Eu estava exausta, não era fácil essa vida. Eu também não esperava que fosse.
Tomei um banho demorado e desci para comer algo, estava morta de fome. Fui para a cozinha, passando pelas meninas. Paloma e Manuela logo vieram logo em seguida.
— Patrícia quer comer seu fígado.
Manuela avisou assim que entrou.
Olhei para ela e arqueei minha sobrancelha.
— Que?
Perguntei, totalmente confusa.
— Ela tá com ciúmes da Vitória. Porque ela elogiou você. Ela é louca com todas que chegam, tem nóia.
Paloma explicou, abrindo a geladeira e colocando água em um copo.
— Porra doida. Eu não fiz nada pra ela. Ela nem precisa desses ciúmes, não gosto de mulher e..
Paloma tossiu, se engasgando com a água e nós duas caímos na gargalhada.
— Oi, Gabizinha?
Ela perguntou, ironicamente.
— Sua babaca, não gosto de mulher, á não ser que eu seja paga, né? Zero escolha.
Expliquei, rindo.
Manuela fez uma expressão confusa e começou a amarrar seu cabelo em um coque.
— Ih, suas estranhas. O que eu perdi?
Ela perguntou, curiosa.
— A gente fez um programa duplo com um gostosão lá, na estreia da Gabi.
Paloma explicou e caminhou até a bancada pousando o copo. Corei.
— Ahhh, agora entendi. Danadas!
Ela falou, fazendo uma careta e rindo.
— Aí gente, chega. Vamos comer, to morrendo de fome.
Me pronunciei, botando a mão sobre a barriga.
— Bora!
Manu gritou.
— Comida, comida, comida..
Paloma repetiu, imitando um zumbi e nós rimos.
(.....)
Mirela tinha preparado macarrão com queijo, estava uma delícia. Me servi um pratão e comi como se não houvesse amanhã.
Você sempre como se não houvesse amanhã, bém - meu subconsciente se meteu.
— Cala a boca, inferno.
Sussurei sozinha.
Achei que havia faladi baixo mas as meninas escutaram e me olharam sem entender. Eu comecei a dar risada, totalmente sem graça.
Elas se entre-olharam e riram também.
— Tão linda essa menina Gabriela, pena que é desgraçada da cabeça.
Paloma comentou, ironizando.
Ri mais ainda junto com as outras e mandei dedo para ela.
(....)
Quando olhei no relógio da cozinha, marcava 4:50 da manhã, me assustei e dei boa noite para as meninas.
Subi e fui para o banheiro, lavei meu rosto e escovei meus dentes, logo, fui pro quarto e me deitei. Precisava dormir, estava muito cansada.
Rolando pela cama, me perdi em meus pensamentos. A boca de Gustavo, o soco na parede, os olhares, a redução dos meus clientes, o tapa, a menina no apartamento, tudo se passava como um filme na minha cabeça.
Eu começava a plantar na cabeça dúvidas que não deveriam existir.
Qual era o verdadeiro? O que me deu remédio e cuidou de mim ou aquele carrasco? Os olhos dele diziam uma fração de coisas boas e a imagem, coisas ruins.
— Monstro, Gabriela. Isso que ele é. Chega.
Repeti a mim mesma, me dando por vencida.
Dito isso, virei-me para o lado e apaguei.
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La puta
RomanceGabriela, uma menina de 20 anos, se vê completamente perdida ao descobrir que sua vida foi uma grande mentira. Forçada a se prostituir para pagar uma dívida deixada por seus pais, ela acaba encontrando paz em situações inesperadas, entrando assim, e...