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— Gabriela, me escuta.

— Não, me escuta você, voce é noi..

Gustavo me interrompeu, tampando minha boca com as mãos.

— Não, agora você vai me escutar. Eu já te escutei demais, fica quieta.

Ele ordenou, rígido.

— Eu quero te deixar em paz. Eu queria, eu me esforcei por algumas horas. Sim, porque foi só isso que eu aguentei e tenho aguentado ficar longe de você. Eu simplesmente não consigo. Quando te vejo, mesmo com um milhão de pessoas ao lado, parece que só tem você. Quando fui viajar, só pensava em você. Não toquei na Júlia. O jantar de apresentação foi horrível, ela só vivia chorando. Eu ligava pro Vitor todos os dias mandando ele não deixar você subir com ninguém. Mandava ele inventar, demitir alguém e te colocor como qualquer outra coisa, menos como prostituta. Isso não diminui nada, eu sei. Mas eu morro todos os dias, o feitiço virou totalmente contra mim, eu to fazendo contas atrás de contas pra te liberar. Não aguento mais ver você aqui, como eu sendo seu sacrificador. Eu não consigo controlar isso que eu to sentindo, tá aqui.

Gustavo pausou, agarrou minha mão e colocou entre o peito dele. O coração de Gustavo batia tão forte quanto o meu e suas mãos estavam geladas.

— Gabriela, eu não consigo olhar pra você e não te tocar. Seu olhar me puxa e seu corpo, tão receptivo, me pede, eu sei que pede. Sua voz tem domínio sobre as minhas ações. Não raciocíno quando você tá perto. E agora, eu estou aqui, igual um adolescente, fazendo esse papel simplesmente pelo fato de não conseguir controlar a vontade que eu estava de te falar tudo isso. Você tá conseguindo me entender?

Ele perguntou, eu não conseguia responde-lo.

Estava surpresa, emocionada. Uma mistura de sentimentos me envolviam. Eu tremia.

Era a segunda vez que Gustavo se expressava pra mim, mas nunca tinha entrado tão à fundo.

— Gustavo, eu. eu. eu que..

A porta se abriu e Vitor colocou a cabeça pra dentro. Levamos um susto. Puxei minha mão o mais rápido que pude e nos afastamos.

— Achei vocês, então, será que a gente pode fazer aquela reuniãozinha agora?

Perguntou ele.

Assenti nervosa e Gustavo caminhou até ele.

— Sim, vamos.

Seguimos o corredor e entramos no escritório.

Patrícia, que estava lá, apenas nos olhou e saiu de pressa. Suspirei, aliviada.

Gustavo puxou uma cadeira e me olhou. 

— Obrigada.

Agradeci, sentando.

Ele passou para o outro lado da mesa, e se acomodou em sua cadeira. Nos viramos para Vítor, que ficou em pé.

Ele sorria, um sorriso bastante alegre e eu já estava super-nervosa com seu silêncio.

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora