ATENDIMENTO EMERGENCIAL

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Como vou sair desse banheiro com dignidade? Passo o lençol na minha vagina e ele sai todo molhado. Fiquei muito excitada com o exame que o Leonardo fez em mim. Não consegui me controlar, pensando nele me tocando, olhando-me. Quase pedi para ele cometer uma loucura, porém, controlei-me a tempo.

Saio do banheiro toda sem graça e vejo que Leonardo controlou qualquer coisa que tenha acontecido minutos antes.

— Açucena, fiz a sua receita do anticoncepcional. Também fiz o pedido dos exames de sangue, mamografia e ultrassom — Leonardo informa e me entrega os papéis e guardo na bolsa. Não aguento calada.

— Esse exame foi erótico ou estou enganada? Porque senti todas as minhas terminações nervosas em polvorosa, querendo chegar ao ápice. — Ele olha surpreso, provavelmente, com as minhas palavras. Não adianta fingir que nada está acontecendo, porque tem algo acontecendo entre nós. Não é coisa da minha cabeça.

— Desculpe-me, não tive essa intenção. Tentei ao máximo ser profissional, não tenho culpa pelo meu corpo reagir ao seu corpo, deixando-me excitado. Isso realmente nunca tinha acontecido em seis anos que exerço a profissão.

— Não se desculpe, Leonardo, sei que tive uma parcela de culpa, afinal fiquei excitada com o seu toque — confidencio a verdade para ele.

— Preciso confessar uma coisa. Tive um sonho erótico com você. — Olho-o com uma imensa curiosidade, incentivando-o a continuar.

— Aqui, nesta sala, nesta maca, da mesma forma que aconteceu hoje.

— Fiquei curiosa agora, doutor. Quer me contar o que sonhou? — Nesse momento alguém bate na porta.

— O que aconteceu, Beatriz? — ele pergunta a secretária.

— Desculpa interromper, doutor, acho que o senhor vai ter que correr. Estourou a bolsa da senhora Mariângela. — Nesse momento tudo muda.

— Pegue a ficha dela, Bia, acho que ainda faltava duas semanas para isso acontecer. Desculpe, Açucena, parece que nossa conversa vai precisar ser adiada. Tenho um parto para fazer numa vila na estrada de Itapoama, onde a ambulância não consegue chegar.

— Posso ir com você? Talvez consiga te ajudar em algo — peço, ele me olha impressionado.

— Você pode me acompanhar. Vai lá fora, avise a sua mãe e minhas próximas clientes.

— Okay.

Saio correndo da sala, aviso minha mãe que está tudo bem comigo e deixo todas as mulheres em pólvora, torcendo para o doutor Leonardo chegar a tempo de colocar mais um bebê no mundo.

Leonardo dirige bem rápido até o vilarejo. Depois pega todos os equipamentos e caminhamos por meia hora até à casa da senhora Mariângela. Somos recebidos pelo marido aflito, três filhos e as vizinhas ajudando a amenizar as dores.

— Ainda bem que o senhor chegou, doutô. Ela tá com muita dor.

Ele começa a organizar as coisas que trouxe.

— Vou cuidar bem dela, senhor Josenildo, pode ficar tranquilo que já, já o seu rebento estará aqui. Aconteceu alguma coisa para romper a bolsa antes da hora?

— Não senhor, ela estava bem tranquila arrumando a casa quando vimos aquela água descendo pelas pernas. Foi igual com o Carlito e com a Rosiclea.

Leonardo coloca a mão no ombro do homem.

— Vamos cuidar dela agora. — Leonardo afirma, convicto, entra no quarto e pede para uma das vizinhas aquecer uma panela com água. Conversa com a senhora Mariângela, tranquilizando-a e faz um exame de toque para avaliar a dilatação. Está com oito centímetros. Então ainda falta um pouco para completar. Confere se o bebê está na posição correta e me pede para conversar com o senhor Josenildo se ele quer assistir o nascimento. Volto com a informação que ele não pode ver sangue.

VEM CUIDAR DE MIMWhere stories live. Discover now