CAPÍTULO 43 [ESPECIAL]

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[O capítulo acabou ficando um pouco grande, espero que não se importem. Se for cansativo pra vocês me avisem que eu vou ter mais cuidado da próxima vez.]

JASON

Philipe e eu estávamos em frente ao túmulo de nossos pais, era uma obra perfeitamente esculpida no jardim traseiro da própria casa. Fazia séculos desde a última vez em que pus os pés aqui, uns... Oito ou dez anos talvez? O motivo de eu ter partido assim pra tão longe era quase o mesmo que de todos os adolescentes na minha idade, mas havia algo ainda maior, a necessidade de me afastar de uma família em que todos os dias eu me sentia a mais, onde a senhora Sílvia fazia questão de jogar na minha cara sempre que podia que eu não passava de um bastardo e o meu pai não não fazia absolutamente nada para ajudar. Sinceramente, nunca tive muito interesse em saber como era a minha verdadeira mãe, tudo o que disseram é que ela tinha morrido assim que eu nasci e meu pai foi incapaz de me abandonar mesmo escutando reclamações da mulher. Preferia ter continuado sozinho, sem nunca te me envolvido com essa... "Família".

Se havia alguém que não tinha do que reclamar, esse alguém era Philipe que sempre fora adorado por ambos os seus pais, ele nasceu quando eu tinha dois anos e toda a casa comemorou a sua chegada, ao contrário da minha que só recebi desprezo e olhares de ódio. Sempre escutava minha madrasta resmungar ao meu pai que não suportava mais continuar vivendo debaixo do mesmo teto que eu. Agora lendo os seus nomes Mike e Sílvia Van Helthon, passou pela minha mente a ideia de que ela finalmente encontrou a paz que tanto desejava.

Ou não...

A verdade é que Philipe sim tinha todo o direito de amar os pais que tinha e não acabar os assassinando, era revoltante ver pessoas mimadas que sempre tiveram tudo o que quiseram reclamar da vida e cometer um crime apenas porque recebeu um não desta vez. Felizmente eu nunca fui assim e mesmo que a vida tenha tirado de mim a única mulher que eu amei de verdade, ela me deu duas lindas partes dela e poderia dizer com toda a certeza que Louis e Louise eram nossas verdadeiras cópias.

     - Porquê fez isso, Philipe? - Quebrei o silêncio instalado ali onde permanecia apenas nós dois e o barulho do vento forte batendo contra nossos rostos. - Quer dizer, você poderia muito bem viver simplesmente com o que tinha, já era mais do que o suficiente para alimentar as suas próximas três gerações.

Ele deu uma risada baixa mas desta vez sem muito humor. - E quem disse que foi pela herança?

Bom, pelo menos era a única explicação que eu tinha, não era muito normal ver filhos assassinarem os pais a não ser que eles tivessem sido diagnosticados com algum tipo de doença psicológica. O que era sim o caso do meu irmão que os pais hipócritas sempre tentaram esconder de todos e me pintando a mim como o desprezível.

     - Então não é esse o motivo? - Cruzei os braços no peito tentando me colocar mais confortável, era raro conseguir falar seriamente com ele e quando conseguia não durava muito. - Apenas não diga porque foi divertido. -  A sua típica frase depois de fazer merda

     - Não vou negar que foi divertido. - Bufei irritado negando com a cabeça. - Mas o principal culpado de tudo isso foi você. A minha vida não era assim tão maravilhosa quanto você acha. Eu nunca fui nenhum menino mimado em busca de mais atenção, muito pelo contrário, eu queria mil vezes estar no seu lugar.

     - Não fale bobagens.

Philipe deu uma gargalhada escandalosa, daquelas que não se deve dar em frente a um túmulo.

     - Bobagens? Nunca falei tão a sério, bastardo. E é por isso que te odeio. - Deu uma pausa antes de continuar. - Você nunca teve que suportar toda essa pressão, nunca foi obrigado a ser a pessoa que os seus pais queriam que você fosse, nunca teve que passar horas diárias trancado estudando e nem nunca foi jogado numa empresa ao quinze anos como diretor.

Casada Com Um Psicopata (Série Mentes Insanas - Livro 1)Where stories live. Discover now