CAPÍTULO 24

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Júlia continuava me abraçando como sempre fazia quando o meu pai brigava comigo, o seu abraço era das coisas mais reconfortantes do mundo e a única forma de me sentir amada por alguém. Thomás que continuava encostado na batente da porta observando toda a cena de braços cruzados, lançava um ou outro olhar de ódio para meu pai. Ele não entendia o porquê de eu ter sido castigada apenas por estar brincando lá fora com um dos seus vizinhos e o castigo do meu pai conseguia ser bastante cruel mesmo eu tendo apenas doze anos.

     - A próxima vez que você sair por aquelas portas de novo para se encontrar com quem quer que seja, irá se arrepender. - Apenas a sua voz forte conseguia me assustar ainda mais do que a sua mão pesada. Júlia continuava me abraçando. - Entendeu, Megan?

     - Sim... - Respondi ainda entre soluços involuntários e meu pai se afastou depois de xingar um palavrão qualquer.

A dor no meu rosto estava insuportável e de certeza iria ficar roxo mais tarde, levantei o olhar lentamente para Thomás que continuava observando toda a cena e a expressão no seu rosto só se amenizou depois que meu pai deu as costas. Ele não poderia me dar um abraço naquele momento por causa do meu pai, mas ainda assim se aproximou e tocou na minha cabeça delicadamente.

     - Papai só agiu assim porque quer que você se comporte agora que está noiva de Philipe. - Fiz uma pequena careta quando a sua mão tocou no meu rosto machucado mas não a afastei. - Por mais que ele não tenha razão, é melhor obedecê-lo a partir de agora para evitar passar por isso de novo.

     - Mas eu não fiz nada de mal...

     - Eu sei que não fez, princesa. - Suspirou cansado e afastou finalmente a mão de mim. - Mas sabe como é o nosso pai e que não deve contraria-lo. Mas não se preocupe, eu vou te proteger sempre que puder.

Assenti em silêncio e o vi se afastar também pela mesma porta que o monstro do meu pai, sei que irá conversar com ele mas mesmo estando nos braços confortáveis de Júlia, me senti vazia assim que ele se foi.

Me virei para o lado esquerdo da cama que nem sequer me lembrava como tinha ido ali parar, as lembranças de toda a minha infância só faziam o ódio dentro de mim pelo meu pai aumentar e com Thomás não estava sendo muito diferente. Ele não tinha o direito de me abandonar assim mesmo que eu tenha sido teimosa, ele tinha que entender que eu não passava de uma adolescente apaixonada e não diferente de muitas que se deram mal na vida.

     - Ei, você está bem? - A voz de Lucas me trouxe a realidade, estava tão cansada e distraída que nem sequer tinha notado a sua presença ao lado da cama. No meu pensamento eu ainda estava debaixo das garras de Philipe e só então as memórias de tudo o que aconteceu foram voltando. Eu tinha conseguido fugir dele graças a Lucas e a última memória que tenho é de estar num veículo em movimento. Parecia que eu tinha dormido durante horas ou dias e sinceramente senti o meu coração mais calmo do que nunca, uma sensação que já não sentia a meses.

     - Sim... O que aconteceu?

Ele se sentou delicadamente na borda da cama e consegui sentir mais de perto o seu perfume inebriante, estava vestido de maneira formal como se fosse sair ou tivesse voltado de alguma reunião importante.

     - Você adormeceu durante a viagem e como parecia cansada eu não achei certo te acordar. - Sorriu

     - Me desculpa... - Olhei a minha volta pela primeira vez analisando o espaço a minha volta, era um quarto grande e luxuoso. - Aqui é a sua casa?

     - Uma delas. E não se preocupe com Philipe, ele não vai te achar aqui. - A sua mão repousou delicadamente por cima da minha mas rapidamente eu me afastei, era desconfortável estar sendo tocada por alguém, além do mais, por mais que eu fosse grata a Lucas, eu não conseguia confiar nele a cem porcento. Pra ser sincera, não conseguia confiar em mais ninguém depois de tudo o que passei.

Casada Com Um Psicopata (Série Mentes Insanas - Livro 1)Where stories live. Discover now