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— Anda logo, môzi. Temos horário!

Júlia gritou, quebrando o silêncio que estava na sala.

Todos subiram o olhar de imediato para ela, que tinha seu olhar preso no rosto de Gustavo.

Ele, que parecia distante, se movimentou, balançando a cabeça e desenlaçando seus braços do dela. Gustavo deu um passo a frente e levou suas mãos ao cabelo, alisando para trás, pensativo. Em seguida, firmou os pés no chão e passou o olhar por todas as meninas, parando em mim.

Nossos olhos se encontraram rapidamente e fiz questão de desviar.

Que suplício essa demora pra falar, meu Deus!

— Então, vão acontecer algumas mudanças por aqui. Eu vou me ausentar por 2 meses e..

— Como?

Interrompi, com um grito, por impulso. Todos me olharam, confusos e eu não sabia onde enfiava a minha cara. Corei, nervosa.

— Como.. como.

Procurava uma mentira, em meio aos gagueijos. Não sei porque eu insistia em colocar meus pensamentos para fora, além de me meter em furadas, me faziam passar vergonha.

— Como vai ficar a privada que quebrou lá em cima? Eu p-posso dar um jeito. É, eu posso. Desculpa que eu interrompi, é que a privada é prioridade, higiene. O que vocês estavam falando mesmo? Podem continuar.

Me enrolei completamente. Eu não sabia mentir ou disfarçar uma mentira. Os cenhos franzidos me encaravam, tenho certeza que me achavam louca, eu estava começando a concordar. Gustavo me olhou e soltou um sorriso torto, como quem entendia tudo em mim, até as desculpas esfarrapadas. Que droga, eu odiava isso.

Me afundei atrás de Paloma, decidida a cortar minha língua se ela insistisse em falar algo.

— Gustavo,, temos que pegar meu vestido, olha o horário. Tem como ninguém mais interromper o meu noivo?

Ela esbravejou, gesticulando e deu um passo a frente.

— Começando por você, Júlia, cala a boca.

Ele sussurou, olhando para ela de rabo de olho.

Paloma soltou uma gargalhada presa e eu não consegui me conter, ri também, mais baixo. Eu não curtia nem um pouco o jeito que ele tratava as pessoas, nem mesmo ela, com seu jeito superior e entojado de ser. Mas, não nego que, as vezes, ela merecia. Júlia ficou mais vermelha do que um tomate e emburrou a cara, cruzando os braços.

— Eu vou me ausentar, como eu estava falando, Vitor vai ficar com vocês e tudo vai funcionar normalmente. Eu não quero gracinhas, colaborem para não termos nenhum problema e ficar tudo em paz. Estamos entendidos?

— Estamos.

As meninas falaram em conjunto e balançaram a cabeça. Me mantive em silêncio.

— Ótimo, maravilha, perfeito!

Gritou Júlia, se aproximando de Gustavo e segurando seu braço. Ele a olhou, surpreso.

— Agora, vamos môzi. Tenho muitas coisas para aprontar para a cerimônia. Meu Deus, olha a hora, meu vestido!

Ela tagarelava e puxava o braço dele eufórica.

Minhas pernas bambearam mais ainda ao escuta-la, encarei-o e ele me devolveu o olhar. Se eu tinha entendido bem, ele estava indo se casar. Engoli em seco, respirando fundo, enquanto tentava transmitir uma boa cara de desprezo a ele.

Eu não vou sofrer por esse estúpido!

La putaWhere stories live. Discover now