DE VOLTA A NEW YORK, E O ÍNICIO DE UMA PARCERIA.

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♠ Marcelo Clark ♠

Tenho um soldado qualificado em Dover esperando minhas ordens, tenho uma mulher que irá garantir que o império continue, a hora de atacar está se aproximando.

Pego o celular e disco o número de Erik. Ele atende depois do quarto toque.

— Ludwig, como está minha esposa? — perguntei logo.

— Ela não é sua mulher — diz como se dissesse que o sol é quente, e dou um riso. — Você tentou estuprá-la, Marcelo? Perdeu a porra do juízo?

— Ela não te contou? — Uma pausa. — Valentina assinou os papéis do casamento na noite da festa de aniversário, posso comê-la de cabeça para baixo se eu quiser. Como ela está?
Ouço a respiração pesada de Erik soprar no telefone.

— Acordada.

— Ótimo, quero vocês dois de volta a New York no fim do dia.

♦ Erik Ludwig ♦

Desligo o telefone e vejo uma movimentação no jardim. Coloco meus homens no lugar devido e fico na porta do quarto de Valentina para garantir sua proteção.
Fico inquieto, pensando no que houve no escritório. Ela havia se deixado guiar pelos instintos, e eu também.

Ela é uma criança e me deixei levar. Agora, me sinto o pior dos homens por ter deixado aquilo ir tão longe. Marcelo vai tirar sua inocência da pior forma.

Ela parece quieta demais e bato na porta. Sem respostas. O que aumenta a minha angústia, entro no quarto e não a vejo na cama, olho ao redor e nada.

Então, me aproximo do banheiro e ouço barulho de água, um alívio invade meu peito. Saio do quarto e peço para um dos homens ir buscar Helga, mas não avisar a Marcelo, preciso averiguar com o médico seu estado de saúde para ajudá-la.

Não demora muito e a governanta sobe.

— A menina está acordada? — Helga me pergunta com uma voz alegre.

— Está sim. Mas preciso que veja se ela está fisicamente bem.

— Como assim?

— Acho que Marcelo tentou fazer algo com ela noite passada. — Helga coloca as mãos sobre a boca, horrorizada. — Quero que veja se há marcas no corpo dela.

— Tudo bem.

— Quero que fotografe se achar alguma coisa — digo, entregando-a uma pequena câmera não muito maior que um maço de cigarros.

— Marcelo não vai gostar disso... — Os olhos de Helga ficam sérios.

— Só se ele souber. Você viu como ela é jovem, se tem filhos ou pretende ter, duvido que queira um futuro como o dela. Pense nisso quando achar que isso é mais errado do que um homem adulto tentar trepar com uma menina que não sabe nada.

Helga escuta as palavras duras e pondera, espero que possa entender. Mesmo se eu não conseguir sair dos domínios de Clark, não posso deixar que Valentina fique presa comigo. Eu dou as instruções para ela, que me olha confusa.

— Claro. Eu vou tentar.

— Então vai e a prepare, vou levá-la de volta para New York ainda hoje. Quero ter certeza que ela está bem. — Dito isso eu a deixo entrar e espero por elas do lado de fora do quarto. Alguns minutos depois saem as duas.

— Senhor, ela está pronta, podem ir.

— Ir? Onde? — Ela pergunta assustada.

Dou um sinal para Luke vir comigo e entramos no quarto.

— Estamos aqui para garantir a sua segurança no caminho de volta a New York. — Luke fala e ela levanta o rosto com os olhos marejados.

Luke é um bom soldado, é meu amigo de infância, entrou e saiu comigo na KSK, o mais competente e o único que tinha a cabeça no lugar.

Durante as vigílias na mansão, passei a colocá-lo com certa frequência no comando das patrulhas noturnas. Após me ver obrigado a trabalhar para Marcelo, tratei logo de me cercar de homens de minha confiança, sem demonstrar isso a ele e seus soldados.

— Eu não quero voltar para lá. Não depois do que houve.

Quando as lágrimas rolam vejo seus lindos olhos e sinto meu coração novamente palpitar. Pego o meu lenço no bolso e entrego a ela, que me olha fixamente nos olhos e me diz:

— Posso falar com você a sós, Erik?

O pedido me surpreende, mas depois de olhar em volta, Helga e Luke acenam com a cabeça e saem do quarto.

Valentina continua sentada sobre a cama. Ela usa botas de cano alto e uma calça jeans grossa, um casaco vermelho bonito que realça a cor dos cabelos.

— O que vai acontecer depois disso? — pergunta, quebrando o silêncio.

— Eu não sei.

— Ele pediu que voltássemos rápido demais.

— Aparentemente, ele achou o homem que te abordou, mas, se conheço bem o Marcelo, a conversa não deve ter sido tão produtiva.

— Acha que ele matou o homem?

— Seria idiota se não matasse na posição dele, é imprudente demais mexer com as esposas de líderes.

— "Esposa"... Que piada. — Ela revira os olhos juntando as mãos no colo. Depois de vários momentos de quietude, ergue os olhos e pergunta o que eu esperava que não fizesse: — O que houve no escritório vai acontecer de novo?

Sinto meus pulmões se amassarem. Eu estou nervoso?

— Não. — Me obrigo a dizer isso, até para garantir a mim mesmo ficar longe dela.
Valentina abaixa a cabeça e assente.

— Então isso quer dizer que posso contar com você para outras coisas?

— Que outras coisas?

— Sobreviver a isso. Não vou conseguir sozinha, Erik, preciso que me ajude, que me proteja.
— É para isso que estou aqui.

— Você sabe o que quero dizer.

— Valentina, já falamos sobre isso. — Solto a respiração, massageando o cenho dolorido. — Eu não posso impedir Marcelo de conseguir o que quer, ainda mais agora que vocês estão casados legalmente. Ele me contou que você assinou a papelada.

— Não tive escolha, ele ameaçou meus pais — diz ela, com olhos irritados. — Eu sei que não vou conseguir fugir disso, mas preciso saber se você não vai fugir ou acabar sendo morto.
Ela estava se preocupando comigo?

— Não vou morrer.

— Me prometa! Você me entregou a ele, é sua responsabilidade me proteger e me manter viva. E se manter vivo faz parte do nosso trato, não o perdoarei se morrer!

A distância entre nós agora parece incômoda. Eu gostaria de me sentar ao lado de Valentina como fiz em meu quarto, porém, não arriscaria perder a compostura outra vez.

— Queria que fosse um homem como você, e não ele.

♣️♥️♠️♦️ Contínua no próximo capítulo. ♣️♥️♠️♦️

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