A CERTO DE CONTAS COM O PADRINHO.

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  ♠️ Marcelo Clarck ♠️

Essa situação me deixa furioso. Não sei o que é pior, descobrir que a porra do meu padrinho me traiu ou ter apanhado e ter que usar medicamentos para o teatro parecer real. Não poderia ir para casa sob efeito de medicamentos. Valentina iria ficar assustada, e aí sim me encheria a paciência para afastar Erik dela. Mandei ele voltar para mansão em New York, e segui para Dover acompanhado de Igor. Me sinto muito mal. Meu corpo está pesado e preciso me recuperar.

— Igor, esse efeito não passa nunca? Que caralho você me deu? Eu preciso estar novo em folha em dois dias, preciso voltar para casa e me preparar para a pior parte. Então faça seu trabalho direito ou terei que tomar providências.

Ele me olha com desaprovação e então começa a preparar a seringa.

— Você e suas loucuras descabidas, e agora eu tenho culpa? Quem me pediu para dopá-lo? Foi um pedido seu, apenas cumprir suas ordens. É claro que o efeito vai demorar a passar, foi mantido com remédios por quase 5 dias. Sinto informar, mas os efeitos ainda vão demorar a passar. Como médico, e devido a sua condição, sugiro que adie seu plano seja qual for, não vai estar 100% e isso pode te comprometer.

Agarro-o pelo colarinho e me esforço para fixá-lo em meu campo de visão.

— É para isso que te pago! Para você me deixar 100%.

Ele se livra do meu toque e começa a injetar algo na bolsa de soro.

— É o que estou fazendo, Clark. Descanse. E tente não se aborrecer, é algo que só o tempo pode melhorar. Dave me pediu para entregar isso a você, disse que sabe do que se trata.

Ele me entrega o iPad, dou sinal para sair e ao fechar a porta, dou play e assisto tudo o que ocorreu. Pelo histórico profissional não poderia esperar outra coisa de Ludwig, a não ser sua calma e autocontrole. Mesmo diante de tantas baboseiras que John falou, ele não deixou se levar e cuidou de mim. Contudo, as palavras do advogado, dizendo que "Não é preciso ser um gênio para ligar os pontos", me deixa pensativo. Não é novidade que Erik nunca foi a favor do que fiz ou faço, mas porque isso está me incomodando? Valentina o odeia e quer distância, sempre me pediu para demiti-lo.

Agora não é o momento de ter dúvidas. John quer me desestabilizar, sabendo que estou tão perto de alcançar meu objetivo. Deve estar mancomunado com os malditos russos. Devo cortar o mal pela raiz.

Sou tirado dos meus devaneios com a batida na porta e mando entrar.

— Chefe, trouxemos o Carano. Dei ordens para serem cordiais com ele, algum desejo específico?

— Como estão as coisas em casa? Valentina está bem?

Espero por sua resposta enquanto visto meu roupão.

— A sua esposa está bem, falei com Luke. Informou-me que a nossa área no Brooklyn foi invadida por várias facções, mas a situação foi controlada. A senhora Clark liberou a venda na região mediante ao pagamento de "pedágio", mas impôs algumas regras do que não deve ser feito.

Ela enlouqueceu? Como pode permitir que vendam na minha área?

— Tivemos também a visita de um federal querendo fazer perguntas.

Ouvir isso me deixou ainda mais nervoso.

— Vai me dizer que a porra da minha mulher colocou tudo a perder e me fodeu para se ver livre de mim?

— Não, senhor, ela não permitiu a entrada deles na casa. Como eles não tinham mandado, ela ordenou que se retirassem. Conseguiu contornar os federais.

Saber da atitude de Valentina foi um regozijo para mim. Com essa notícia, o meu desconforto com a conversa entre John e Erik se torna irrelevante.

— Me leva até o maldito.

Ao chegar na garagem, encontro ele sentado na cadeira recebendo alguns tapas na cara.

— Que merda é essa?

Me irrito com o que vejo.

— Graças a Deus você chegou Celo, manda eles me soltarem. Eu disse que sou seu padrinho, mas não me ouviram.

Ele choraminga e me olha com alívio. A fúria cresce ainda mais em mim. Pego o soco inglês que está sobre a mesa e desfiro seguidos golpes em sua cara.

— Desgraça de efeito que não passa! É meu padrinho e teve coragem de me trair! Fugir feito um covarde! Dave, pendure-o, vou mostrar a verdadeira cordialidade.

Me sento na cadeira a alguns metros de distância e dou sinal para começarem. Enquanto eu lustro minha Glock 22, eles amarram seus pés na corrente e o penduram.
Me levanto e miro o revólver.

— Que porra é essa que você está fazendo, Marcelo!

— Tente não se mexer muito, padrinho. Estou com a visão embaçada e não quero acertar o seu saco de primeira. Mas se você continuar sacudindo tanto assim, a brincadeira pode acabar rápido demais.

Atiro e ouço ele gritar.

— Puta que pariu, chefe! Acertou bem na bunda. — Dave sorri enquanto fala.

