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[....]

Preparamos o almoço fofocando em como eu tinha derretido, em partes, o homem gelo, com ele dentro do freezer.

Patrícia entrou na cozinha do nada, toda arrumada. As meninas fizeram sinal para eu parar de falar, já que estávamos conversando. Ela estava de casaco, calça, cabelos soltos, muitos acessórios e com uma maquiagem bem pesada. Segurava firme uma mala enorme e estava com aquele sorriso cínico no rosto.

Ela passou por Manuela, torcendo o nariz e todas nós a encaramos em silêncio.

— Não precisa pôr meu prato hoje. Ah! Nem amanhã. Ah! Nem depois de amanhã e nem depois, assim segue, vocês, comendo nesse lixo.

Avisou, rindo e debochando. Paloma revirou os olhos.

— O que significa? Está indo embora?

— Quer saber da minha vida, Palominha? Não te interessa, fofoqueira.

Respondeu ela, com superioridade.

— Não, Patyzinha. Eu só queria saber se as minhas orações foram ouvidas e eu já posso ajoelhar para agradecer.

Patrícia tirou seu sorriso do rosto e se aproximou de Paloma, se posicionando em sua frente.

— Uma puta igual você, só se ajoelha pra fazer boquete e levar tapas na cara. Com esse seu ar de boa samaritana nunca vai chegar a lugar nenhum, nunca vai ser nada e vai morrer aqui nesse inferno, sem ver seu amado filhinho capeta e a velha maldita da sua mãe. Sua ralé!

Paloma nem esperou ela terminar de falar e agarrou em seus cabelos, dando dois tapas estalados bem na cara de Patrícia. Corri até ela, junto com Manuela e afastamos as duas.

— Paloma, calma, é isso que ela quer.

Manuela gritou, afastando Patrícia, enquanto eu segurava Paloma.

— Você vai se arrepender disso, sua desgraçada. Puta de quinta! Me solta você também.

Patrícia falava, segurando o rosto e mandando Manuela sair.

— Eu não tenho medo de você. Isso não é nada perto do que você merece. Nunca mais fala do meu filho, da minha mãe, eu te arrebento, acabo contigo, sua piranha. Você acha que é alguma coisa? Você não é nada. Lanche da Vitória. Substituível e descartável. Qualquer uma aqui tomaria seu lugar se quisesse, você deveria nos agradecer por ter caráter e não querer ela.

Paloma gritou de volta, tentando se soltar.

— Cala boca! Quem vai acabar com você sou eu!

— Vem!

Patrícia correu em direção de Paloma e eu entrei na frente das duas, elas se socaram, até que Manuela afastou Paloma e eu empurrei o corpo de Patrícia para trás.

— Chega, garota. Já chega de show, você não estava de saída? Vai então, chega!

Gritei. Ela encarou meus olhos, raivosa e torceu o nariz.

— O que é teu tá guardado. Sem amiguinhas!

Ela sussurrou para Paloma.

— Vamos ver que guarda mais. E elas te ajudaram, sua burra.

Debochou Paloma.

[....]

Puxei Paloma para sala, enquanto ela resmungava palavrões e desaforos. Aquilo tudo havia me assustado. Ela se sentou no sofá, com a cara pavorosa de ódio. Me sentei ao lado dela, sem saber o que falar.

Ia falar o que? E aí? Tudo bem? Óbvio que nada estava bem e ela queria matar um.

Só queria, nesse momento, ser aquele tipo de pessoa ótima em dar conselhos e que sabiam dizer a coisa certa, na hora certa.

Falhei nisso também!

Ela me encarou. Acho que fiquei tempo demais olhando para ela.

— Sua cara está ótima. Buh, tá com medo de mim, é?

Brincou ela, dando uns risinhos.

— Palhaça... Que babado, o que foi aquilo?

— Aquilo foi uma cobra destilando veneno. Deixa essa vadia pra lá, depois eu meto a mão na cara dela. Agora, eu que te pergunto, o que foi aquilo?

— O que?

— O que? Sonsa...

Me imitou, com voz fina e revirando os olhos, ri.

— Ué, bicha?

— Essa bomba que você acabou de jogar ali na cozinha. Que história é essa de você e Gustav...

— Por que será que a Patrícia está com aquele mala?

Interrompi, me desviando do assunto.

— Não sei. Tomara que seja pra ir embora porque se não for, ela vai levar só na cara de novo.

Ela falou, se jogando para trás e mexendo no cabelo. Ri, Paloma tinha um jeito muito engraçado.

— Você raivosa batendo nela, foi engraçado demais.

— Foi pouco.

— Bicha nervosa!

Debochei, fazendo careta e ela me encarou, começamos a gargalhar.

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