DANÇANDO MUITO

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Hoje na ONG minha sensualidade estava de volta. Canso os alunos de hip-hop com passos difíceis e complicados. Eles nunca me decepcionam, saíram felizes e suados, comentando o quanto são bons. Instigo-os a serem bons sempre.

Já no jazz, escolho músicas mais lentas, que trabalham mais os movimentos sensuais do corpo. Mexo tanto com a libido deles que pedem uma dança no final. Escolho um jovem de vinte anos que estou treinando para um teste e que dança muito bem.

— Vocês podem escolher a música que vou dançar com o Rafa.

Vejo-os discutindo entre si e enfim escolhem a música. Começa a soar os primeiros acordes da música, que é bem lenta e sensual. Entro na dança e deixo a música me levar. Dançamos juntos, roçando um no corpo do outro com pegadas aéreas e rolagem no chão. Quando a música acaba, recebemos uma aclamação. Gritam, batem palmas e assobiam. Sorrio, abertamente e junto ao Rafa agradecemos os elogios. Fico até sem graça com tanta efusão dos alunos. Tudo piora quando vejo que o doutor Leonardo estava assistindo à apresentação e bate palmas com todos os que assistiram.

Desligo o som, pego minhas coisas e vou em sua direção.

— Minha mãe pediu para você vir me buscar, Leonardo? — pergunto, e confesso que vejo em seus olhos algo diferente. Como se ele estivesse se controlando.

— Dessa vez, vim por conta própria e valeu muito a pena. Você dança maravilhosamente bem, Açucena. Confesso que senti inveja dessa sua apresentação. Queria ser o cara que você estava dançando, para passar a mão por todo o seu corpo.

Ei... foi uma dança profissional. Esse rapaz é meu melhor aluno e o estou ensaiando para um teste do Ballet Municipal de Recife.

Olho chateada para ele, com essa infeliz insinuação.

— Desculpe, gata, sem querer ofender. Sei que é profissional, perdoe meu rompante de ciúmes. Desejo você, como nunca desejei uma mulher, mas acho que você já percebeu isso. — Sinto todos os pelos do meu corpo arrepiarem.

— Desculpas aceitas. Vai me levar para casa?

— Só se for agora. Infelizmente, será mesmo só uma carona. Vida de médico não tem sossego. Uma mocinha apressada resolveu nascer agora. Acabei de receber uma ligação no meio da sua aula.

— Então vamos, não quero te atrasar.

Ele me deixa em casa, prometendo retornar outro dia.

VEM CUIDAR DE MIMWhere stories live. Discover now