INICIA O RESGATE ll.

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♦️ Erik Ludwig ♦️

está em casa à sua espera.

Corto uma pequena parte do pão e molho na água, dou em sua boca, mas ele não se move.

— Graças a você ele está assim, ferido, e inerte, como acha que vamos poder sair com ele assim? Você com seu plano idiota só nos fez perder mais homens no pior momento!

Enquanto o velho reclama, eu só espero que o plano B funcione. Durante todo o momento, tentei fazer Marcelo recobrar a consciência, mas foi em vão. Ele está apagado, isso não é bom.

— Ei, abra a porta, tire ele daqui, ele precisa de cuidados médicos. Não oferece risco a vocês. Tratem dele.

Grito outras vezes e bato com força na porta. Não posso deixar esse desgraçado morrer agora, não na minha frente. Não seria digno de Valentina se tirar proveito da situação. Tia Pérola certamente ficaria decepcionada comigo se eu deixasse seu filho morrer às minguas.
Com a minha insistência, eles acabam o levando para ser tratado. As horas se passam e nada de trazerem Marcelo...

— Se algo acontecer a Marcelo a culpa será toda sua! — John bradou e a porta se abriu em sequência. Os Russos entraram com Marcelo aparentemente grogue na maca.

— O que deram a ele?

Me aproximo e Marcelo me estende a mão. Seus olhos não fixam os meus. Nesse instante, John dispara a falar:
— Desde que você e aquela maldita pirralha entrou em nossas vidas as coisas pioraram. Eu o considero meu sangue, mas o pai nunca flertava tanto com o fracasso quanto Marcelo faz agora. Você, Valentina e aquele pai viciado dela... Declarar guerra armada no meio de Nova York como se fossem os anos cinquenta? Fazer alianças com traficantes menores só pra assegurar dominância onde há décadas já dominamos? Tudo isso por vingança. Não há outra explicação para essa onda de azar. Sempre temi por minha família e Caesar nunca nos deixou em perigo. Não sinto o mesmo com Marcelo. No modo como ele conduz as coisas, andando sobre a linha bamba do controle que pode perder em segundos. Isso me preocupa. Preocupa muito! Mais do que ocasionalmente Caesar fazia com suas preferências sexuais perigosas.
Checo o pulso de Marcelo enquanto o tagarela continua falando em tom nostálgico:

— Como advogado, aquela parte da vida do meu chefe nunca foi da minha alçada, porém, eu me lembro de como meus pelos arrepiavam ao notar a maneira que ele olhava te olhava. Um adolescente a trabalhar na propriedade. E o jeito que olhava para a sua mãe quando ela estava debruçada sobre as rosas ou sobre a mesa enquanto o servia. Tem muito de Caesar em Marcelo, e ao mesmo tempo ambos são tão diferentes... Duas gerações, um único reino. — ele cospe no chão e prossegue. — Ludwig, você é um problema. Valentina é um problema. Aquele homem feito te cobiçava, sabia?

— Cala a boca, John. Você já está delirando.

John me ignora e continua com seus devaneios.

— E agora, você está aí, a rondar a mansão como um fantasma, segurando um fuzil atrás daquela vadiazinha que o Marcelo se casou.

Um breve silêncio perdura. Quase tive esperança de que ele se calasse.

— Pensa que não percebi o seu ódio quando achou que a menina era jovem demais para Marcelo? Não é preciso ser um gênio para ligar os pontos. E ainda tem esse estratagema sem sentido de Marcelo contra Mikhail Kozlov e os Strauss. Essa vingança particular será nossa ruína, assim como a obsessão dele por essa garota.

John finalmente fecha a boca assim que escutamos uma chuva de tiros. Os desgraçados saem apressados e para ver o que está acontecendo e deixam a porta entreaberta.
Muito bom, sabia que podia contar com vocês!

— Marcelo , consegue se levantar? Preciso que se levante. Vamos para casa.
Coloco seu braço em volta do meu pescoço e seguro pela cintura, levantando-o da maca.

— Ele está sob efeito de medicamentos. Como acha que vamos sair com ele nesse estado e com um bando de homens armados lá fora? Se quer morrer com ele, morra sozinho, tenho mulher e filha que aguardam meu retorno.

Ele olha para Clark com lástima, em seguida sai correndo. Eu seguro Marcelo ainda mais firme e caminho para fora, o arrastando.

No interior da casa, não vejo ninguém, sigo com cautela até a porta e vejo corpos estirados na entrada da casa. Não vejo mais John que fugiu como um covarde.

Quando piso do lado de fora, um dos russos aparece ferido e tenta me agredir. Desvio dele, ainda segurando Marcelo. Meu oponente tenta sacar a arma e dou uma sequência de chutes, impedindo que ele a pegue. Aproveito o corpo do Clark o uso em meu favor. Pego a arma do maldito e atiro em suas coxas fazendo ele cair gemendo de dor.

Nesse instante, o suposto russo começa a gritar sem sotaque e o seu perfeito inglês se fez presente. Fico confuso, mas foco em Marcelo.

— Aguenta firme, logo estará em casa. Precisamos voltar, Valentina pode estar correndo perigo.
Marcelo se vira todo sorridente e, mesmo dopado, evidencia seu lado psicopata.

— Valentina está bem, não corre perigo algum. Luke está encarregado da segurança dela. E tenho mais um monte de homens que serão seu escudo se for necessário. Mas que porrä você fez, hein? Não notou que foi tudo planejado por mim? Esses homens são meus, e você com seu plano estúpido matou boa parte deles. Não me olhe com essa cara, Erik. Eu precisava descobrir qual de vocês era o traidor. Só não esperava que John além de traidor, fosse covarde.
Ouvir isso fez meu interior se reverberar.

— Depois terei que conversar com esses homens inúteis. Eu avisei que não era para fazer nada que você mandasse. E eles mataram quase todos que trouxe comigo. Vamos embora, quero descansar e ver minha mulher. Também tenho que acertar as contas com aquele bundão.
Ainda não encontro palavras para expressar o meu ódio e confusão diante dessa situação.
— Vamos lá! Já disse pra parar de me olhar com essa cara. Me leve logo até o Igor pra ele cortar esse efeito sonolento de mim. Bom trabalho, Ludwig. Logo estaremos em casa.
Logo em seguida, uma Mercedes preta surge pela estrada. Ele se apoia em mim e começa a caminhar em direção ao carro que está à sua espera, como se aquilo fosse tão natural quanto o ar que respiramos

— Anda logo, Erik, aumente esses passos.
Caminho até o carro, ajudo ele entrar e voltamos para o aeroporto.

♣ ♥ ♠ ♦ Contínua no próximo capítulo. ♣ ♥ ♠ ♦

Sem EscolhaWhere stories live. Discover now