GOOD NIGHT ✿ JJK (Livro 1) |EM EDIÇÃO|

CAPÍTULO 9

No campus, fui diretamente ao dormitório e entrei no quarto. Quando fechei a porta olhei para minha cama, Jungkook estava deitado nela vestido com um de seus ternos. Ele estava dormindo. Não quis me aproximar para não acontecer como da última vez, então simplesmente fui em direção a minha cômoda e peguei uma roupa indo para o outro lado do quarto. Ele não se importaria se eu me trocasse lá dentro já que estava em sono profundo, não é mesmo?

Dei uma última olhada em meu colega de quarto e ele permanecia dormindo. Virei de costas para ele e passei a camisa para fora do corpo pelos braços e depois pelo pescoço, seguida pelo sutiã. Vesti a blusa do pijama e tirei as sapatilhas e calça trocando pelos shorts largos com carinhas de estrela estampadas.

Olhei para trás e ele permanecia de olhos fechados, agradeci aos céus por isso. Fui em direção a janela do quarto e observei um pouco a noite. A lua estava impecável como sempre, brilhando lá em cima como se soubesse que a noite era seu momento. Sempre gostei da noite, misteriosa, deixada por último, muitas vezes mal vista e marginalizada por não emitir tanta luz. Assim como eu. Espero que a noite saiba que não é sua culpa ter sido feita assim.

Ouvi um eco de socorro, ou pelo menos a urgência na voz fez parecer com isso.

— Soyou! — Jungkook disse como um chamado histérico e sentou-se. Respiração descompassada, suor na testa e confusão. Ele teve um pesadelo.

Olhei para ele um pouco assustada enquanto ele levava as mãos para cima e enterrava a cabeça nelas.

Eu poderia jurar que ele estava chorando, mas não me permiti chegar perto o suficiente para ver. Suas mãos se guiaram pelos olhos e o olhar dele se levantou para mim.

— O que está olhando? — Imediatamente desviei do rosto rude dele.

Suas mãos arrastam-se no pescoço e ao sentir o suor, ele disparou para fora do quarto com uma toalha no ombro.

Andei pelo quarto, peguei meus cadernos e algumas anotações que fiz antes de vir para a faculdade. Antes da faculdade eu já tinha um fascínio pela leitura então lia vários e vários livros em casa.

Começo a escrever novas anotações sobre meus livros já lidos e sobre o que estava lendo essa semana. Decidi ler uma série de fantasia. Corte de espinhos e rosas. Baseado na história de A bela e a fera, Tamlin parece ser o exemplo de homem romântico e cavalheiro, o que me fez ter várias dúvidas ao longo da leitura.

Jungkook entrou no quarto e meus olhos voaram em sua direção, ele estava apenas com uma toalha na cintura e os olhos inchados devido ao sono. Seus passos esguios em direção ao seu lado do quarto me fizeram acompanha-lo com o olhar. A pele dele sobe a luz deficiente do quarto era tão bonita quanto jamais tinha visto. Meu coração acelerou e lembrei da leitura mais recente, lembrei de Feyre, a humana nos braços de Rhysand, o féerico feito perfeitamente sobe medida para leva-la à loucura. Torci o pescoço para o lado contrário ao seu, esperando que a cabeça tivesse respondido ao mesmo comando e meus olhos não estivessem mais cravados em sua pele nua.

Ele notou o desconforto.

— O que foi? — A pergunta emitida a mim seria quase boba demais se ele soubesse o que se passara na minha cabeça — Minha toalha te incomoda? Se quiser eu posso tirá-la. — Ousei olhar um pouco mais e seus olhos estavam brilhantes — Talvez ela caia por conta própria.

Engoli em seco o nó cheio de pimenta em minha garganta. No segundo seguinte minha barriga queimou e senti minhas pernas formigarem, seus olhos percorreram o meu corpo e pararam abaixo do meu queixo. Sua língua fez um caminho circular em seu lábio superior e o brilho que se estendeu em sua boca me deixou hipnotizada, mas não tempo suficiente para que eu esquecesse que tipo de pessoa ele era, pois em seguida sua risada ecoou pelo espaço me fazendo piscar os olhos freneticamente e desfazendo o encanto.

— Você é um idiota. — Arquejei.

Ao pensar em seus lábios, senti uma brisa entrar pela janela, ela acariciou minhas bochechas e fez meu nariz gelar, um pouco da sensação que tive na noite passada depois de beber o que tinha naquele copo. E como se a brisa fosse um estimulo do meu cérebro, lembrei daqueles lábios tão perto que me tocaram, lembrei da sensação que senti, me consumindo. As mãos de Jungkook sobre mim, apertando e agarrando minha pele e o quanto eu quis aquilo, o quanto foi aprazível senti-lo.

Reviver mentalmente me deixou sem fôlego, inspirei com pesar antes de voltar a mim e ver Jungkook com um de meus livros nas mãos, ele já estava vestido e bem ao meu lado na cama segurando A Carícia do Vento.

— É claro que gosta de ler. — Ele levantou e abriu meu livro folheando as páginas com desdém — Eu deveria ter imaginado.  A garota certinha, com roupas certinhas, uma vida certinha e tudo em seu devido lugar. — Seus olhos reviram-se e ele fingiu um bocejo — Que chato.

Meu sangue ferveu.

— Ótimo, ainda bem que sua opinião e lixo são o mesmo para mim.

Agarrei meu livro com voracidade, mas ele o segurou com força.

— Não quer minha opinião, mas quer seu livro. Que pena, a opinião você nem precisa pedir, mas o livro... — Jungkook puxou o exemplar e esticou o braço para o alto tirando-o do meu alcance — Tire ele de mim.

Aquele sorriso convencido e encantador havia acabado de ser despertado em seus lábios, um sorriso nada sutil diga-se de passagem. Ele segurou com força, mas pareceu ceder a força que eu estava colocando em seu braço enquanto fazia ponta nos pés para alcançá-lo. A risada dele era como uma cantiga irritante para os meus ouvidos, tudo que eu queria era cala-lo.

Uma guerra de puxões se iniciou e eu já temia que a capa do exemplar ficasse em frangalhos, mas na última tentativa suas mãos cederam e o livro bateu contra minha barriga. Seu corpo se chocou contra o meu e o peso dele sobre mim esmagava meus seios. Minhas costas contra a cama estavam confortáveis e meu coração estava louco no peito. Suas risadas cessaram como eu queria, mas agora eram seus olhos que me incomodavam, eles estavam cheios de surpresa e uma pitada de desejo. Parecia que chamas iriam sair dali de dentro e, como eu era o alvo mais fácil, queimariam a mim e ao meu pobre coração desprotegido.