CAPÍTULO 6

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Assim que Philipe estacionou o carro, eu tentei sair o mais rápido possível mas ele me parou segurando o meu braço. Apenas o toque da sua mão conseguia me arrepiar e dar tanto nojo ao ponto de eu querer entrar em casa o mais rápido possível para vomitar.

Eu não queria continuar respirando o mesmo ar que esse maníaco e apenas de saber que ele estava me tocando já me deixava novamente horrorizada.

     - Pra quê tanta pressa, princesa. - Respirei lentamente quando a sua mão desceu até a minha coxa. 

Queria gritar o mais alto que conseguisse o quanto eu o odiava naquele momento, principalmente quando sentia que os seus olhos azuis penetrantes ainda me fixavam.

     - Vai sair sem nem sequer se despedir? - Sentia a sua respiração contra o meu pescoço. Fechei os olhos com força. - Vamos fazer tantas coisas quando você for minha esposa...

     - Philipe me deixe ir.

Ele sorriu largamente e se fastou de mim soltando a minha coxa que agora tinha a marca da sua mão, ainda estava tentando entender como as coisas tinham chegado a esse ponto.

     - Claro, noivinha. Mas apenas me deixe lembra-la de uma coisa: Se ousar me denunciar ou contar para quem quer que seja sobre o que aconteceu, saiba que vai ser muito pior pra você, entendeu?

Sabia que ele não estava brincando porque o seu sorriso debochado habitual havia sumido e agora ele estava sério, muito sério.

Assenti balançando a cabeça lentamente.

     - Pode sair. - Antes mesmo de eu abrir a porta que agora já estava destrancada, ele junta os nossos lábios num beijo agressivo e demorado, quando consegui me afastar até consegui sentir o gosto de sangue na minha boca.

Como me deixei iludir por esse monstro?

Entrei em casa correndo e só parei quando entrei no meu quarto e tranquei a porta, nem sequer escutei alguma coisa que o meu pai tinha dito. Ele e Philipe eram as últimas pessoas que eu queria ver para o resto da minha vida miserável.

A primeira coisa que eu fiz foi tirar o maldito vestido e tomar outro banho com a água quase fervendo. Sinceramente eu me sentia muito mais culpada do que Philipe por tudo o que aconteceu, a culpa era minha, toda minha. Eu nunca deveria ter me apaixonado por ele e nem deveria ter confiado nele, eu fui idiota, estúpida e ingénua o suficiente para acreditar num maníaco que agora havia marcado a minha vida pra sempre.

E o meu pai...

Pai.

Nem sei se deveria chama-lo assim depois do que ele fez, eu não merecia isso. Eu sei que acabaria por me casar com Philipe por livre e espontânea vontade mas isso poderia impedir muitas coisas.

Depois do banho vesti o meu pijama de inverno mesmo estando no verão e prendi o meu cabelo, sim, prendi o cabelo porque aquele monstro não tinha o direito de mandar em mim e nem de me dizer o que fazer.

Peguei no celular e vi que tinha muitas chamadas de Thomás, limpei mais uma lágrima que desceu pelo meu rosto. A verdade é que eu precisava contar pra ele tudo o que tinha acontecido pra depois ele ir dar uma surra no Philipe tal como acontecia quando éramos mais novos mesmo sem ele ter feito nada. Mas eu não podia. Embora Philipe não tenha sido explícito na ameaça que fez, eu ainda tinha medo do que ele pudesse fazer e não queria pagar pra ver.

As memórias na minha mente doíam muito mais do que as dores no meu corpo.

...

O dia já havia nascido a muito tempo mas mesmo assim eu queria continuar deitada. Júlia já tinha vindo várias vezes bater na minha porta preocupada mas eu fazia questão de nem responder até escutar uma voz mais grossa do lado de fora.

Era o meu pai.

Não sei como ele tinha coragem de vir me chamar pra comer quando ele era um dos maiores causadores do meu sofrimento.

     - Megan, eu não te aviso mais nenhuma vez! Abre a merda da porta! - Berrou ainda mais alto e bateu na porta como se quisesse arromba-la

Me levantei contrariada para ir abrir e notei que havia sangue na minha cama. Da mesma forma como havia ontem na cama de Philipe e isso me deixou mais assustada, não sabia o que estava acontecendo e nem podia pedir ajuda para ninguém. Só me restava esconder pra que ninguém descobrisse.

     - O que estava fazendo aqui dentro trancada durante tantas horas? Sabe a quanto tempo já amanheceu?

Tentei me manter calma e evitar que ele avançasse mais pelo quarto, quem o via falando desse jeito comigo até acreditava que ele estava preocupado.

     - Eu estava dormindo. - Respondi fria, tinha a certeza de que a minha aparência não era das melhores

     - Dormindo? - Ele riu enquanto eu permanecia séria e com olhar de ódio sobre ele. - Você não costuma mentir pra mim, Megan. O que estava fazendo? Tem alguém aí?

Ele tentou entrar mas eu me coloquei ainda mais a frente, olhei por cima dos seus seus ombros e vi Júlia com um semblante preocupado.

     - O senhor está mesmo preocupado comigo? Ou veio ver se a sua moeda de troca ainda está viva? 

Ele não demorou muio e rapidamente entendeu a indireta e agora devia estar se perguntando quem havia me contado.

     - Do que você está falando?

     - Eu não vou mais me casar com o Philipe! Acabou pai! Tente arranjar alguma outra forma de conseguir investimento com a empresa dos Helthon! - Depois de dizer tudo aquilo, obviamente estava esperando pela sua reação que não foi muito diferente da que eu estava habituada.

O meu pai continuou calado mas ao mesmo tempo sério, eu sabia que quando ele fazia essa expressão, coisas muito boas não aconteciam, pelo menos foi sempre assim comigo e com Thomás.

     - E isso quem decide é você? - Deu alguns passos até mim. - Escuta Megan, você vai sim se casar com ele porque eu quero e porque já está decidido. Pouco me importa o que ele faz ou deixa de fazer com você, entendeu?

     - VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO! EU NÃO VOU... - A sua mão veio diretamente ao meu rosto num tapa estalado, coloquei a mão no lugar incrédula tentando diminuir a ardência

Queria chorar. Mas como não queria fazer isso a frente dele, apenas baixei a cabeça e mordi o lábio tentando parecer indiferente, mas ele sabia o quanto havia me afetado. O que ele acabara de dizer e fazer não tinha me deixado nem um pouco surpresa, ele sempre decidiu tudo na minha vida e agora com certeza também não seria diferente.

Toda a minha infância girou em torno desse casamento, eu não podia ir a escola para não ter contato com outros garotos, não podia sair com as poucas amigas que tinha e consequentemente acabei ficando sozinha de novo depois da partida de Thomás.

     - Entendeu o que eu disse, Megan?

     - Sim, pai. - sussurrei com a voz trêmula

     - Ah e mais uma coisa. O casamento foi adiantado para a semana que vem. - O meu coração apertou e as minhas pernas falharam assim que fechei a porta. 

Eu achava que ainda teria meses para me preparar e até quem sabe ter um jeito de me livrar de tudo isso, mas Philipe foi muito mais esperto do que eu. Ele sabia muito bem o que estava fazendo desde a muitos anos atrás.

Casada Com Um Psicopata (Série Mentes Insanas - Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora