CAPÍTULO 9

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Mais tarde Philipe disse que tinha alguns assuntos importantes para resolver por isso depois de ter todas as minhas coisas arrumadas no quarto que agora seria nosso, decidi explorar a casa, pelo menos as partes que mais me interessavam.

Enquanto andava pelos corredores via várias empregadas circulando de um lado pra outro apressadas que apenas me cumprimentavam em voz baixa e de maneira muito formal até que uma delas foi mais simpática e até sorriu.

A garota aparentava ter mais ou menos uns vinte anos pela sua aparência jovem, me questionei mentalmente se ela não deveria estar na faculdade ou fazendo algo que gostava de verdade ao invés de trabalhar para Philipe que com certeza deveria ser um verdadeiro tirano para os seus empregados.

O jardim não era muito diferente de toda a casa, também era incrivelmente lindo por inúmeras flores e a grama verde dava ainda mais destaque ao lugar.

     - Onde está o Philipe? - Me assustei com a voz atrás de mim e como estava distraída um dos espinhos de uma das rosas que eu tocava acabara de ferir o meu dedo. Fiz uma breve careta e me virei na direção da voz, era um homem visualmente jovem vestido com roupas formais, devo ressaltar que era também ligeiramente parecido com Philipe

     - Eu não sei. - Respondi ainda brava pelo susto

O homem pareceu desinteressado na minha resposta e os seus olhos azuis apenas me observaram com atenção, parecia tentar reparar em algo. Tinha as mãos nos bolsos das calças e a cabeça ligeiramente inclinada para o lado direito até fazer uma cara de surpresa visivelmente se lembrando de algo.

     - Você deve ser a Megan, não é? Esposa do Philipe.

Infelizmente...

     - Sim. - Respondi desconfiada. - Mas porquê quer saber?

Ele deu uma risada que me deixou sem entender, mas também não estava disposta a perguntar o motivo, por isso apenas tentei prestar atenção na pequena gota de sangue que descia pelo meu dedo indicador.

     - Eu sou Lucas, primo dele. - Só depois de dar alguns passos até mim ele pareceu notar o meu dedo e tirou do seu bolso um lencinho de papel envolvendo-o no meu dedo sem nem sequer pedir autorização. - Me desculpe por isso, você deve ter se machucado por minha culpa.

Uma picada no dedo era uma dor muito pequena se comparada a que eu já senti.

     - Está tudo bem. - Dei apenas um sorriso breve e soltei a minha mão da sua rapidamente depois de me sentir incomodada com o seu toque, não iria manter conversa com um desconhecido por mais gentil que ele fosse.

     - Espera. - Ele me parou com a mão no meu ombro quando ameacei gestualmente que iria embora, o sol estava se pondo e Philipe poderia chegar a qualquer momento. - Me desculpe se fui mal educado, é que... só não te reconheci antes porque você me pareceu nova demais pra ser esposa de alguém.

Quando ia responder, uma mão forte me puxou pelo braço para trás e eu quase caí, era Philipe. - O que eu falei sobre sair sem a minha autorização?

     - Eu só vim até ao jardim, não é propriamente fora de casa! - Reclamei tentando me soltar

     - Philipe, você está machucando a garota. Ela não fez nada de mais. - Lucas disse em minha defesa quando viu a minha careta de dor a medida que Philipe apertava o meu braço

     - Ela é minha esposa e eu não quero você de papo com ela, entendeu? - Estava com cara de choro e sentia que Lucas me olhava com pena, era constrangedor estar assim na frente deles. - Megan vai pro quarto agora, a gente conversa depois.

Não pensei duas vezes e saí correndo até ao quarto deixando os dois conversando ou brigando no jardim, o meu braço estava vermelho e doendo muito. Fechei a porta atrás de mim e me joguei na cama chorando de novo, nem sei de onde conseguia tirar tantas lágrimas. Escutei batidas na porta mas ignorei, se fosse Philipe de certeza que ele não iria bater na porta do próprio quarto.

Não demorou muito até que ele entrasse quase arrombando a porta furioso, Philipe avançou até mim e segurou no meu cabelo com força me obrigando a olhar nos seus olhos assustadores.

     - Você realmente não aprende, não é? Bastou eu sair pra ficar de gracinha com o meu primo.

O meu rosto ardeu quando ele me deu um tapa que quase me deixou surda, os seus olhos vermelhos e o olhar de ódio mostravam o quanto ele estava bravo comigo.

     - Eu não estava fazendo nada de mais... - Chorei. - Só estávamos conversando.

     - NÃO IMPORTA! Você só tinha que me obedecer mas parece que essa tarefa era difícil demais, não é?

Só me desesperei de verdade quando ele me soltou apenas para abrir os botões da camisa que estava usando e me jogar na cama com brutalidade. Estava tremendo e só conseguia chorar implorando que ele não me machucasse embora ele parecia não querer me escutar.

Depois de me bater e de me violentar, eu estava demasiado cansada e dolorida pra continuar acordada, então adormeci rapidamente soluçando.

...

Acordei com alguém batendo na porta do quarto. Estava sem forças e vontade alguma para de levantar, como Philipe não estava ao meu lado imaginei que ele já tivesse ido trabalhar. Catei as minhas roupas pelo chão e vesti apenas uma blusa e abri a porta do quarto dando de cara com a empregada simpática. Ela me olhou surpresa mas depois o seu olhar se tranquilizou.

     - Bom dia, senhora. Eu trouxe o seu café da manhã. - Deixei que ela avançasse pelo quarto e colocasse a bandeja de comida em cima do criado mudo, se havia uma coisa que eu não tinha mesmo naquele momento era fome. - Só estava preocupada, já está quase na hora do almoço e a senhora ainda não tinha descido para tomar o café da manhã.

     - Por favor não me trate por senhora. - Suspirei cansada e voltei pra cama, a minha voz estava gravemente rouca. - Me chamo Megan.

Ela assentiu em silêncio.

     - O seu rosto está machucado. - Eu já imaginava que estivesse, na verdade todo o meu corpo estava, Philipe ontem havia perdido completamente o juízo e me fez coisas horríveis que eu não queria nem lembrar, tudo porque estava conversando com o seu primo. - Me desculpe, não queria me intrometer.

     - Tudo bem, é...

    - Me chamo Mariana. - Sorriu. Me lembrei que a namorada do Thomás também se chama ou chamava Mariana, mas de certeza que era apenas coincidência.

Sorri de volta pra ela e finalmente decidi tomar um banho e depois tomar o meu café da manhã atrasado mesmo sem fome, pelo menos para não preocupar ainda mais a garota que com certeza sabia de tudo o que estava acontecendo.

Casada Com Um Psicopata (Série Mentes Insanas - Livro 1)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora