La puta

26

Ele me encarava com ódio no olhar e firmeza na arma. Seu sorriso irônico tinha desaparecido completamente.

Tensão!

Precisava fazer algo mais profundo ou ele iria machucar a Manuela e eu ia junto agora, já que havia acabado de me colocar no barco.

Vamos lá!

Ajoelhei em sua frente, ainda encarando seus olhos.

— Você ama alguém na sua vida? Deus, sua família, se você tiver uma, não sei, mas pelo amor de alguém, se você tiver algum sentimento, por favor, para. Ela vai te devolver seus honorários e gorjetas. Não vai, Manuela?

Manuela assentiu rapidamente.

— Então, ela te devolve e nunca mais vai fazer isso. Não é, Manuela?

Ela olhou pra ele, desesperada.

— Não, nunca ma..mais. Nunca mais!

— Por favor! Por favor!

Agarrei-me nas penas dele.

— Por favor, por favor, pelo amor de Deus. Pelo amor de alguém.

Que cena bizarra!

O que eu estava fazendo era humilhante, eu nem conhecia aquelas meninas para tal coisa. Na verdade, eu não estava nem pensando, só não queria em tão pouco tempo ver alguém morto.

Ele ficou alguns minutos me encarando, parecia pensar.

— Solta a minha perna, levanta daí, agora.

Mandou.

Gustavo olhou para as meninas de relance e logo, fixou seu olhar em mim.

Ok, já sabia, vou morrer, obrigada Deus, pela oportunidade de passar no mundão!

Como um jato, ele balançou a cabeça, se desviando e abaixou a arma. Gustavo se virou  e saiu, batendo a porta.

— Yes! Meu Jesus, você é top. Deus, você é show de bola.

Gritei, agradecendo com as mãos e tentando achar ar.

— Gente, o que foi isso?

Perguntou Paloma, com os olhos arregalados.