A pousada em que ele estava era bem distante. Dirigi durante uma hora e meia, quando cheguei, já era final da tarde.
Dei uma passada de olho pelo lugar, respirando fundo. Eu me tremia por inteiro. No caminho, havia comprado umas flores, as mesmas que ele havia me dado, como pedido de desculpas e um vinho.
Entrei pela recepção, era algo bem simples e aconchegante. Um senhor me encarou, atrás de um balcão.
— Boa noite, filha, deseja algo?
Ele se pronunciou, com a voz arrastada.
Me aproximei um pouco, sorrindo.
— Boa noite, senhor. Eu gostaria de saber se o senhor Gustavo, do duzentos e..
Parei, estendendo o papel entre os dedos para ler.
— Duzentos e quatro?
— Sim.
Ele riu.
— Olha, que má sorte. Ele acabou de sair, ele corre todos os dias esse horário e compra pão. E olha, mocinha, só volta depois de umas duas horas.
Avisou ele.
— Ah!
Tive uma grande idéia.
— Claro, claro. Eu sei, inclusive, sou a faxineira que ele contratou para limpeza. Pode me dar as chaves?
O senhor arqueou as sobrancelhas, olhando para as flores a sacola de vinho na minha mão, desconfiado.
— Ele não deixou nada avisado. Eu não posso dar as chaves assim.
Respondeu.
Eu tinha que ser mais esperta. Pensei um pouco e entortei os lábios.
— Oh! Que pena, o senhor Gustavo queria tanto que tudo estivesse arrumado para receber a nova namorada. Ele me mandou comprar tudo isso para a surpresa, ele irá ficar frustrado! Talvez, até irritado, sabe? Estragaremos a surpresa! Uma pena!
Usei da minha última arma. Terror psicológico.
Vai Deus, ajuda!
O senhor ficou me encarando e eu decidi desistir, ajeitei minha bolsa e dei as costas.
— Menina, menina! Tudo bem, não podemos estragar a surpresa, né? Toma. Aqui!
Ele me gritou.
Agradeci a Deus em pensamentos e juro que havia dado um grito interno enorme.
Caminhei até ele e peguei.
— Obrigadinha.
Falei, animada e dei um beijinho em seu rosto. Ele sorriu, vermelho.
Subi as escadas de madeira da pousada e logo vi a porta. Abri e o cheiro de Gustavo invadiu meu nariz. Sorri na mesma hora, fechando a porta atrás de mim.
Tudo ali me lembrava ele, tudo. Ali tinha: um banheiro, uma pequena cozinha improvisada, porém linda. Uma pequena salinha, com tv e uma mesinha de centro, um corredor e o quarto. Tudo muito sofisticado, azul e preto. Estava tudo organizado.
Mexi em seu guarda roupa, cheirando as camisas e, encima de sua cama, havia um notebook aberto. Olhei para a tela acesa e meu blogue estava aberto. Arregalei os olhos ao ver que o arroba de Gustavo se chamava "O". Era ele!
Sorri mais ainda. Como eu ô amava.
Respirei fundo e fui até a cozinha. Coloquei minha bolsa encima de uma cadeira.
Procurei duas taças e despejei o vinho, colocando na mesa, juntas. Despedacei o buquê e fiz um caminho da porta de entrada até o meio da sala com as pétalas. Tirei meu casaco, meu vestido e o salto, ficando apenas de lingerie.
Quando terminei de organizar tudo, apaguei as luzes.
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La puta
RomanceGabriela, uma menina de 20 anos, se vê completamente perdida ao descobrir que sua vida foi uma grande mentira. Forçada a se prostituir para pagar uma dívida deixada por seus pais, ela acaba encontrando paz em situações inesperadas, entrando assim, e...