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- Você foi incrível. - A mulher vestida de governanta diz e abro um sorriso pra ela.

- Foi mesmo, nunca nenhum convidado se importou com os empregados, eu soube que você até se curvou pra eles na entrada. - O mordomo fala e continuo me sentindo desconfortável com tantos elogios.

- Não é pra tanto. Eu só não gosto de ver gente boa sendo tratada mal. - Digo.

Estou na cozinha a uma hora e é incrível como me sinto mais confortável aqui do que na sala enorme, conheci várias pessoas muito simpaticas que merecem todo o agradecimento do mundo e não ser tratadas da forma como a outra moça foi, ela nem ao menos é daqui, veio do Canadá a dois anos e trabalha aqui pra pagar a faculdade, ela tem só dezenove anos e já tem uma grande responsabilidade.

- Posso ajudar em algo? - Peço com um sorriso e as outras empregadas me olham como se não acreditassem.

- Mas você vai sujar seu vestido... senhorita.

- Pode me chamar de Yeon. - Seguro meu cabelo entre os dedos fazendo um coque com todo o cabelo - E eu não tenho medo do trabalho, só porque uso um Valentino não quer dizer que sou parte da burguesia.

Todos estão sorrindo e me sinto imensamente confortável. Quando vou em direção à pia enorme pra lavar a louça, meu braço é puxado e percebo que estou de encontro ao peito de Jungkook.

- Pode por favor não fazer isso? - Ele pede.

- Eu não sou como vocês Jungkook, não consigo ver uma situação tão injusta e ficar quieta, o seu tio é um idiota.

- Eu sei, ele é realmente um cuzão. - A escolha de palavras dele me faz querer rir mas me deixa orgulhosa de alguma forma.

Jungkook olha pra todos e depois pra governanta que está atentamente nos olhando, ela não está mais sorrindo como antes, na verdade seus olhos tem lágrimas.

- Jungkook? - Ela diz e ele abre um sorriso antes de ir abraça-la, não estou entendendo muita coisa mas me sinto feliz.

- Desculpe por não defender sua filha, - Ele fala para a mulher e ela continua com um sorriso aberto pra ele segurando suas mãos - acho que ele está nos testando.

- Tudo bem meu querido. Eu sei o bom coração que tem. - Ela o abraça uma segunda vez - Por que não me apresentou sua namorada antes? Ela é ótima!

- Sim, ela é. - Ele olha pra mim com um sorriso bobo e retribuo.

- Senhorita Kim? - O mordomo chama e me viro para ele - O senhor Jeon a aguarda em seu escritório no segundo andar.

- O que ele quer? - Jungkook me puxa contra si como se me protegesse e o mordomo não sabe o que dizer. Os dedos de Jungkook pousam no meu queixo e ele me faz olhar pra ele - Não precisa ir, ok?

- Eu quero. - Digo - Não tenho medo do seu avô, ele parece ser uma boa pessoa.

- Cuidado minha querida. - A governanta diz - O lobo se escondeu na pele de um cordeiro pra devorar todo o rebanho.

Sigo o mordomo por todo o castelo e parece que pra chegar nesse escritório leva uma eternidade. Quando enfim chegamos, estou com as pernas bambas e uma sensação ruim percorre o meu corpo.

Abro a porta de madeira e entro no lugar encontrando o avô de Jungkook em sua cadeira de rodas atrás de uma mesa grande cheia de papéis e um laptop.

- Com licença. - Digo e me aproximo da mesa, ele me manda sentar em uma das cadeiras na frente da mesa - O senhor mandou me chamar?

Tem uma xícara com algo quente em cima da mesa e ele leva a xícara até os lábios logo a colocando no pires outra vez.

- Vou ser direto com você minha querida.

- Eu fiz algo errado? - Estou realmente nervosa, eu deveria ficar nervosa ao conhecer os pais de Jungkook, mas o avô dele me deixa um pouco nervosa - Foi pelo o que eu fiz no jantar? Eu só estava...

- Não me importo com o que você fez. - Seus olhos escuros estão presos em mim - Acha mesmo que deixei você entrar na minha casa sem saber quem você é?

O clima do escritório me deixa mais nervosa ainda, os quadros sombrios na parede e a claridade mediana passam um clima melancólico ao lugar.

- O que quer dizer? - Pergunto olhando para o quadro no canto da parede atrás dele.

Uma mulher e um homem estão lá atrás no quadro, o homem é exatamente igual a Klaus e a mulher é muito bonita.

- Não vou oferecer dinheiro, você é inteligente o bastante pra saber que se continuar com isso pode ter o que quiser também. - Do que ele está falando? É o que eu estou pensando mesmo? - Você pode ter a faculdade que quiser onde quiser, sei dos seus planos de mudar de curso.

- Como o senhor sabe?

- Eu sei de tudo. - Ele junta as mãos na frente do rosto e olha atentamente pra mesa - Como já deve imaginar, não pode ficar com o meu neto.

- É por que eu não tenho status social? - Me mantenho o mais calma que consigo.

- Não minha querida. - Seus lábios mexem devagar e minha mão está começando a suar - Nossa família tem um grande status, não precisamos de mais.

- Então por que quer nos separar?

- Veja bem, - A cadeira dele começa a se mover para longe da mesa até parar no canto da parede onde tem uma janela, ele olha para fora enquanto fala - meu neto precisa de uma garota educada, com classe, não digo isso por você não ter educação, mas tirei minhas conclusões sobre a sua classe nesse jantar.

- Então era um teste?

- Não, eu só queria dar a você a chance de se sentir parte de algo pelo menos uma vez já que você é uma órfã.

Quando as palavras chegam aos meus ouvidos, penso em gritar com ele e dizer que ele não tem o direito de falar nada disso, ele não me conhece de verdade, não sabe nada sobre mim ou sobre a minha vida. Abro a boca pra falar, mas ele me corta falando primeiro.

- Se poupe de ter o coração partido, sabe que ele não gosta de você de verdade. Ele sempre faz a mesma coisa, ilude uma garota e a trata como uma rainha, depois quebra o coração dela, é como um jogo pra ele, e ele nunca se cansa.

- Eu sou diferente! - Falo mais alto do que gostaria e levanto da enorme cadeira.

- Você acha?

- Olha aqui senhor Jeon, não me importo se mora em um castelo, se é um rei ou se é amigo da Madonna! - Falo ironicamente e continuo - Você não me conhece, e também não conhece seu neto, ele é a pessoa mais doce que eu já conheci, ele gosta de chocolate com marshmallo, andar de mãos dadas, esquentar as meias com o secador no inverno, fazer declarações sem perceber e você com certeza não sabe disso. - Sorrio ao lembrar de algumas coisas que ele disse que gostaria de fazer comigo - Ele não vai partir meu coração, e mesmo se for, saiba que corações foram feitos pra serem partidos, são como ossos, quando se quebram ficam mais fortes.

- Não existe comprovação sobre isso.

- Então eu vou descobrir. - Abro um sorriso tirando uma lágrima da bochecha com a mão - Mas até lá, vou continuar seguindo o meu coração. - Apenas levanto e sigo meu caminho calmamente para fora do escritório melancólico.

GOOD NIGHT ✿ JJK (Livro 1) |EM EDIÇÃO|Where stories live. Discover now