Capítulo 67

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Caio

" Cheguei na frente da minha casa, fiquei olhando a porta por longos minutos antes de criar coragem para bater na porta, sentia um enjoo horrível e meu estômago estava tão embrulhado que doía dentro de mim. Minha cabeça girava como um carrossel, mas eu precisava por toda a história em panos limpos, precisava saber de tudo da boca da minha mãe, ou eu nem sabia se poderia chamar ela assim agora.

Dei três batidas na porta e ninguém apareceu, comecei dar chutes pra soar mais alto, só então lembrei da campainha mas já era tarde demais, e minha mãe estava na minha frente apenas de camisola me olhando com uma cara brava.

— Filho sabe que horas são? — perguntou relaxando o semblante, passei por ela indo para a sala e me sentando no sofá, organizando os pensamentos enquanto ela fechava a porta.

— Aconteceu algo? — assenti sentindo meus olhos ficarem úmidos.

— Você mentiu pra mim — ela fez uma cara de surpresa, mas algo me dizia que ela sabia o porque de eu estar ali.

— Do que você está falando filho? — disse se sentando em minha frente.

— Meu pai... Ele era um criminoso não era? Nossa família já conhecia a do Will, a do Cassius, não é? — ela assentiu lentamente e eu comecei chorar, uma mentira. Uma grande mentira era o que tinha sido minha vida, não só a minha como a do William também.

— Me desculpe filho — ela disse e eu balancei a cabeça e comecei rir.

— Desculpar? Sabe o que o pai do Cassius me disse? Que ele vai morrer, que eu vou ter que ir embora daqui e que você concordou com tudo isso — ela baixou a cabeça e não olhou nos meus olhos.

— É o melhor pra você, Simon mataria você e eu também — fiquei em silêncio observando minha mãe.

— Isso não é justo droga — disse andando em círculos, minha mãe apenas tentava me acalmar.

— Filho lamento que esteja passando por isso — olhei pra ela incrédulo daquilo, não fazia sentido essa dívida, na verdade nem era uma dívida. Era capricho apenas.

— Eu quero saber a verdade — ela me olhou hesitante mas começou falar.

— Um tempo atrás por volta da casa dos vinte, eu conheci a bruna e fizemos faculdade juntas. Ela fez medicina e eu fiz artes, viramos amigas em alguma festa, aos poucos íamos ficando mais próximas e numa dessas festas, nós conhecemos os pais de vocês. Mas tinha algo que não sabíamos sobre eles, eles eram membros de uma espécie de máfia, faziam roubos milionários de obras de arte e coisas antigas, estavam na nossa universidade infiltrados apenas planejando o roubo de um quadro de uma exposição. Bruna e eu já estávamos bem apegadas, então não falamos nada e quando o quadro sumiu já sabíamos quem tinha feito aquilo — ela suspirou e passou as mãos no cabelos e continuou — após aquilo, eles continuaram como alunos, continuamos mantendo contato, e logo estávamos namorando, éramos um grupo imbatível, ficamos populares no campus e eles saíram um pouco da vida da máfia, mas com um tempo começaram ter que fazer de novo, estavam sendo ameaçados e pelo incrível que pareça Bruna e eu estávamos a poucos passos de nos formar e estávamos grávidas, Bruna ficou primeiro que eu e nós duas ficamos como carne e unha. Seus avós me expulsaram de casa, e a família da Bruna me acolheu como se fosse uma deles. Quando Will nasceu eu só ficava mais ansiosa pelo seu nascimento, e seu pai também — os olhos dela encheram de lágrimas — e quando você nasceu foi o melhor dias das nossas vidas, Bruna estava lá e carregou você no colo também, alguns meses foram se passando e logo os pais de vocês tinham outra missão criminosa, tivemos uma discussão queria que ele saísse daquela vida, e ele me prometeu que era a última vez que ia fazer aquilo e que o dinheiro que ia pegar, ia dar pra manter uma vida confortável pelos próximos anos e ele ia se aposentar de vez. Eles tiveram que ter ajuda de um agente da empresa de segurança, que era o Simon, pagaram ele para participar do plano e manter silêncio, mas ele mudou de ideia em cima da hora e quase botou tudo a perder, seu pai tentou matar ele mas o tiro pegou de raspão e ele ficou jogado sem se mover, ele acionou a polícia e logo o plano todo estava ferrado, mas na hora da fuga apenas o pai do William conseguiu fugir, seu pai foi atingido na cabeça pelo Simon. Depois disso não tivemos mais notícias nenhuma do pai do William, nem Bruna nem ninguém, ele depositou a parte dele e do seu pai em uma conta pra mim. Seu pai foi enterrado e nenhum familiar se quer apareceu no túmulo, e eu só pude aparecer meses depois para não levantar suspeitas. Simon admitiu a participação e foi castigado pelo próprio pai e foi mandado para um batalhão naval, onde ficou anos servindo e voltando algumas vezes para passar tempo com o filho — minha mãe terminou de falar e minha cabeça doía muito pela quantidade de informações jogadas.

Um Amor ProibidoWhere stories live. Discover now