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Ele ficou em silêncio por alguns minutos, sem me encarar. Parecia pensar em alguma maneira de começar a falar.

Levei minhas mãos até seu rosto e puxei devagar para cima. Ele então, me encarou, pegando minha mão que estava em seu rosto e beijando.

— Não quero que você venha aqui, nunca mais.

Ele soltou a bomba. Seu olhar entrou em mim. Meu corpo se estremesseu.

— O que? Você está louco?

Perguntei, indignada.

— Gabriela, isso aqui não é lugar para você. Eu preciso cumprir essa pena e não sei quanto tempo isso pode demorar. Você precisa crescer, como pessoa, você é nova..

— Para! Para de falar isso, para de me colocar pra fora da sua vida, sempre. O meu lugar é com você, não importa o tempo que eu tenha que esperar. A gente dá um jeito, eu sempre visito você, nós damos um jeito.

Gustavo apertou os olhos e sorriu de lado. Logo ele fechou o rosto. Sua angustia estava transparente.

— Eu não posso te sentenciar junto comigo. Não é justo, entende? Eu tirei tudo o que você tinha e agora você precisa continuar.

— Isso não é uma sentença pra mim.

— Eu não posso fazer isso com você, de novo.

Fiquei um tempo parada, pensando. Respirei fundo e engoli em seco.

— E justo pra você seria o que? Eu sofrer? Você acha que vou te esquecer?

— Justo seria você tocar sua vida, se encontrar novamente. Você pode tentar.

— Será que você sabe mesmo o que é o amor, Gustavo? Pra achar que vou te esquecer por distância.

Gustavo subiu as mãos e alisou meu rosto, dando um sorriso amargo.

— Eu não sabia o que era, até você chegar. Eu realmente não sabia. Mas agora eu sei e por te amar tanto, eu estou te liberando, meu amor.

Meus olhos se encheram de lágrimas. Ele estava relutante.

— Gustavo, não..

Chamei, pedindo com o olhar. As lágrimas desceram. Ele abaixou a cabeça e apertou os olhos.

— Você vai ser muito feliz.

— Eu vou vir.

— Se você insistir, vou negar suas visitas.

— Gustavo não, por favor, não.

Eu me desesperei, abraçando ele.

Ele me apertou de volta.

Quando me dei conta, meu ombro estava todo molhado. Encarei seu rosto e ele chorava junto comigo.

Neguei com a cabeça. Nossos olhares se suplicavam. Fui limpando suas lágrimas e quando ia me pronunciar, um estrondo na porta tomou conta da sala. O guarda entrou, caminhando até nós.

— Eu te amo.

Ele sussurrou, me largando.

Neguei com a cabeça.

— Não, não.

— Acabou o tempo.

O guarda avisou, pegando no braço de Gustavo e colocando as algemas. Ele puxou  o corpo de Gustavo, fazendo minhas mãos saírem das suas.

— Se cuida.

Pediu Gustavo.

Assenti, limpando meu rosto.

Gustavo foi andando, na medida em que o guarda o empurrava para a porta.

Ele saiu e a porta bateu. Sentei na cadeira e me rendi ao choro.

La putaOnde histórias criam vida. Descubra agora