CAPÍTULO 4

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     — Por que você fala com aquele cara? — Bin perguntou tomando um o sorvete pelo canudo azul marinho, que por coincidência era a cor favorita dele.

     — Quando não está bancando o engraçadinho ele é legal. — Admiti. Além do fato de ser bom conhecer alguém do campus.

     — Cuidado, — a voz dele sai tão controlada que paro de tomar o sorvete — ele tem cara de que gosta de brincar com as garotas.

     Não cheguei a pensar que tipo de homem ele seria para as mulheres, na verdade não me ocorreu nada do tipo. Por mais que eu não pudesse negar o fato de Jungkook ser muito atraente, eu não estava pensando nele desse jeito. Não vim a faculdade para encontrar um namorado, esse não era e nem se tornaria meu objetivo.

      — Moon Bin, mesmo se eu estivesse interessada, — me coloquei no caminho dele para enfatizar as próximas palavras — o que eu não estou! Acho que não deveríamos supor coisas sobre as outras pessoas.

     — Só não quero que ele brinque com você. — E lá estava de novo, aquele olhar doce e acolhedor.

     Tirei a colher do meu sorvete e a enfiei no sorvete dele, depois levei a mistura gelada até a boca.

     — Hey! — Protestou ele — toma do seu, engraçadinha.

     — Certo maninho, certo. — Eu estava concordando para as duas coisas que ele disse.

     Coloquei a mão na cabeça dele e baguncei seu cabelo exatamente como eu fazia quando éramos crianças. Ele se preparou para correr atrás de mim enquanto eu fugia sentindo o sorvete derreter na minha boca. O sorvete de Moonbin era de limão, o mesmo sabor que tinha a nossa amizade, doce mas não a ponto de ser enjoativo, as vezes um pouco azedo, mas nunca amargo. Limão era o sabor favorito dele.

     Quando voltei para o dormitório mais tarde, ainda era um horário cedo da noite, mas os corredores estavam mais vazios. Entrei no quarto e bati a porta. Parei no meio do caminho para minha cama, havia uma silhueta sobre os meus lençóis. Jungkook estava agarrado ao meu bicho de pelúcia, Cerberus, um cachorro doberman que eu havia ganhado no fliperama em um verão perto de completar dezesseis anos.

     Me designei a ir furiosa até ele, decidida a derruba-lo da cama com um grito pela cena com Moonbin mais cedo. Apesar de acabar ajudando, ele parecia mais estar interessado em confusão. Meus passos foram diminuindo de acordo com a visão que eu tinha, o rosto dele estava sereno, parecia dormir tão bem que poderia ser considerado maldade acordá-lo.

     Na noite anterior tentei ser suficiente para acalmar sua crise, mas o tempo todo com receio. Eu sempre acalmei as crises do meu irmão, mas eu nunca soube de fato o que fazer, e nunca sequer imaginei o que fosse uma crise de ansiedade. Bin descrevia para mim como um inferno flamejante, ele sempre dizia sentir a cabeça queimar e a sensação de afogamento, mas acabava sendo muitas vezes pior porque não tinha água, ele dizia pensar estar ficando louco, não fazia sentido sentir aquilo.

     Dizem que essas coisas acontecem devido a traumas ou situações de pressão, me pergunto o que poderia ser tão complicado na vida de alguém que tem tudo. Aparentemente ele sempre teve as melhores roupas, a melhor educação, as melhores oportunidades. Então o que faria com que alguém assim sofresse assim?

     Caminhei até a minha mesinha e liguei o abajur, imaginei que se ele acordasse ficaria assustado dando de cara com o escuro. Abri a gaveta da mesinha para pegar o carregador e levar para o outro lado do quarto, já que ele estava com a minha cama eu teria que ficar com a dele. Quase não fiz barulho no processo, para não acorda-lo, mas o ouvi gemer e se revirar ficando de frente para onde eu estava ao lado da cama. Paralisei esperando ver se ele acordaria ou não. Ele não acordou.

GOOD NIGHT ✿ JJK (Livro 1) |EM EDIÇÃO|Onde histórias criam vida. Descubra agora