CAPÍTULO 20

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Philipe o obedeceu e me soltou, mas por mais que eu quisesse continuar ali observando o rosto sério do meu pai, sabia que isso não ajudaria em nada, poderia até dizer que pioraria ainda mais as coisas no meu psicológico por me iludir novamente achando que ele quisesse me ajudar. Toda a minha vida ele tinha sido assim e agora com certeza não seria diferente, a única diferença era que agora eu já não era mais uma criança ingénua e sim uma mulher adulta de dezoito anos que estava farta de criar ilusões na sua mente.

     - Megan. - A sua voz autoritária soou mais próxima do que nunca depois de três meses sem nos vermos, mas eu não iria me iludir novamente, agora tinha tanto ódio dele quanto tinha de Philipe. Fiz questão de abrir eu mesma a porta do carro e esperar pelo meu marido lá dentro, o que não tardou a acontecer visto que Philipe entrou poucos minutos mais tarde depois de conversar com o homem que eu havia chamado de pai por tantos anos, que mesmo depois de descobrir que eu estava grávida não se dignou a fazer nada para me ajudar a me livrar desse casamento abusivo.

Sentia o olhar de Philipe sobre mim como se fosse dizer alguma coisa mas apenas escutei a ordem que ele deu ao motorista para nos levar pra casa, era melhor assim, pelo menos naquele porão nojento eu poderia ter um pouco de sossego.

...

     - Onde você pensa que vai? - Parei imediatamente de andar, ele sabia muito bem aonde eu estava indo, não havia motivo pra perguntar. - Me espera no quarto, precisamos conversar.

Não questionei até escutar os seus passos se afastarem em direção ao escritório, com as pernas tremendo um pouco tirei os saltos e subi as escadas em até ao quarto.

Com certeza vai terminar o que começou no restaurante.

Me sentei na cama com uma das mãos acariciando a minha barriga, mal podia esperar hora de ter os meus filhos aqui fora, mas ao mesmo tempo estava com medo pela forma como seriam tratados pelo pai. Era mais do que óbvio visto pela forma com que Philipe me tratava.

Enquanto esperava até que ele aparecesse, andei pelo quarto onde já não dormia a dias e um envelope branco em cima do criado mudo chamou a minha atenção, olhei para a porta me certificando de que Philipe não iria aparecer tão cedo e o abri. No seu interior tinha algumas folhas com uma espécie de relatório que me deixou estupefata. Nas folhas continham a data, o local e a causa da morte dos pais de seus pais e outros detalhes, o assalto a casa de ambos havia sido provocada para assassinar os dois.

Cobri a boca com as mãos e soltei as folhas como se essas queimassem, me recusava a acreditar que Philipe tenha sido o mandante do assassinato dos próprios pais. Ainda trémula, tentei guardar as folhas antes que ele aparecesse mas o barulho da porta sendo aberta atrás de mim atrapalhou tudo.

     - Deveria deixar de ser tão curiosa, Megan. - Me virei para direção da porta onde Philipe estava parado com um copo de alguma bebida na mão.

Não era possível que ele tenha tido coragem de fazer tal coisa.

     - Foi você não foi? - A minha voz estava visivelmente falha e Philipe fez uma careta desentendido. - Mandou matar os seus próprios pais por causa da maldita herança?

     - Sim, fui eu e daí? Quem se importa? - Senti uma ligeira tortura e me sentei na cama tentando digerir aquelas palavras e a naturalidade com que ele as dizia

Meu Deus, eu estou realmente vivendo com um monstro.

     - Não podia simplesmente esperar até a natureza se encarregar disso? Tinha que mandar assassina-los? - Passei as mãos trémulas pelo rosto. - O que vai ser dos meus filhos...

Enquanto ainda tentava digerir toda aquela informação, Philipe havia terminado a sua bebida e pousado o copo na mesa ao lado da porta. Cada dia que passava eu descobria um lado ainda mais obscuro dele, não deveria me sentir chocada por nenhuma dessas descobertas mas sinceramente, eu estava começando a me preocupar seriamente com a minha segurança estando casada com um psicopata. Um psicopata que não se importava de ver a dor dos apenas para alimentar o seu próprio prazer e conseguir o que quer.

