CAPÍTULO 36

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JASON

O fato de saber que Camila jamais voltaria era uma das coisas que mais me atormentavam todas as noites, muito mais do que ter de viver com a responsabilidade de cuidar dos nossos filhos sozinho. Não era uma tarefa fácil, mas até hoje eu o fazia porque prometi a ela. Agora em frente ao berço rosa perfeitamente confortável onde Louise dormia, não conseguia parar de observar o quanto elas se pareciam. A mesma pele ligeiramente escura e macia e os cabelos negros e brilhantes, eram idênticas, era por isso que na maioria das vezes eu evitava encara-la diretamente, até os olhos dela estavam na filha.

Louis por outro lado já se parecia mais comigo, tinha os olhos azuis, a pele mais ligeiramente mais clara e o cabelo liso, se não fossem observados atentamente poucos diriam que eram gémeos. Toquei levemente na testa da minha filha e notei que a sua febre estava um pouco alta, ela sempre adoecia, o que dava muito mais trabalho para Maria que era sempre quem cuidava deles. No fundo eu sabia que teria de encontrar mais tempo para os meus filhos, mas como faria isso se só de olhar pra eles me lembrava o quanto eu era feliz com Camila? E todos os planos que fizemos para depois que eles nascessem?

Realmente era irresponsabilidade minha e Maria que era quase como uma mãe pra mim já nem se dava ao trabalho de me alertar sobre isso, ela sabia que a minha própria consciência mais cedo ou mais tarde se encarregaria de me julgar. Além da empresa eu tinha a minha profissão  como psicólogo que apenas exercia de vez em quando, ajudar alguém já não era um desejo tão constante quanto antes até conhecer Megan, irmã do Thomás.

Uma garota tão quebrada e destruída pela vida quanto eu cuja uma vontade nesse momento agora é encontrar um pouco de paz. Megan havia sido obrigada a se tornar uma mulher muito cedo e teve a vida feita num inferno por alguém que não me surpreende nem um pouco, Philipe sempre fora assim desde que ainda éramos muito novos. Um ser humano desprezível e sem nenhum tipo de limites quanto a sua vontade. Ela havia sido apenas mais uma de suas vítimas em meio a tantas, os seus olhos não tinham brilho e qualquer sorriso seria apenas para disfarçar algum tipo de dor que estivesse sentindo, ao mesmo tempo ela conseguia ser linda e forte mesmo sendo bastante nova, talvez tenha sido isso que me atraiu para ela.

     - Eles acabaram de comer, senhor. - Maria disse atrás de mim, estava tão perdido nos meus pensamentos que nem a tinha visto chegar. - Mas Louise não parecia estar muito bem.

     - Também notei. - Avaliei mais uma vez a minha filha. - Eu cuido deles, pode ir descansar Maria.

     - Conlicença.

Suspirei pensando no que fazer, era preciso a garota adoecer pra eu começar a dar um pouco mais de atenção. Peguei o celular do meu bolso e liguei para Thomás que atendeu depois de um tempo.

     - Estou trabalhando, idiota.

     - Eu sei. - Respondi seco, pelos vistos ambos estávamos com um péssimo humor hoje. - Preciso que avise a sua irmã que não vou poder aparecer hoje pra consulta. Louise não está bem e vou levá-la pro hospital.

     - Eu te dei o número dela, esqueceu?

     - Não. Mas não acho que tenhamos esse tipo de intimidade, ela pode não gostar.

Ao contrário do que eu pensava Thomás não estava de mau humor, muito pelo contrário, tinha a certeza que ele estava numa das suas salas de reunião mas ainda assim deu uma gargalhada alta. Sabia o que aquilo significava e não consegui deixar de bufar irritado.

     - Qual é, Jason. Vai me dizer que ter esse tipo de intimidade com ela não é tudo o que você quer?

     - Não viaja, cara.

Casada Com Um Psicopata (Série Mentes Insanas - Livro 1)Where stories live. Discover now