Casada Com Um Psicopata (Série Mentes Insanas - Livro 1)

CAPÍTULO 3

     - Thomás?

Bati na porta com delicadeza e apenas avancei pelo quarto quando escutei a sua voz autorizando.

Thomás estava dentro do closet que já estava quase todo vazio, sobravam apenas algumas peças que eu calculei que ele não fosse levar. Ele não se virou para trás para me ver, mas já sabia que era eu e simplesmente continuou fazendo as malas despreocupado.

     - Está fugindo? - Perguntei num tom divertido na tentativa falha de amenizar a tensão que havia ali.

Ele respondeu apenas depois de fechar a mala maior e se virou para mim com uma expressão nada agradável.

     - Você sabe o que eu penso sobre esse seu casamento com Philipe. - Ele respondeu apenas depois de fechar a outra mala mais pequena.

Suspirei sabendo que poderíamos começar uma briga a qualquer momento. De novo.

     - Por Deus, Thomás. Não acha que está sendo protetor demais? Acha mesmo que eu insistiria nesse casamento se soubesse que não iria ser feliz com ele?

O meu irmão pousou as mãos nos meus ombros e olhou profundamente nos meus olhos, era como se tentasse descobrir algo através do meu olhar.

     - Eu te amo muito, Megan. - Sorri. - E é por te amar desse jeito que posso garantir que ele não é a pessoa certa pra você. Entenda, eu quero muito que você seja feliz, até mais do que você mesma. - Disse calmo

Desviei o meu olhar para a esquerda não querendo continuar aquela conversa que se dependesse de mim, não levaria a lugar algum.

Claramente ele estava enciumado, era aquele típico ciúme do irmão mais velho para com a irmã e isso já estava me desgastando.

Mordi o lábio inferior e me arrependi do que disse antes mesmo de dizer.

     - Eu sei o que é melhor pra mim, Thomás! E se você me amasse de verdade como diz, entenderia a minha decisão! Faça uma boa viajem.

Me afastei das suas mãos com brutalidade e saí do seu quarto em direção ao meu quase correndo.

Poxa, Thomás era o único membro dessa família com quem eu poderia contar para tudo, era meu irmão e acima de tudo um amigo, coisa que eu nunca tive ao longo da minha vida e agora esse mesmo amigo não conseguia aceitar as minhas escolhas.

Era frustrante a forma com que ele colocava os seus sentimentos acima dos meus. Tomei um banho quente para me acalmar e fui me deitar na tentativa de descansar depois de tudo o que aconteceu nesse dia exaustivo.

...

Acordei com pequenas batidas na porta do meu quarto, me sentei na cama ainda contrariada e ordenei que a pessoa entrasse. Era a Júlia, uma das minhas babás que agora aparentava estar mais velha e cansada do que nunca. Realmente eu havia crescido e desenvolvido tão rápido que nem sequer havia notado no quanto as coisas a minha volta haviam mudado.

     - Bom dia, menina Megan. - Disse e pousou uma enorme caixa retangular em cima da minha cama. - Chegou esta manhã para si.

Assenti em silêncio e um pequeno sorriso surgiu nos meus lábios, tinha quase a certeza que era mais um presente do Philipe.

     - Obrigada, Júlia. - A mulher saiu pouco depois e fechou a porta atrás de si, só assim me senti mais a vontade para ver o meu presente.

A caixa era toda preta, desde a tampa até a base e quando a abri cuidadosamente, um lindo vestido fez com que o meu sorriso se alargasse ainda mais. Pulei da cama esquecendo o sono e corri até ao closet segurando-o em frente ao espelho. Era também totalmente preto, justo, um pouco acima dos joelhos e não tinha ombros, achei-o lindo mas ao mesmo tempo ousado demais.

Que Philipe tinha um comportamento peculiar isso eu já sabia, apenas queria saber até onde os seus gostos iriam me influenciar. Dentro da caixa havia outra peça de roupa e um bilhete.

Arregalei os olhos quando vi que era uma lingerie de renda preta e tinha a certeza que o meu rosto estava rubro. Ele só podia estar louco, por que motivo ele me ofereceria uma lingerie se não somos nem sequer casados ainda?

Dei de ombros e abri o bilhete e dizia:

"Espero que tenha gostado dos presentes, quero que os vista esta noite, tenho uma surpresa que você vai adorar, esteja pronta as oito."

Eu deveria estar parecendo muito boba sorrindo para um pedaço de papel, mas isso foi inevitável quando o lindo sorriso de Philipe surgiu na minha mente, o seu perfume suave, o nosso primeiro beijo, a forma com que ele me envolvia a ele. Era enlouquecedor.

Pouco mais tarde depois de tomar um banho quente, desci até a cozinha para tomar o café da manhã e meu pai ainda estava na mesa. Estranhei a sua presença ali porque já eram quase dez horas da manhã e normalmente ele acorda muito mais cedo.

     - Vai sair hoje? - Foi a primeira coisa que ele perguntou sem nem mesmo ter me dado bom dia. Realmente eu iria sair mas...

Como é que ele soube disso?

     - Vou sim, pai. - Me sentei na mesa. - Mas eu ia pedir a sua...

     - Você não precisa da minha permissão. - Estranhei. - Desde que esteja com ele está tudo bem.

Ele? Ele sabe que vou sair com Philipe?

Assenti ainda um pouco confusa e continuei comendo, meu pai estava estranhamente feliz e isso começou a me perturbar um pouco, ele raramente sorria para mim e agora estava me tratando bem, nem sequer havia gritado comigo uma única vez.

De repente Thomás veio a minha mente, não o tinha visto mais desde a nossa briga de alguns dias atrás, com certeza ele já tinha viajado para a Europa. Eu não queria que as coisas entre nós os dois acabassem assim, mas ele não conseguia aceitar o fato de eu amar o Philipe, então eu não podia fazer mais nada.