê de não querer casar. Deixo para lá mais uma vez e não insisto mais no assunto quando saímos do bondinho.

Quando voltamos para o hotel localizado na orla de Copacabana, Açucena quer caminhar na praia. Sua mãe mente dizendo que está cansada e sobe para o quarto, seguida por Gustavo, que diz estar com dor de cabeça. Sei bem qual cabeça está doendo.

Começamos a caminhar no calçadão mais famoso do Brasil, quando Açucena me surpreende, retomando o assunto do casamento.

— Desculpa, Leo. Várias vezes você cobrou uma postura minha sobre o casamento, e eu sempre estou me esquivando. — Ela respira, e aguardo pacientemente o que ela tem a dizer.

— Todas as vezes que penso no nosso casamento, lembro-me aquela imagem daquele louco arrancando minha roupa e me vestindo de branco. Só de me imaginar de noiva, todo aquele horror volta e me sinto travada. — Paro no meio do calçadão e a coloco em meus braços. Ela chora, e eu choro com ela.

— Por que você não me disse isso antes, Açucena? Como eu poderia saber que você se sentia assim.

— Eu não queria te decepcionar, não queria que você soubesse que eu ainda tenho sequelas do que me aconteceu. — Enxugo suas lágrimas. Levanto o seu rosto até que ela olhe nos meus olhos.

— Isso não me decepciona, gata. Isso me orgulha, porque sei que você é humana, é de carne e osso, tem força e também fragilidades. Você devia ter me contado o quanto isso te faz sofrer. Toquei nesse assunto muitas vezes, te magoando. Perdoe-me?

— Você é incrível, doutor Leonardo — diz, emocionada, e me beija, e entrego todo o meu amor nesse beijo. O nosso amor é tão intenso que ambos precisamos respirar profundamente para voltarmos ao normal. Depois enlaço a sua cintura e voltamos a andar em Copacabana.

— Lembra do sonho erótico que tive com você em meu consultório?

— Lembro. Até hoje você não me contou tudo que aconteceu nesse sonho.

— Nesse sonho, você era uma verdadeira safada e sedutora. Se fechar os olhos consigo ver você entrando em meu consultório rebolando, com um vestido curtinho, bem ousado, deixando ver as alças do sutiã rendado, tudo vermelho. Até a calcinha minúscula, que você fez questão de deixar à mostra quando tirou toda a roupa e deitou na maca, era vermelha. — Açucena me olha curiosa, com os lábios inchados do beijo que trocamos e os olhos cheios de um desejo fremente.

— Onde você quer chegar com essa conversa, Leo?

— Quem disse que você precisa se casar de branco? Adoraria ver minha noiva vestida de vermelho, linda, gostosa, esperando-me no altar, doida para que a cerimônia acabe logo e ela possa sentar no meu colo e gemer no meu ouvido. Porque se tem uma coisa que me deixa de pau duro é você gemendo no meu ouvido, Açucena. — Abre a boca para falar alguma coisa, mas coloco um dedo sobre os seus lábios.

— Não fala nada. Só pensa e imagina tudo que te falei. — Ela sorri, pisca para mim e continuamos conversando e passeando no calçadão de Copacabana.

Depois do jantar, quando voltamos para o quarto, Açucena vai tomar um banho e eu aproveito a última noite na minha querida cidade. Sento na sacada que fica em frente à praia de Copacabana, olhando as ondas quebrando na areia ao longe.

O Rio de Janeiro continua lindo, mas o meu coração agora pertence à Açucena. E Açucena pertence ao Recife. Então é lá que eu quero viver.

— Doutor Leonardo? — Viro-me e deparo com minha gata vestida como em meu sonho.

Toda de vermelho.

Meu coração erra uma batida, minha pele formiga, minha boca enche de saliva.

— Acho que gosto da ideia de casar de vermelho, Leo. Podemos fazer um ensaio de como será depois que o padre disser "e eu os declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva". — Avanço sobre ela mais que depressa. Aliso todo o seu lindo corpo dourado, dentro do vestidinho vermelho. Aperto seus seios arrepiados e ela geme. Nessa hora, já totalmente descontrolado, busco o seu sexo encharcado e sou banhado de regozijo.

— Bem-vinda à Ilha da Fantasia, meu amor. — Exploro cada pedacinho do seu corpo maravilhoso, prometendo acabar com qualquer temor que ainda reste em sua alma.  

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