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Os dias foram se passando. Os meses também. Dia 27 de outubro de 2015, o último dia em que tentei ver Gustavo, pela 29° vez, eu fiz o pedido e ele recusou. Foi doloroso para mim entender e ser arrancada, mais uma vez dele e dessa vez, por ele mesmo.

Eu havia virado uma máquina com o passar do tempo, me enterrei em todo trabalho possível e crescimento pessoal. Tinha me permitido ajudar pessoas com meu blog que crescia a cada dia mais.

Eu ajudava as pessoas a se reecontrarem, como uma psicóloga virtual e aquilo preenchia o vazio da única pessoa que eu não conseguia ajudar de jeito nenhum: Eu.

Paloma, sempre presente, me deu seu filho como afilhado, eu me dedicava totalmente à Miguel, ele era uma criança linda e amorosa.

Edgar se aproximou bastante também, mais do que já era e depois de onze meses, voltei a transar com ele. Nós não tinhamos nada, absolutamente nada afetivo, transavamos e éramos amigos.

Acabei comprando um apartamento, não que a minha mãe fosse ruim de morar mas eu precisava do meu espaço. Mobilhei tudo do meu jeito e fiz dali meu lar.

Minha independência era completa, havia crescido bastante, hoje eu me sentia outra mulher, em uma nova fase.

Dois anos e meio depois.


Bebendo meu café, eu olhava meu jornal pela manhã, 6:30 marcava meu relógio de parede. As notícias passavam, enquanto eu mordia minha torrada.

O interfone do meu prédio tocou e eu larguei a xícara de café encima da mesa, caminhando até ele.

—‎ Quem é?

—‎ O mais gostoso.

Apertei o botão de entrada.

—‎ Abriu, Edgar?

—‎ Sim.

Coloquei o interfone no lugar e fui até a mesinha. Terminei de colocar a torrada na boca e peguei minha xícara de café novamente. Caminhei até a porta e virei as chaves, abrindo. A careta de Edgar saiu do elevador, sorrindo.

—‎ Quem consegue ser feliz essa hora da manhã?

Perguntei, revirando os olhos e dando as costas.

Ele gargalhou e foi fechando minha porta.

—‎ A pessoa que te vê nesse baby doll, puta que pariu, impossível não ser feliz.

Olhei para trás e sorri. Fui até a cozinha e joguei a xícara na pia.

—‎ Tem café ali, vou me arrumar.

Avisei, passando por ele. Edgar segurou minha cintura e me levou até ele.

—‎ Será que não dá tempo de uma rapidinha?

Empurrei seu corpo, tirando as mãos dele de mim.

—‎ Não, temos reunião às 7:10. Estamos atrasados, inclusive.

Ele bufou.

—‎ Eu odeio meu trabalho.

—‎ Eu amo meu trabalho.

Rebati, piscando e subindo as escadas.

Às 7:15 chegamos ao escritório. O pessoal já estava todo pronto pra reunião. Edgar falava e eu anotava todas as coisas importantes. Quando terminou, fui até a minha mesa e entrei em meu blog. Havia algumas mensagens na caixa de entrada, mas uma específica me chamou atenção.

"Querida Gabriela, comecei a ler a sua coluna recentemente, a ponto de escrever para pedir um conselho a respeito de uma mulher a quem eu amo mais que tudo na vida, sinto ela muito longe de mim, eu acabei causando isso. Passou bastante tempo mas meu sentimento por ela continua incólume, mas ao tentar uma aproximação indireta, vi que as prioridades de sua vida são outras, como por exemplo a carreira. O que eu sei é que eu ainda á amo, não sei esquece-la e gostaria de saber o que eu posso fazer para voltar a caber na vida dela? Que tipo de homem devo me tornar para merecer de volta o grande amor da minha vida?"

Ao terminar de ler, as lágrima desceram de meu rosto. O texto do homem, em que tinha o user demominado por "O", havia mexido bastante comigo. O sentimento que ele colocou ali me emocinou completamente e me fez pensar em partes da minha vida que eu havia combinado de esquecer.

Minimizei o texto dele para responder mais tarde, e peguei meu telefone, ligando para Paloma e marcando um almoço.

Quando deu meu horário, arrumei a mesa e avisei Edgar que estava saindo. Fui até a garagem, peguei meu carro e fui até a sorveteria, comprando o sabor predileto de Miguel, depois, fui direto para Paloma.

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora