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• Casa dos Berroflat •
(Narração extra)

— Cecília, isso é loucura.

— Não! Eu vou conversar com Rosana sim, nós vimos aquela menina crescer. E agora lá, naquele lugar? Não Patrício, está tudo errado!

— Isso não é problema nosso, querida, por favor, entenda..

— Patrício, como não? Está se ouvindo? Rosana é nossa ajudante mais antiga. Imagina? Esconder que sua filha está trabalhando como garota de programa. Eu, eu, não consigo, isso vai me assombrar a noite, os dias. Simplesmente não, não vou conseguir!

— Cecília, você não é dona dos problemas do mundo.

— Mas isso não é um problema do mundo. É nosso, fomos nós. Pare de fingir que não se importa tanto quanto eu. Oh céus, como vou contar isso a ela?

Cecília caminhou até sua cama e sentou-se nela, pensando. Patrício fez o mesmo, sentando-se ao lado de sua mulher apreensiva.

— Não conte, amor, tente esquecer. Vamos, eu sei que consegue. Que tal uma massagem e um chuveiro comigo?

Cecília levantou seu olhar, indignada e tirou a mão que seu marido tinha posto sobre as suas coxas, levantando.

— Não haja com egoísmo, Patrício. A consideração que tenho por Rosana, como fica? Ela é nossa a tanto tempo, já nos fez tantas coisas boas e aquela menina... Céus!

Cecília e seu marido eram boas pessoas. Mas, com o modo de pensar totalmente diferente, em tudo. Talvez, esse seria o motivo de um casamento tão longo. Patrício, semi-calculista, centrado, na dele, fixo a razão. Cecília, cuidadosa, expressiva, intensa, fixa ao coração.

Os dois decidiram dormir, por fim, naquela noite. No fundo, ele sabia que não conseguiria tirar da cabeça de sua esposa a decisão de contar. Tomaram seus respectivos banhos e se deitaram juntos, assim, adormecendo.

Já no dia seguinte, onde pouco se havia pregado os olhos, a mulher de Patrício, acordou assim como uma pilha.

O marido já tinha saído para trabalhar e Cecília desceu para tomar café. Ela deu de cara com Rosana, preparando a mesa, em sua sala de jantar.

— Olá! Bom dia, dona Cecília. Me adiantei com a mesa, coloquei tudinho o que senhora gosta. As frustas estão fresquinhas, comprei agorinha.

— Bom dia, Rosana.

A voz agoniada de Cecília, o tom encurtado, a palidez e as olheiras, preocupou a empregada.

— A senhora se sente bem? Está um pouco pálida.

Ainda de pé, a encarando pensativa, Cecília solta um longo suspiro.

— Precisamos conversar.

— Claro, eu fiz algo errado?

— Não, talvez não. Ou sim? Oh.. Rosana, não sei, é sobre Gabriela.

— Gabri... ela? Mi, mi, minha filha?

Foi a vez da empregada ficar pálida. Cecília assentiu.

— Venha, querida, por favor.

As duas caminharam para o escritório e adentraram nele.

Já lá, o silêncio predominou entre duas mulheres totalmente nervosas. Cecília, que achava que contaria um segredo perturbador a uma mulher inocente. Rosana, que sabia que essa história tinha um desenrolar tão culposo mas que, em seu coração de mãe, tinha tanto desespero para saber notícias sobre uma filha perdida por sua irresponsabilidade de jovem rebelde.

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora