CAPÍTULO 2

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Philipe continuava me encarando com o olhar fixo, parecia perdido nos meus olhos tanto quanto eu estava perdida nos dele e eu perguntava-me mentalmente pela milésima vez como ele conseguia ser tão lindo.

Num movimento lento e delicado, Philipe entrelaçou os nossos dedos e me guiou até ao lado de fora da casa, até jardim. A sua mão estava fria ao contrário da minha que estava tão quente pelo nervosismo que ele poderia facilmente notar.

As poucas luzes que haviam naquele lugar davam ainda mais tonalidade aos seus olhos azuis que me observavam agora ainda mais de perto, a sua mão esquerda repousou na minha cintura me aproximando mais dele e a direita levantou o meu rosto mais para si.

Quando menos esperava os nossos lábios estavam unidos de uma maneira suave e lentamente dei passagem para que a sua língua avançasse pela minha boca. Era difícil explicar a sensação e por mais incrível que parecesse, naquele momento eu não estava mais nervosa porque confiava nele e era maravilhoso ver o quanto a nossa relação estava evoluindo a cada dia.

Era a primeira vez que ele me beijava, de todas as outras vezes ele se limitava a beijar o meu rosto, mas agora eu podia sentir que havia amor entre nós e que ele era a pessoa para me casar.

Papai realmente tinha feito uma boa escolha...

     - Acho melhor voltarmos. - Disse mesmo sem ter vontade de acabar com aquele momento. Philipe passou dos meus lábios ao meu pescoço onde deixava pequenos beijos e mordidas provocantes.

     - Tem certeza? - Perguntou me apertando ainda mais a ele. - E se eu disser que não quero?

Sorri. Queria continuar, mas a possibilidade de o meu pai ou o meu irmão aparecerem a qualquer momento me deixavam inquieta. Mas pelos vistos era a única que me sentia assim porque ele parecia nem se importar.

     - É melhor Philipe. - Me afastei com dificuldade. - O Thomás pode aparecer e...

     - E daí se ele aparecer? Você é a minha noiva e eu decido se paro ou não, entendeu?

Assenti em silêncio mas podia confessar que agora o seu modo de falar e o seu olhar haviam me assustado, Philipe sempre foi autoritário quanto as palavras mas nunca ao ponto de me dar ordens e era o que ele estava fazendo nesse momento. Mas por um lado eu também sabia que esse era o seu jeito e que eu poderia facilmente aprender a lidar com isso.

Ele pareceu se acalmar ao suspirar, tirou de dentro do bolso da calça uma caixinha preta de veludo e a abriu revelando um lindo anel prateado. Levei as duas mãos a boca e o olhei surpreendida, não sabia nem o que dizer quando o colocou no meu dedo.

     - Gostou?

     - Se gostei? - Sorri. - Philipe, é lindo!

Abracei-o rapidamente e também senti as suas mãos fortes me envolverem. Ele era muito mais alto do que eu além de ter um corpo muito maior e definido, me sentia pequena e frágil ao seu lado mas o que importava é que eu estava feliz pelo jeito carinhoso e delicado com que ele me tratava.

Mas como tudo o que é bom dura pouco, voltamos para o interior da casa onde já estavam quase todos na mesa, apenas estavam nos esperando e tenho a certeza que vi os olhos do meu pai brilhando quando notou o anel no meu dedo. Thomás pareceu não gostar tanto mas eu estava me cagando pra ele, não sei quando ele vai entender que sou eu agora quem vai tomar as minhas próprias decisões.

Philipe se sentou do meu lado direito na enorme mesa e nos servimos enquanto os nossos pais conversavam sobre assuntos da empresa, nem parecia um jantar de noivado, eles deveriam dar atenção a nós e não aos seus "negócios".

Me arrepiei rapidamente quando a mão fria de Philipe se movimentou pela minha perna, lhe lancei um olhar de repreensão mas ele apenas deu um sorriso ladino, parecia nem se importar e continuou movendo a mão até tocar na minha intimidade.

A essa hora eu já tinha o rosto queimando enquanto tentava afastar a sua mão pesada, felizmente ninguém pareceu notar até ao final do jantar onde maioria dos convidados já se tinham ido embora depois de nos parabenizar.

Depois de me despendir também de Philipe que prometeu voltar no dia seguinte, subi as escadas até ao meu quarto mas a conversa em voz alta de Thomás e o meu pai chamou a minha atenção e mesmo que fosse errado, eu tinha que saber sobre o quê eles estavam discutindo.

     - Thomás, a decisão já está tomada. - Estava encostada na porta de madeira envernizada, era a voz do meu pai, parecia mais calmo até Philipe se manifestar

     - O senhor não sabe o erro que está cometendo, pai. - Suspirou. - Não me importo que ela se case, mas pelo menos que não seja com ele.

Thomás estava tentando convencer o meu pai a cancelar o meu casamento com Philipe? Não estava admirada mas não esperava que ele pudesse insistir tanto nesse assunto que não tinha nada a ver com ele.

     - Eu sei o que é melhor para a sua irmã e pouco me importa o carater de Philipe. Isso não é o mais importante! - Meu pai berrou e bateu na mesa com algo que pelo som parecia ser um copo.

     - Não é importante? A felicidade da sua filha não é importante?! - Thomás também levantou a voz e pelo tom, parecia estar muito alterado.

Se Thomás estivesse realmente preocupado com a minha felicidade, ele iria aceitar a minha decisão e não tentar colocar o meu pai contra Philipe, eu não poderia continuar em silêncio. Empurrei a porta pesada e olhei nos olhos do meu irmão que agora estavam fixos e mim, ele tinha que entender de uma vez por todas.

     - Thomás já chega! - Disse impaciente. - A suas brigas com Philipe não vão interferir no meu futuro!

Thomás passou as mãos pelo cabelo e suspirou pesado andando pela sala, o meu pai assistia tudo em silêncio até ele se pronunciar.

     - Tem razão, você está certa maninha. - Estava confusa. Ele estava concordando? Assim tão fácil? - Eu realmente espero que você seja feliz ao lado dele.

Eu o conhecia e sabia muito bem que ele não estava sendo sincero, pelo menos não era isso que o seu olhar de quem esta farto dizia. Não conseguia formular uma única frase como protesto.

     - Só queria te avisar que amanhã eu estarei viajando para a Europa. Se cuida Megan. - Beijou a minha testa e saiu do escritório em direção ao seu quarto.

Vi-o se afastar incrédula e depois olhei para o meu pai, estava mais entretido no seu copo de Uísque do que no que acabara de acontecer. Que ele não se preocupava com os filhos, isso eu já sabia, mas deixa-lo partir assim? Sem nem mesmo tentar impedi-lo já era demais.

Casada Com Um Psicopata (Série Mentes Insanas - Livro 1)Where stories live. Discover now