PENSANDO NA SEGURANÇA

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♦ Erik Ludwig ♦

Eu sabia que era cedo para que ela compreendesse a situação. Valentina é uma pessoa comum, com certeza desconhece o mundo horrível no qual vivemos. Mas para isso funcionar e não colocá-la em risco, eu preciso da ajuda dela. Se tivesse outra maneira, nunca, pediria algo que a marcaria para o resto de sua vida… mas Marcelo  é abusivo e cumpre suas ameaças, então achei melhor ser honesto e me abrir com ela, colocando as cartas na mesa e fazê-la entender que o inevitável vai acontecer.

Para o seu próprio bem, orientei para que ela conduzisse o ritmo. Mas a pressão parece ter sido demais e ela novamente bateu de frente com ele, o que não estava nos planos, e pagou por isso. Fiquei surpreso quando ela o convidou para entra no quarto, durante algum tempo, o silêncio prevaleceu me deixando preocupado. Mas quando os gritos de Marcelo  ecoaram, entrei e vi o estado abatido dela, e isso me fez duvidar de sua capacidade de cumprir a tarefa.

É um fardo muito pesado para uma pessoa sonhadora que teve a sua vida roubada e transformada. Ouvi o relato do médico, me fez perceber que eu preciso conversar de novo e orientá-la ainda mais, para evitar que ela surte e coloque sua saúde em risco. Pois se isso acontecer, o que estou tentando fazer será inútil e não me perdoarei. Manter ela mentalmente sã é uma função minha. Preciso deixá-la mais tranquila, e mesmo não estando ao seu lado, fazer ela se sentir segura, mas como?

Passei a tarde na frente do quarto, então tive uma ideia e pedi para Luke providenciar uma caneta espiã com escuta, do tipo que costumávamos usar na KSK.

Marcelo  não voltou mais ao quarto dela e apenas Alerte vinha trazer suas refeições.

— Como ela está Arlete? — Perguntei assim que ela saiu.

— Está lendo como sempre, parece estar em seu próprio mundo que nem percebeu a minha presença. Pobrezinha, uma vida inteira pela frente e está amarrada a um monstro.

— Arlete, ela está passando por uma situação difícil e sabe o quanto ela gosta de você. Não a desampare agora, seja alguém que ela possa contar. Ajude-a no que ela precisar.

Falei e ela sorriu e me deu dois tapinhas no braço.

— Eu não sei o que posso fazer por ela, não tenho nada de especial diferente de você. Mas o que eu puder fazer, ela terá meu suporte.

Me senti aliviado ao ouvir ela se dispor a ajudá-la. É mais uma pessoa que odeia Marcelo  e poderá nos favorecer em determinado momento.

— Muito obrigado, não sabe o quanto isso vai fazer bem a ela. Volte ao seu trabalho, mais tarde, antes de trazer o lanche dela, vou te procurar para lhe entregar algo, tudo bem?

Ela assentiu e voltou a seus afazeres. Permaneci no meu posto até a troca de turno.

— Deixei o que me pediu em seu quarto. — Luke comenta ao passar por mim. — Vai precisar montá-la. Tive que improvisar. Do tipo satélite, precisa esconder a antena e a escuta no corpo da caneta.

Fiz apenas um gesto leve com a cabeça para não alarmar Dave que estava subindo as escadas.

Volto ao meu quarto e me tranco. Inicio o trabalho para garantir que ela o receba ainda hoje. Montar um aparelho como esse é trabalhoso, mas vale a pena. Olho no relógio e são 21:45, ainda tenho tempo. Pego um papel e escrevo as instruções. Coloco dentro da caixa e vou para a cozinha.

— Boa noite, Arlete, poderia me fazer um lanche? — Pedi e me sentei na bancada.

— Claro, senta aí que já faço para você.

Esperei ela finalizar o meu lanche e, ao me entregar, pegou a bandeja do lanche de Valentina e saiu da cozinha.  Eu a acompanho e quando não tinha ninguém, deslizo o objeto no bolso do seu avental.

— Entregue a ela por mim. A saúde dela depende dessa entrega.

♣️♥️♠️♦️ Contínua no próximo capítulo. ♣️♥️♠️♦️

P.S: Mais um capítulo postado. Espero que apreciem a leitura, um grande beijo. Paz e luz no coração de todos vocês.

Sem EscolhaWhere stories live. Discover now