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(...)

O dia havia passado rápido. Vitor havia ficado pela casa o dia inteiro. As 21h todas nós estávamos prontas e logo, partimos pra mais um dia. Aquela agonia e tristeza sempre nos acompanhava pelo caminho. Era uma das sensações mais agoniantes e ruins que se podia ter.

Quando sentamos na cadeira, já na sala, me dou conta que Mirela não estava. Ela ainda não havia entrado e o expediente só começava se todas nós estivéssemos sentadas.

— Cadê a Mirela?

Sussurro para Paloma. Ela, que se olhava no mini-espelho, retocando o batom vermelho forte negou com a cabeça, dizendo que não sabia.

Me levantei e sai da sala, passei o olho pela boate e não á encontrei. Caminhei até o bar e chamei Valentim, o bar-men, com o dedo. Ele veio até mim.

— Oi, você viu a Mirela?

Perguntei, próximo ao ouvido dele devido a música alta.

— Ela bebeu uma dose aqui e foi em direção ao banheiro dos fundos.

— Obrigada.

Me despedi dele e segui. O corredor do banheiro dos fundos abafava o som alto da boate. Os graves balançavam um pouco as paredes mas dava-se pra ouvir melhor.

Entrei no banheiro e ouvi alguns barulhos de vômito. Fui em direção e empurrei a porta.

— Não, não entra, não.

A voz embargada de Mirela soou lá de dentro. A porta seme-aberta me deu a visão de duas carreiras do que parecia ser pó e um canudo entre os dedos.

O que?

Engoli em seco, nervosa e empurrei mais a porta, colocando a cabeça estendida pra dentro. O nariz dela estava sujo e em volta tudo estava branco. O rímel escorrido pelas bochechas e o banheiro todo vomitado. As pernas estavam dobradas no chão e os olhos caídos, cansados.

— Mirela, o que é isso? Meu Deus!

Perguntei, enquanto fazia força pra abrir a porta. Ela me olhou, descontrolada e deu um grito, fazendo força na porta.

— Sai daqui! Sai daqui agora, me deixa em paz!

A força que ela fez precionou meu corpo e eu tive que retira-lo. Assim que a porta bateu, ela trancou.

Dei alguns socos na porta.

— Deixa eu te ajudar. O que tá acontecendo? Deixa eu te ajudar.

— Eu não quero ajuda. Sai daqui, caralho. Sai daqui agora!

Minha garganta deu um nó. Pisquei os olhos algumas vezes tentando entender tudo aquilo. Eu tremia dos pés a cabeça. Estava supernervosa.

Fiquei alguns minutos parada, tentando abrir mas não tive sucesso e ela estava ficando mais descontrolada comigo ali.

Meu corpo saiu daquele banheiro enquanto minha mente ficava lá. Minha cabeça girava e eu caminhava enquanto a música invadia meus pensamentos. Eu não sabia o que tinha acabado de ver, ou o que tinha achado que tinha visto, sei que me perturbou.

Danilo pegou em meu braço, próximo ao bar, me fazendo levar um susto.

— Vitor quer falar com você agora, na sala dele.

Assenti. Respirei fundo, já na porta. Estava decidida á contar o que tinha acabado de acontecer.

— Com licença, Vitor. Mandou me chamar?

Vitor encarava alguns papéis.

— Sim, Gabi. Hoje um dos garçons passou mal. Como você já aprendeu a servir, hoje você vai ajudar com isso, no salão da boate.

— Vitor, aconteceu uma coi...

— Gabi, agora não. Preciso que se vista e que vá imediatamente pro salão.

— É porque é importa..

— Sua roupa tá ali, se troca e vem rápido, por favor, o salão tá sozinho. Não se preocupe que seu expediente vai estar na folha normalmente.

Me dou por vencida. Eu estava supernervosa, mas Vitor não iria me escutar naquele momento, ele parecia estar muito ocupado.

Quando voltei, já vestida, ele me levou até o balcão. Paloma me olhou, subindo as escadas e riu. Eu estava muito engraçada. Rabo de cavalo, blusa de manga branca, uma calça preta, larga, muito larga e sapatilhas preta no pé.

— Valentim?

— Fala, Vitão.

— Ela vai ficar no lugar de Theo. Dê as coordenadas pra ela. Rápido que a casa tá cheia.

(....)
Entramos e Valentim me explicou tudo. Logo, eu peguei a manha e fui servindo as mesas agitada. Cansava bastante, ficava pra lá e pra cá com as bandejas. O movimento daquela boate era enorme mas eu estava dando um jeito.

Mirela passou por mim algumas vezes e não me encarava, eu tentei ignorar, pelo menos ali.

La putaWhere stories live. Discover now