CAPÍTULO 10

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     O peso do corpo de Jungkook sobre mim estava sendo suportado por seus cotovelos no colchão, mas mesmo que o peso não me incomodasse, o corpo dele estava próximo o suficiente para que eu sentisse o hálito de creme dental no meu rosto.

     Os olhos dele predatórios dele estavam invadindo meu campo de visão. Senti calor dançar entre nós ao lembrar da noite anterior. O quanto eu queria aqueles lábios de novo? Até onde eu iria para tê-los? Talvez até o inferno, respondi a mim mesma.

     Já tinha beijado antes, dois garotos diferentes quando era mais nova. Um deles foi em uma excursão da escola, estávamos aprendendo sobre as belezas naturais da ilha de Jeju quando um garoto se aproximou e disse que o amigo dele estava interessado em mim, eu devia ter uns quinze anos, quase dezesseis. Lembro de ter pensado que não parecia certo já que eu devia ficar em estudar, mas era muito animador ter alguém que me achava interessante. Então no ônibus de volta para casa sentamos lado a lado e o amigo dele nos deu cobertura enrolando o professor fora do ônibus com uma desculpa de estar enjoado. Aquele foi meu primeiro beijo.

     Mas beijar Jungkook era diferente de tudo aquilo. Eu não era mais adolescente, não era um beijo por curiosidade. Partiu de mim, eu quis fazer aquilo. Nunca tive essa sensação, esse medo de estar sendo imprudente ou estar saindo da linha. A excitação e a adrenalina correndo em cada parte do meu corpo, sentindo o vento penetrar a minha pele para apagar um fogo que só se alastrava. Essa era a sensação que ele causava em mim, e até agora, só ele havia feito isso. Ele não era só inflamável para mim, era explosivo.

     — Gosto dos seus olhos. — A voz dele parecia a melodia perfeita naquele ponto — São como avelã brilhante.

     Ele alcançou uma mecha de cabelo que estava escorregando até o meu rosto e a colocou atrás da minha orelha com delicadeza. Quando seus dedos roçaram minha pele, um sinal eletrizante foi enviado por todo o meu corpo, me concentrei nos olhos indecifráveis dele. Naquele momento só conseguia pensar em como ele era o homem mais lindo que já pisou na terra, e mesmo que não fosse para os outros, parecia que ainda seria para mim por muito tempo.

     Fechei os olhos esperando que os lábios dele me enchessem com aquela sensação outra vez. Esperei sentir a maciez de sua pele, seus dedos nas curvas da minha cintura e meus sentidos escorrendo entorpecidos a qualquer momento.

     Mas tudo que recebi foi uma respiração profunda no meu rosto e a falta de ter o corpo de Jungkook colado ao meu. Abri os olhos e o vi de pé olhando para o chão, com a feição tão incerta que parecia ter acabado de esbarrar no reitor da faculdade. Continuei onde estava com os olhos inquietos sobre ele, esperando alguma palavra. Ele só emitiu uma.

     — Desculpe.

     Então pegou sua jaqueta de couro e bateu a porta antes de ir embora.

     Virei para o lado frustrada e olhei para a janela. Talvez hoje fosse um bom dia para ser Jeon Jungkook, bom o suficiente para que ele não precisasse olhar para mim mais um pouco como eu queria olhar para ele.

     Tentei dormir por vezes seguidas. Li algumas páginas de Todas as Coisas Belas e chequei se estava tudo pronto para o primeiro dia de aula. Enviei mensagens a Moonbin, comi um brownie que pedi pelo aplicativo de comidas e ouvi um pouco de Taylor Swift.

     Minha cabeça estava irritada e desconcentrada. Nunca fiquei incomodada a ponto de ler o parágrafo de um livro cinco vezes e continuar sem entender, como se a voz na minha cabeça — a minha voz — estivesse falando em outra língua.

     Fechei o livro e olhei para o relógio na parede, oito horas. Um dia quase concluído com improdutividade, talvez quando as aulas começassem meus nervos estariam a salvo de problemas como garotos, hormônios e sentimentos.

     Me perguntei se deveríamos falar sobre aquele beijo, se era importante menciona-lo ou se era algo tão comum que não valia a pena. Adultos ficam com pessoas o tempo todo, até com mais de uma ao mesmo tempo, acho que só se comunica ou conversa sobre coisas assim quando se tem um compromisso sério. Nós não tínhamos nem amizade, quem dirá compromisso. Éramos apenas dois universitários dividindo um quarto, correndo o risco de serem pegos, mas acobertaste um ao outro.

     Quando o alarme soou por volta das dez da noite e Jungkook ainda não havia voltado, presumi que diferente do meu dia, o dele devia ter sido divertido. Apesar do jeito engomadinho, talvez alguém o achasse engraçado, divertido e até inteligente. O sorriso convencido dele encantaria até a garota mais durona ou o rapaz mais fiel ao seu parceiro. Jungkook mostrou esse poder, me fez sentir como se tocasse as nuvens, não por estar bêbada, mas por sua companhia. Quando não estava fazendo piadinhas bobas ou sendo egocêntrico, ele conseguia ser encantador.

GOOD NIGHT ✿ JJK (Livro 1) |EM EDIÇÃO|Where stories live. Discover now