     - Pra sua informação eles nem sequer gostavam de você. - Deu de ombros. - Mas não tente mudar o assunto, Megan. Não foi pra isso que eu te chamei aqui. - Estava se tornando cada vez mais difícil manter a calma com aqueles olhos agora escurecidos me encarando com ódio. - Porquê contou ao seu pai que estava grávida? Aliás... Como contou a ele sem que eu soubesse? Você teve ajuda de algum dos empregados ou dos meus homens?

Me lembrei de quando estava no hospital e pedi ao médico que me deixasse falar com o meu pai, o problema agora era fazer com que ele não achasse que era mais uma mentira.

     - Foi no hospital... E-eu pedi ao médico que me... - Antes que eu terminasse a frase, a mão forte de Philipe rodeou o meu pescoço apertando-o.

     - Não brinque comigo, Megan. Você sabe muito bem do que eu sou capaz. - Quase nem sentia os meus pés tocarem no chão e o ar se tornava cada vez mais escasso. - E eu não me esqueci daquele teatrinho no restaurante. Você vai me pagar por aquele comportamento... E com juros.

Respirei finalmente quando ele me soltou e caí no chão de joelhos tentando recuperar o ar, Philipe viria para cima de mim novamente caso a porta não tivesse sido aberta de forma brusca. Um homem alto e loiro havia passado por ela se colocando entre eu e Philipe.

     - Você enlouqueceu? - Berrou autoritário. - Quer matar a sua própria esposa?

     - Eu não ia mata-la. Apenas estava dando um corretivo. - Ele disse mais calmo andando pelo quarto. - Espera, você não deveria estar nos estados unidos, Elliot?

     - Deveria, mas ainda bem que voltei a tempo, não acha? - A mão do tal Elliot estava estendida para mim tentando me ajudar, mas se ele era amigo de Philipe com certeza também não era de se confiar. Ignorei a sua mão e me levantei sozinha apoiada na cama, ainda sentia o ar não chegando nos meus pulmões e o olhar dos dois estava em mim. - Você está bem?

Permaneci calada.

     - Ela está ótima. Sabe como são as mulheres, gostam de fazer drama. Mas nada que uma boa surra não resolva.

Elliot pareceu ignorar a última observação do amigo e ainda tinha a atenção presa em mim, mas o seu olhar não era de raiva ou de ódio, era de pena, o que me irritou ainda mais. Era esse o mesmo olhar que o meu pai tinha a algumas horas atrás quando nos encontramos a porta do restaurante, eu não precisava da pena dele agora, de ninguém pra ser mais exata. Me fazia sentir uma coitada, ou talvez eu fosse isso mesmo.

     - E eu achando que você poderia mudar depois de se casar. Acho que ficou pior ainda. - Se dirigiu ao Philipe. - Prazer, me chamo Elliot Peters e você?

Ainda receosa pela reação de Philipe, apertei a mão estendida do homem a minha frente. - Megan, Megan August.

     - Vamos conversar no escritório, Elliot. E você... - Apontou para mim. - Volta para a merda do porão e me espera lá, a nossa conversa ainda não acabou.

Engoli em seco vendo Philipe saindo primeiro do quarto, Elliot deu um sorriso reconfortante para mim e colocou ambas as mãos nos bolsos da calça social impecável. - Fica tranquila, eu vou... tentar conversar com ele.

Assenti em silêncio e o vi sair também pela porta do quarto. A minha cabeça fora atingida por uma enorme dor e eu fiz uma careta me apressando para sair do quarto, mas antes disso, tomei um banho quente tentando relaxar e troquei o vestido por uma roupa mais confortável.

     - Vai ficar tudo bem, mamãe vai tirar a gente daqui. - Sussurrei acariciando a minha barriga sentindo novamente a mesma vontade de chorar.





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Ebbbbbbaaa!!!! 1000k de leitura, amo vcs!

Continuem lendo, comentando e votando porque muitas coisas más ainda vão acontecer (infelizmente) antes das "boas", por isso não desistam da obra, tá bom?

Espero que estejam gostando, ah e... amo ler cada comentário de vcs kkkkk (Ainda k sejam poucos T-T) 

Bjs Iva

Casada Com Um Psicopata (Série Mentes Insanas - Livro 1)Where stories live. Discover now