Sorriso de vampiro.

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♥ Valentina Becker ♥

A festa segue normalmente, todos felizes e humorados, os convidados se aproximam de nós e nos parabeniza.

Eu vejo estampado no rosto de cada um, a falsidade. Eles só estão aqui porque temem a Marcelo.

Obviamente não me acham apropriada para o poderoso chefão, como se eu quisesse e desejasse estar nessa posição.

Se soubessem que trocaria de lugar com a louca que almejar entregaria de bom grado.
Ele conversa com os convidados e riem. E eu estou aqui ao seu lado fisicamente, mas meus pensamentos estão na minha mãe. Onde ela estaria?

Queria tanto vê-la e pedir pra me tirar daqui.

— Com licença.

Caminho até o toalete lentamente e com muita cautela. Minha cabeça está rodando e mal consigo me manter de pé.

Entro e fico me olhando no espelho por um bom tempo. Um filme nada agradável insiste em ficar repassando na minha cabeça.

Eu estou cada vez mais aérea com essa notícia. Saio do banheiro e tento voltar ao salão.
No caminho, me deparo com alguém vindo direto em minha direção, sinto um calafrio sobe minha espinha.

Ele fica me rodeando sem parar e começo a dar passos para trás tentando fugir. Eu estou fora do campo de visão de qualquer um ali.

O terror começa a tomar conta de mim, o meu mal estar não ajuda e não consigo ver nitidamente a aparência do homem.

Sei que é um homem devido ao seu perfume forte piorando ainda mais o meu estado, o que dificulta o meu caminhar.

— Oi, lindinha. Então, como imaginei, você é a escolhida! — Seu sotaque é leve, seria alemão? Não. As vogais estavam "curvadas" demais. — Não sei se é sorte ou azar, mas agora que a rainha surgiu, temos no que mirar. Nós nos veremos em breve novamente, tenha certeza disso.

Ele pega minha mão e, antes que possa dar um beijo, a puxo. O sorriso dele é apenas uma silhueta na escuridão, como uma fera que desiste de atacar. "Nos veremos em breve", repete.
Eu já não sei o que fazer, minhas pernas não se movem e nem minha voz sai. Fico apenas sem ação, sei lá por quanto tempo, até que alguém se aproxima e me toca. Automaticamente isso me faz reagir negativa ao toque.

— Calma, sou eu... O que houve? — Ouço a voz do Erik, mesmo ele tendo feito o que fez, ouvir sua voz é um alívio, e me amparo nele. — Por que está parada aqui no escuro?

— Eu quero ir para casa.

— O que houve, Valentina? — Pergunta ele e reparo em seu sotaque. O homem nas sombras não era alemão, Erik é.

— Tinha alguém aqui... Um homem.

— Tem muitas pessoas aqui. O homem disse algo?

— Por favor, me leve embora — Peço novamente. O noivado, as pessoas, a música, devo ter enlouquecido, pois só quero ir para a minha casa. Deitar-me na minha cama, nos meus lençóis e vestir as minhas roupas.

— Você está em casa.

Encaro os olhos de Erik, não estão tão azuis com a pouca iluminação.

— Aqui nunca vai ser minha casa, nem ouse dizer isso.

— Tudo bem, tudo bem. — Diz quase se desculpando. — Quem era o homem?

— Eu não sei... Ele tinha sotaque e um sorriso de vampiro. — É o que consigo descrever e isso faz Erik reagir erguendo as sobrancelhas. Sinto-me como uma criança frágil com suas mãos enormes me segurando. — Um sotaque russo, eu acho...

— Russo? — A expressão dele se agrava. — Como ele estava vestido?

— Como todo mundo, smoking, gravata vermelha... Eu não tenho certeza.

Erik toca a escuta no ouvido e percebo que ele está vestindo um terno como os demais seguranças.

— Homem russo, vestindo smoking e gravata vermelha. Abordou Valentina perto dos banheiros, façam uma vistoria. Quero saber quem entrou e quem saiu nos últimos vinte minutos. — diz aos outros.

Ele é tão sério...

Com um quase inaudível "venha comigo", Erik me conduziu até o banheiro feminino. Checou todas as divisórias antes de trancar a porta.

— Avisem a Marcelo que estou com Valentina no banheiro feminino — conclui.
Eu não posso ficar aqui, minha vida está em risco. Embora eu pensasse que morrer para me livrar de Marcelo fosse quase um ato de misericórdia. Saber agora que posso ser morta por estar ao lado dele é o que não quero!

— Eu não estou segura nesse lugar. — Eu falo e Erik volta a me encarar.

— Não existe lugar mais seguro que ao meu lado, Valentina. Isso eu te asseguro.

Minhas extremidades estão formigando. Novamente a música, os cheiros, Marcelo...
O homem com sorriso de vampiro e as cicatrizes na mão dele.

Casamento... Seis meses! Minha vista começa a se fechar, aquele estranho poderia ter me matado e só descobririam depois que eu já estivesse fria.

— Erik... — Minha voz sai rouca, minha cabeça começa a girar. — Eu não estou me sentindo bem...

Só vejo a sombra embaçada dele vir em minha direção. Sua voz soando longe...
Eu só queria que esse dia terminasse, e como se meu desejo fosse atendido. Assim a escuridão veio ao meu encontro acompanhado de um cheiro gostoso de canela.

♣ ♥ ♠ ♦ Contínua no próximo capítulo ♣ ♥ ♠ ♦

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