09

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Retornamos até minha casa com o Taehyung reclamando durante todo o percurso, o garoto não gostava de caminhar e fazia questão de que todos ali presentes soubessem disso. Começamos a ignorá-lo em uma tentativa para que ele parasse de falar, mas isso não ocorreu, ele continuou reclamando até chegarmos no gramado conhecido.

— Finalmente! – Tae exclamou ao passar pela porta da casa.

— Se demorasse mais alguns minutos eu ia acabar te socando Tae – Namjoon brincou com o amigo.

— Aish, seu grosso.

— Ninguém tava aguentando mais você reclamando...

A vozes dos garotos se tornavam cada vez mais distantes enquanto eu os deixava conversando e me dirigia ao meu quarto, respirando fundo logo ao escutar o baque da porta.

Fui até minha cama e recolhi meu caderno que se encontrava aberto em meio as cobertas. Sorri ao me deparar com o desenho da página exposta em questão. A figura consistia de diversas flores coloridas unidas em um buquê escuro. Tinha feito pensando em presentear minha mãe com o esboço mas acabei me esquecendo de entregar à ela.

Fechei o caderno e fui até a caixa com meu material de desenho para guardá-lo. Coloquei-o na pilha com os outros livros, agendas e papéis repletos de desenhos e textos que fiz durante toda a vida, desde sempre guardo tudo o que retrato no papel, tem caricaturas de anos atrás presas dentro da caixa, esperando o dia que irei analisá-las novamente.

O bilhete do meu admirador secreto se encontrava ao canto da caixa, sorri ao cruzar meu olhar com ele. O conteúdo dele ainda fazia meu coração palpitar.

Coloquei a tampa sob a caixa, era como se parte de mim pertencesse a este caixote, desde sempre o tenho no canto superior esquerdo de meu armário. Tudo começou com um pequeno baú repleto de balões e foi crescendo junto com meus talentos e minha criatividade até a caixa atual que ocupa todo o quadrado reservado para ela.

Colocava o objeto no alto do meu armário quando um grito me surpreendeu.

— Hyunie! – escutei o ranger da porta e tremi assustada, fazendo com que a caixa fosse de encontro com o chão, esparramando tudo o que ali continha.

— Taehyung! – gritei elevando o tom de minha voz mais do que o usual, trazendo as mãos de encontro ao peito enquanto analisava todo meu material espalhado.

Todas as folhas se espalharam pelo quarto,  meus lápis rolaram para baixo dos móveis, meus estojos caíram aos meus pés, os cadernos estavam abertos de forma desajeitada, me segurei para não chorar com aquela cena que me partia o coração. Por sorte a caixa não caiu em cima de mim, eu teria me machucado feio.

— Uou! – ele pareceu se assustar assim como eu com o choque da caixa com o piso – ...desculpa? – ele arriscou sorrindo amarelo.

— T-taehyung – gaguejei baixo o nome do meu melhor amigo em meio a leve tremedeira dos meus lábios enquanto apertava os dedos junto dos palmos das mãos.

— S-so eu te ajudo a arrumar, não tem problema. Você tá bem? – ele adentrou calmamente o quarto logo que escutou minha voz falha.

Uma mistura de raiva e tristeza me preencheu, ver tudo que mais me importava jogado ao chão era de partir meu coração. Respirei fundo, o garoto não merecia escutar um esporro nem me ver chorando apenas por ter me assutado.

— Eu tô bem – tentei esboçar um sorriso que saiu quase como uma careta.

— Eu te ajudo, ok? – o garoto estava perto o suficiente para segurar minha mão para me confortar – me desculpa.

Just one day × jjkWhere stories live. Discover now