Conflitos, revolta e o acordo parte l.

61 5 0
                                    


♥ Valentina Becker ♥


Sinto ódio, raiva e um turbilhão de sentimentos. Se não fosse toda a minha fraqueza momentânea, certamente perderia o controle. Me sinto como uma das estátuas da mansão.
Marcelo diz a um homem calvo de terno para enrolar os convidados um pouco, e ele assente obediente.

O mundo girando em torno dele...

— Vamos subir — Disse. — Temos que conversar, nós quatro.

Subimos para uma sala reservada. Vejo um sofá em L branco, prateleira cheias de livros... Era o escritório dele. Sentamos e então Marcelo inicia a conversa.

— Antes de tudo, já que é seu aniversário quero te dar o seu presente. Na verdade, são dois. Eu escolhi com todo carinho, espero que goste.

Marcelo tira do paletó uma caixinha azul e abre. É um colar em formato de coração, e cheio de safiras azuis.

— Escolhi esse modelo pra combinar com seus olhos, gostou? — pergunta, calmo.

— É bonito — Respondo curta e grossa.

— Posso pôr em você?

Ele se próxima e me faz ter náusea mais uma vez. Ele percebe e aproveito para o manter longe.

— Sua intenção já é o suficiente. – Respondo.

Marcelo entrega a caixa para minha mãe, pedindo que ela o coloque. Permito apenas por não ser ele a colocar as mãos em mim.

— Eu sinto muito, meu amor — sussurra ao fechar a peça, apenas para que eu ouça.

— Obrigada pelo presente. — Agradeço mesmo não querendo.

— Espero que use quantas vezes puder, minha querida — Fala, tentando me agradar. Surpreendo-me com o quanto Marcelo Clark consegue ser dissimulado.

— Sei, e qual é o outro? — Pergunto ansiosa para sair.

— O outro na verdade é mais um presente pra mim do que pra você.

— O que é?

Ao ver o sorriso dele, o medo toma conta de mim. O que esse maluco está tramando dessa vez?

— Você é minha! Oficialmente.

— De novo essa história? — Reviro os olhos sem me conter.

Marcelo vai até sua mesa e coloca uma pasta preta sobre ela, me chamando com um dedo. Com um toque no meu ombro, mamãe me encoraja a me aproximar, mesmo não desejando isso também. Ele abre a pasta e vira toda a documentação.

— O que é isso? — pergunto.

— Contrato matrimonial. — Congelo ao soar das palavras. Há quatro assinaturas visíveis: A dele, uma de meu pai, outra de mamãe, do advogado de Marcelo e um espaço vazio, indicando onde a minha deveria ir.

— Não pode estar falando sério — Digo encarando-o.

— Mais sério impossível, e como pode ver, tenho a bênção dos seus pais.

— Com uma faca na garganta. — completa minha mãe, odiosa.

— Só preciso da sua assinatura, e depois disso vou te dar tudo o que você desejar, Valentina.

— Marcelo, dá um tempo para ela, hoje é o aniversário dela! — diz meu pai. — Deixa ela respirar, ao menos.

"Deixá-la respirar"? Jack Becker, é isso que tem a dizer? — Meu tom é de puro desdém e desgosto ao olhá-lo. — Por culpa de quem eu não estou respirando? Hein? Me diga o porquê! Você é um filho da puta desgraçado que usa sua filha como pagamento da sua dívida!
Eu me caminho até ele alterada, e quando dou por mim, já tinha batido no rosto do meu pai com tanta força que o som espalhou-se pela sala. Marcelo me segura, me tirando de perto de Jack e fico ainda mais enlouquecida.

— Não toca em mim!

Tiro as mãos de Marcelo e o empurro.

— Valentina, me perdoe. Tudo o que eu queria naquela noite era ganhar o suficiente para voltar para vocês... — Diz o homem com a expressão de dor, a marca da minha mão já tinha deixado seu rosto vermelho. Mamãe continua ao fundo com sua expressão de choque.

— E isso justifica a merda toda que você fez? Olha em que você transformou minha vida! E você, Marcelo? Como pode aceitar uma moça como pagamento? Acha que porque eu sou seu suposto pagamento vai me ter? Está muito enganado. Eu te odeio Marcelo Clark e saiba que esse é o único sentimento que tenho por você! Ódio.

Em questão de segundos, Marcelo se aproxima de mim e segura meus pulsos.

— Eu estou avisando, menina! Não me teste. Você já é minha e vai ser em todos os aspectos, e eu não vou atrasar meus planos por causa dos seus chiliques!

— Solta ela, Clark, esse assunto é entre você e eu. — Jack diz, levantando-se, dando um passo perigoso em nossa direção. — Deixe ela ir com a Ilana e resolveremos.

— Jura? E qual é a solução pra você?

Ele me solta e eu caio no sofá, ele fala ao meu pai depois que isso se resolver não quer ver a cara deles nunca mais.

— Eu posso trabalhar para você até pagar minha dívida.

— Você não tem anos o suficiente para fazer isso, Becker.

— Eu não me importo. Solte a garota e resolva comigo!

— Você deve estar se esquecendo de algo muito importante, mas faço questão de lembrá-lo. Naquela noite, depois que ganhei a aposta de você, foi assinado um contrato. Mas já que você quer voltar atrás na sua palavra, tudo bem, posso voltar na minha também, porém, você vai morrer agora.

Marcelo fala e já saca a arma apontando para meu pai. Eu não tenho dúvidas de que esse homem atiraria em meu pai com a casa cheia de gente. O pior é que todas elas seriam coniventes com o assassinato e defenderiam esse monstro. Eu estou sozinha, e preciso agir rápido.

"E com inteligência", ouço a voz de Erik na minha cabeça.

— Já chega! — grito, calando o resto da sala. — Mãe, tira ele daqui e me deixa sozinha com o Marcelo, por favor.

— Perdeu o juízo, Valentina? Eu não vou te deixar sozinha com ele! — Ela fala me abraçando.

— Por favor, mamãe. Confie em mim, eu já vou encontrar vocês lá embaixo.

Ela não diz mais nada e sai com Jack. Logo em seguida, passo a chave na porta.

— O que minha garotinha vai fazer trancando a porta?

Ele dá aquele sorriso irritante e coloca suas mãos no bolso da calça.

— Não pense besteira.

— Estou ouvindo.

♣ ♥ ♠ ♦ Contínua no próximo capítulo. ♣ ♥ ♠ ♦

Sem EscolhaWhere stories live. Discover now