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Fiquei encarando aquela mulher, parada na minha frente, com as mãos apoiada na massaneta da porta.

Eu jurava por Deus, se ela viesse pra cima de mim, eu iria tacar essa bendita cadeira em que estava sentada, nela.

— Você é uma graça. Uma gostosinha.

Elogiou ela, me analisando. Aquele humor sombrio me dava arrepios.

Ignorei-a, tragando a saliva.

—  Qual é o seu nome mesmo?

— Gabriela.

— Um bom nome de puta.

Gargalhou ela.

Eu estava com vontade de voar no pescoço dessa desgraçada.

— Qual é o seu sobrenome, docinho?

— Você não tem uma ficha, um dociê, vocês não são profissionais? Veja lá.

Rebati.
Estava raivosa.

Ela semi-serrou os lábios, dando um sorrisinho.

— Atitude. Gosto disso. Gosto de feras. Indomável.

Mais uma vez aquele tom irônico. Eu ia matar essa mulher.

— Não sou fera, nem indomável.

— Então, me diga, docinho, qual é o sobrenome?

— Malvarone.

Mais uma vez ela gargalhou.
Mas dessa vez não parava. Parecia que ela estava bêbada, ou sobre efeito de algo.

— Sua mãe é uma delícia na cama, mas nada, nada, superava seu pai. Eles eram uma delícia!

Na hora em que ela falou isso, senti nojo, uma ânsia, um desgosto.

Meus pais eram tão.. tão.. não sei. O que mais será que eles escondiam de mim? Como eles conseguiam frequentar aquele lugar?

Meus olhos se encheram d'agua e eu engoli em seco, novamente, ainda não era hora de chorar.

Levantei a cabeça e olhei firme para ela. Ajeitei minha postura na cadeira e cruzei meus braços, em silêncio.

Olhando de relance, vi que ela fechou um pouco a cara ao perceber que não havia me atingido.

Ponto pra mim.

— Então, vamos meu doce, vamos conhecer o seu novo lar.

Me chamou, após ficar sem graça.

Levantei e ela puxou uma manta preta do bolso, veio até mim e colocou sobre meus olhos. Vitória amarrou minhas mãos, juntas e, por fim, foi puxando meu braço.

Senti um vento gelado e logo depois abaixaram minha cabeça, me fazendo sentar em um banco.

Senti quando o carro começou a andar. Tudo em absoluto silêncio.

(...)

Eu estava com medo e muita vontade de chorar, estava anestesiada, não conseguia esboçar reações, nem negativa e muito menos positiva. Minha ficha ainda não tinha caído.

O carro parou de se movimentar, senti puxarem bruscamente meu braço e levantei, saindo. Já do lado de fora, foram puxando novamente pelo braço, me direcionando à andar.

Meu braço doía muito, e eu resmungava baixinho.

Não conseguia ver nada e estava morrendo de medo, minhas mãos suavam e meus braços estavam pinicando com o demetrio que amarrava meus pulsos, precisava coça-los.

Que agonia! Que tortura!

La putaWhere stories live. Discover now