— Banda esquerda ou direita?

— Direita!

Dou outro tiro e ouço mais gritos.

Desta vez, sou avisado que acertei o ombro esquerdo.

Aponto para o porrete em cima da mesa e então começam a golpeá-lo.

— Poxa, padrinho, não sabia que você gritava igual mulherzinha. Vai com calma, galera. Quero o filho da puta acordado.

Meus homens pausam o espancamento e eu me aproximo.

— Então John, por que me traiu? Por que não se sentiu seguro como se sentia com meu pai? E agora? Onde está o velho que te dava proteção?

Pego uma chave de fenda e enfio no ombro ferido.

— Seus gritos soam como uma bela melodia, John, músicas para meus ouvidos. Me presenteie mais com seu lindo cântico.

Pego o mangual e entrego a Dave. Coloco minha boca rente ao seu ouvido e aviso:

— O golpe de mangual consiste em girar a corrente para ganhar velocidade.

Dou um breve silêncio para destacar o barulho da esfera cortando o ar.

— Consegue escutar o som. Pois bem, só então a pessoa que o maneja direciona o ataque sobre o homem.

Enfio a chave ainda mais no ferimento. Seu gemido é agonizante.

— Por favor... Celo, não me mate. Eu não traí você! Foi o inútil de Ludwig que falhou. Graças a ele que fomos capturados! Sua mãe me escolheu como seu padrinho, ela ficaria triste em ver isso.

Vejo sangue escorrer pela boca dele.

— Você é patético, John. Acha mesmo que apelar para a memória dela vai te livrar? Erik pode ter falhado em matar uma vez, mas não foi covarde e me deixou para trás. Se aqueles homens fossem realmente meus inimigos, eu estaria morto! Minha mãe escolheu um padrinho de merda para seu filho!

Aperto o ferimento da bunda com o dedo e ele grita se debatendo.

— Você está errado, vai se arrepender! Ludwig e Valentina, vão te derrubar! Marcelo! Não seja tolo! Eles vão aproveitar a oportunidade que tiverem e quando você menos esperar, vai ser eliminado por aquela fedelha.

Enquanto cospe as palavras, seus dentes rangem. E atiro novamente, desta vez em sua coxa.

— É mesmo? E por que não aproveitaram a oportunidade quando a polícia invadiu a minha casa? Valentina foi quem colocou os malditos para correr. Só você sabia da minha ausência. Era seu planos com os Russos para me tirarem de cena, não é? Pensou que minha esposa por não aceitar bem nosso casamento me trairia como você? Mas se deu mal, padrinho. Valentina é uma verdadeira Clark, e protegeu não só o seu marido da sua armadilha, como também manteve o Brooklyn sob controle. Ela é muito melhor e confiável. Em memória e respeito a minha mãe, perdoarei sua trairagem. Tem 24 horas para sumir do meu território. A próxima vez que eu ver sua cara será a última.

Me afasto e dou um sinal para Dave.

— Mande chamar o Igor para estancar os ferimentos e tire-o da minha propriedade.
Dou a ordem e volto para o meu quarto. Tiro a roupa suja e tomo um banho. Me sinto mais relaxado. Consegui pegar no sono e descansar.

♠️ Marcelo Clarck ♠️
Quando chego em casa sou recebido por Arlete que me ajuda com o casaco. Ouço passos apressados descendo as escadas e só percebo que é Valentina quando ela pula em meu pescoço e sinto seu perfume.
— Celo! Me desculpa, o que houve com você? Por que está ferido e tão fraco? Está drogado? Não acredito que além de vender, usa essa merda!
Sou amparado por Dave que evita que eu e ela caia. Ela me dá um soco no ombro.
— Valentina, ele está sob efeito de medicamentos que eu dei para aliviar a dor. Os sentidos estão debilitados, então seja paciente. Aos poucos ele vai melhorar.
Igor explica e ela segura meu rosto e analisa por completo.
— Você está um trapo, Marcelo. Seus seguranças são todos inúteis... como vão me proteger se mal conseguem proteger seu patrão?
Sorrio ao ver sua preocupação.
— Vai ficar tudo bem, meu amor, logo estaremos respirando tranquilamente. Onde está Erik?
— Estou aqui, o que quer?
Ele se prontifica.
— Erik, se prepare, hoje você sairá em missão. Esteja pronto e em alerta, posso mandar executar a ordem a qualquer momento.


♣ ♥ ♠ ♦ Contínua no próximo capítulo ♣ ♥ ♠ ♦

P.S: Olá meus amores! Mais um capítulo postado para vocês, estão curtindo? Deixem seu gostei, seu comentário assim que possível responderei. Recadinho importante, para quem acompanha meu outro livro "ALMA SELVAGEM" peço um pouquinho da paciência de vocês pois notei alguns erros e estou fazendo a revisão de todos eles, e continuo a escrever. Assim que possível eu volto a atualizá-lo. Quem não leu, fica a dica corre lá e assistam!

Sem EscolhaWhere stories live. Discover now