♡ 57 ♡

5.7K 568 222
                                    

Ele respira fundo e acho que ele não sabe por onde começar, não quero que ele fale o que não deseja falar, não sinto mais a necessidade de saber as coisas que ele esconde, se machuca ele, também me machuca e eu sei bem como é viver machucado por algo.

- Eu tinha três anos. - Ele começa e estou atenta a cada palavra - Meus pais eram tudo que eu tinha, eles sempre me amaram e me deram tudo que podiam. Eram os melhores.

O sorriso que ele abre pode aquecer até mesmo o coração mais congelado de todos, pois tem verdade nesse sorriso.

- Sempre saíamos nos fins de semana, íamos a parques e restaurantes temáticos, era tudo perfeito. No sábado, dia do meu quarto aniversário, íamos viajar, finalmente eu iria andar na maior montanha russa do mundo.

Acho que era um sonho de criança dele, eu sempre quis andar na roda gigante, mas nunca tive coragem para isso, nem permissão. Nós nunca tínhamos permissão para sair do orfanato, a não ser para ir para a escola. Lembro que todos os meses chegavam inúmeros brinquedos de todos os tipos e para todas as meninas sempre vinham bilhetinhos, todo mês era o mesmo bilhete que vinha com os brinquedos, mas somente para as meninas, nunca me importei com esse fato, mas o que tinha escrito neles nos fazia sentir acolhidas, esses brinquedos eram nossa única diversão.

- Estávamos indo ao aeroporto. - Volto minha atenção para ele - E por um segundo eu senti medo, mas não me importei, estava animado demais com a montanha russa e em como meus amigos da iam se impressionar. - Vejo a tristeza nos olhos dele e isso parece tortura, não quero que ele se sinta assim.

- Não precisa continuar, não precisa... - Ele me interrompe.

- De repente, na estrada, tudo ficou calmo demais, até o sinal ficar verde e meu pai seguir rápido por uma rodovia reta, no instante seguinte, outro carro bateu no nosso e o nosso carro estava girando, eu ouvia gritos ecoando por toda parte, - Suas palavras desesperadas me cortam o coração e suas lágrimas me fazem pensar no garotinho de três anos dentro de um carro - Eu vi o sangue dos meus pais voando dentro do carro enquanto eu estava em silêncio, em choque.

Ele perdeu os pais? Ele perdeu os pais quando era só um garotinho?

Eu nunca poderia imaginar que esse era o caso dele, faz total sentido já que eu nunca vi os pais dele, apenas o tio e o avô.

- Quem bateu no nosso carro foi aquele idiota, o idiota egoísta que tirou meus pais de mim.

Sua fúria começa a me dar arrepios e percebo que a pessoa na qual ele está falando é bem odiada, mais do que já vi alguém ser odiado.

- Um dia ele vai pagar por isso, Collen vai pagar caro.

- Collen? O homem da corrida de cavalos?

Aquele homem parecia tão simpático, parecia querer ajudar Jungkook, não sei se ele realmente está falando sério sobre isso, mas o ódio em sua voz passa verdade o bastante pra mim.

- Se ele souber sobre você, vai querer tirar você de mim também, não posso deixar isso acontecer. - Ele diz em desespero.

- Tudo bem. Eu não vou me aproximar dele de novo. - Digo - Eu sinto muito pelos... seus pais.

- Minha mãe teria adorado você. - Suas palavras são tão repentinas, logo sinto minhas bochechas queimarem - Ela tinha uma floricultura, meu avô nunca gostou, mas meu pai sempre deu a ela tudo que podia, e ela tinha a floricultura mais bonita de Seoul, ela dava flores de graça, todos gostavam dela. Sooyou.

Eu já ouvi esse nome em algum lugar.

O nome gira pela minha cabeça até encontrar o lugar de onde ouvi, quando conheci Jungkook, um tempo depois o vi tendo um pesadelo, ele chamou pela tal Sooyou.

GOOD NIGHT ✿ JJK (Livro 1) |EM EDIÇÃO|Onde histórias criam vida. Descubra agora