51

57K 3.7K 139
                                    

Revirei meus olhos e dei de ombros, não ia responder ela, não interessava o que eu estava fazendo. A vida ainda era minha.

Caminhei até a cama e abri a caixa de sapatos, peguei a sapatilha de linho, branca e pus as mesmas em meus pés, em silêncio. Prendi meus cabelos, em um coque alto e passei desodorante.

Senti olhares sobre mim e passei meus olhos por cada uma. Elas disfarçaram e começaram a fazer outras coisas.

Menos mal.

Eu estava totalmente formal, chegava a ser cômico. Roupa de seda, branca e cinza, sapatilha de linho, branca e deverju na cabeça, segurando os fios do cabelo em um coque, branco. As meninas estavam iguais, pareciamos dálmatas, apenas de preto e branco.

— Vamos descer, meninas.

Paloma chamou, assim que terminou de amarrar sua sapatilha.

Saímos do quarto e descemos as escadas. Os chefes nos olharam e levantaram-se do sofá.

Gustavo passou direto, abrindo a porta e parou nela, nos olhando.

— Estou indo na frente. Vitória, confira se não está faltando nada e verifique elas. Se estiver tudo correto, leve elas para van. Vocês, eu não quero gracinhas. Vitor, vem comigo.

Ele ordenou, rápido e saiu. Vitor logo foi atrás.

Vitória revistou todas nós e conferiu nossas respectivas roupas. Ao me revistar, ela deu uma leve apertada na minha bunda.

Confesso que, queria dar um soco bem no meio da cara dela.

Respirei fundo e fechei a cara.

Ela terminou de conferir as meninas e levou a gente até a van. Saímos de casa uns trinta minutos depois.

O caminho todo foi silencioso.

Fiquei encarando o lado de fora da janela e minha mente flutuou. Comecei a pensar na minha mãe, no sorriso dela, nas brincadeiras que nós fazíamos, na cumplicidade que a gente tinha. Pensei no papai também, o homem maravilhoso que eu achava que ele era. Meu herói que virou meu vilão e minha heroína, que virou minha vilã, a maior delas, talvez.

Acordei dos meus pensamentos com a van parando. Abriram a porta da van e todas nós saímos. Estávamos em um estacionamento.

Mas calma aí, pera lá, eu conheço esse estacionamento. Jesus amado!

Fitei o lugar, verificando. Eu tinha certeza que era o mesmo estacionamento. No caso, a recepção ia ser naquele apartamento.

Os seguranças nos chamaram e fomos caminhando. Entramos na parte lateral, que dava para as escadas. A parede, me fez lembrar daquele dia e acabei soltando uma risada baixa.

Foi bem ali... ah!

Balancei minha cabeça, me livrando daqueles pensamentos idiotas.

— Está nervosa?

Perguntei para Paloma, que subia as escadas devagar.

— Não, nós já fizemos isso, é uma chatice. Você está?

— Um pouco.

Respondi.

Nos calamos e prosseguimos subindo. Quando chegamos na porta, eu tive a certeza: Era o mesmo lugar.

Bingo!

Ficamos paradas alguns minutos e logo, abriram.

Uma senhora, aparentava seus 60 e poucos anos, sorriu, dando passagem.

— Vocês chegaram, que bom. Boa noite.

— Boa noite.

Respondemos em coro.

Ela nos direcionou a cozinha. Arrumamos tudo e deixamos organizado a maioria das coisas. Ela foi explicando como funcionava tudo. O meu dever ali, era passear pelo salão, oferecendo e servindo.

La putaWhere stories live. Discover now