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Nós já estávamos prontas pra mais uma noite. Vitória olhava impaciente pro relógio, Vitor havia sumido.

— Puta que pariu. Eu não tenho um irmão, eu tenho uma mula de sangue, porra!

Esbravejava ela, olhando a tela do celular e com um cigarro entre os dedos.

Segurando meu copo de água, passei os olhos pela sala, Paloma também não estava ali.

Andei até a cozinha e pousei o copo, voltei e passei pela sala devagar. Subi as escadas e fui em direção ao quarto. Abri e não havia ninguém, voltei e caminhei até o escritório, quando ia tocar a maçaneta, a porta do banheiro, no final do corredor, abriu, Paloma, com os cabelos bagunçados, arregalou os olhos ao me ver. Ela estendeu o cotovelo, empurrando um corpo para trás da porta, mas rapidamente uma cabeça apareceu, sorrindo.

Dei uma gargalhada, sem me conter.

— Amiga, não é o que você tá pensando.

— Não, é muito mais.

Disse Vitor, beijando o pescoço dela.
Ela socou sua barriga, correndo até mim.

— Ele é um.. um.. um... Não é isso, eu..

— Amiga, calma, eu não vi nada. Sua irmã tá lá embaixo e acho que você vai morrer.

Vitor fez careta.

— Puta que pariu, que horas são?

— Não sei, mas você tá atrasado e a senhora também. Você desce, enrola ela e você vem comigo ajeitar esse cabelo.

— Gabizinha, eu te amo.

Agradeceu ele com as mãos.

Puxei Paloma e levei ao quarto. Ouvimos vários gritos de Vitória e Vitor. Quando descemos, tudo já estava calmo, então, seguimos pra boate.

Chegamos bem tarde, o movimento do bar era enorme e só haviam algumas meninas. Milhares de olhares se voltaram à nós assim que pisamos na pista. Eu e as meninas seguimos até o quarto dos pedidos. Assim que ia entrar, meu braço foi segurado.

— Você é Gabriela?

— Sim?

— Vem comigo.

Fui sendo conduzida, até que vi Vitor. Ele falava com os funcionários, nervoso. O segurança chegou comigo e ele veio até nós.

— Gabriela, vai até o escritório, tem uma roupa encima da mesa, você vai ocupar o lugar de servir as mesas de novo. Tira a maquiagem no banheiro de trás, faz tudo rapidinho, a casa tá cheia.

Ele deu uma pausa, explicando outra coisa à um funcionário ao lado. Depois olhou pra mim novamente.

— Vitor, como assim? De novo?

— Sim, não são ordens minhas, não questiona, só vai.

— São ordens de quem, Vitor?

Ele novamente olhou pro lado, explicando outra coisa, interrompeu a conversa e me olhou.

— Gabizinha, por favor, não me pergunta nada, só faz o que eu to mandando.

Ele suplicou, me dei por vencida pelo fato dele estar atolado de dores de cabeça.

Mas depois ele vai me explicar isso, ahh, se vai!

Fui caminhando pela boate em direção ao escritório, eu estava super-pensativa com aquilo. Era a segunda vez que me colocavam pra servir, aí tinha!

Senti um puxão no meu braço, interrompendo meus pensamentos.

— Você é uma puta, não é? Vamos subir agora.

Um homem, com aparência de 40 anos, bafo de cachaça e toda arrogância do mundo apertava meu braço.

Puxei um pouco e encarei-o.

—  Boa noite, senhor. Não estou atendendo mas o senhor pode ir por ali e fechar com uma de nossas meninas. Por favor, pode me soltar?

— Eu quero te comer agora, sua vadia, vamos.

Sacodiu meu braço, eu tentei puxar mas me machucou mais.

— Eu já disse que não estou atendendo, me solta!

Gritei, aquilo realmente estava me machucando.

— Quem você acha que é pra gritar comigo, sua puta?

Ele gritou de volta, senti meu rosto arder e cai sobre o chão, gritando.

Uma multidão se formou e Gustavo saiu de trás de segurança. Ele pegou pela blusa do homem e socou o rosto dele.

— Seu maldito, quem você pensa que é pra bater nela? Filho da puta.

Ele socou novamente o rosto do homem, e ele caiu, Gustavo ô chutou e eu levantei.

Os seguranças seguraram Gustavo, o homem já se encontrava cheio de sangue. Vitor apareceu também, gritando:

— Calma Gustavo, chega.


La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora