Casada Com Um Psicopata (Série Mentes Insanas - Livro 1)

CAPÍTULO 8

     - Júlia... Você acha que a minha mãe estaria orgulhosa de mim agora? - Essa era uma pergunta que eu nunca consegui esquecer mesmo que a morte dela já tenha passado muitos anos, eu sempre me perguntava se de lá onde ela está, ela está feliz com as escolhas que tenho feito.

Com certeza Júlia sendo minha babá desde que me lembro era a pessoa mais indicada para me responder a essa pergunta, eu estava nesse momento com a cabeça no seu colo enquanto enquanto sentia as suas mãos acariciarem o meu cabelo, eu sempre fazia isso quando era mais nova.

     - Posso responder sinceramente? - Levantei rapidamente o olhar para ela, estava séria e isso só me deixava ainda mais apreensiva pela sua resposta. - Eu creio que não, menina Megan.

Suspirei e voltei a me deitar, era óbvio que não, com certeza a minha mãe iria querer que eu tivesse escutado o Thomás e agora estava mais do que desiludida com as minhas ações.

     - A sua mãe também se casou muito cedo. Mais ou menos com dezoito anos e devo dizer que a relação dos seus pais... não era muito agradável. - Ela falava com um certo receio, o que me deixou ainda mais curiosa

     - Como assim? Eles brigavam muito?

     - Pior do que isso... mas não vamos falar sobre isso agora. Hoje é um dia muito importante e você já está mais do que atrasada.

Era o dia do meu casamento e tudo o que eu mais queria era nunca ter conhecido o Philipe, queria poder voltar no tempo e nunca ter me apaixonado por ele, pelo menos o sofrimento e o sentimento de desilusão seria menor.

Júlia notou a minha expressão de infelicidade e colocou as duas mãos no meu rosto olhando dentro dos meus olhos como se quisesse encontrar alguma resposta.

     - O que há com você? Ainda a semanas atrás estava radiante de alegria. - Suspirei e finalmente me levantei da cama, nem me importava se o vestido estava amassado por mais lindo que ele fosse. Era todo coberto de renda e as costuras eras extremamente delicadas e detalhadas, me sentia linda mas ao mesmo tempo não.

     - E se eu disser que não quero me casar? E se eu disser que não na frente de todos?

     - Você estaria arrumando um grande problema. - Foi o meu pai quem respondeu a minha pergunta entrando no quarto sem nem sequer bater. A minha babá se recompôs rapidamente e cumprimentou-o. - Vamos Megan, não temos muito tempo.

Limpei rapidamente uma lágrima que caiu de um dos meus olhos, estava decidida a enfrentá-lo.

     - Eu não quero pai!

Júlia entreabriu a boca espantada mas o meu pai permaneceu com o olhar severo de sempre, parecia estar processando a informação com o cenho franzido.

     - O que está dizendo?

     - Eu disse que não quero me casar com o Philipe! - Repeti em voz alta, desta vez não tinha como ele achar que tinha escutado errado

Júlia se retirou do quarto tal como o meu pai a havia ordenado e um silêncio pavoroso se estabeleceu por ali antes que alguém o quebrasse e esse alguém foi o meu pai. Ele avançou rapidamente na minha direção e segurou o meu braço apertando-o, não conseguia parar de chorar e nem me manter calma.

     - Você vai descer aquelas escadas silenciosamente, se casar porque o seu noivo está esperando e vamos fingir que essa conversa nunca aconteceu. Não vou perder dinheiro por causa de uma menina mimada como você! Entendeu? - Ele apertava o meu braço cada vez mais a cada palavra que dizia num tom extremamente ameaçador e quase fiquei surda por conta dos seus berros no meu ouvido. - Entendeu, Megan?

     - Sim, pai... - Suspirei finalmente aliviada quando consegui me soltar do aperto no meu braço que com certeza iria deixar marca, não queria acreditar que isso estava acontecendo. Tinha de haver alguma possibilidade ou alguma forma de eu conseguir sair dessa, não é possível que ele estava realmente decidido a colocar o seu maldito dinheiro acima da minha felicidade.

     - Cada dia se parece mais com a sua mãe... - Foi a última frase que ele disse antes de sair do quarto.

...

Tinha os olhares de todos em cima de mim enquanto que o meu não se desviava do homem a minha frente no final do longo corredor do tapete vermelho. A maior parte das pessoas ali eu não consegui reconhecer, apenas uma ou outra que eram parentes distantes ou amigo e sócios do meu pai. Philipe também recebia a maior parte dos olhares femininos, estava vestido um terno preto e o seu cabelo estava perfeitamente arrumada para trás, qualquer mulher poderia cair aos seus pés apenas com um único olhar seu naquele momento, qualquer mulher que não o conhecesse de verdade.

Assim que chegamos ao fim do corredor, o meu pai beijou a minha testa depois de sussurrar no meu ouvido algo como: "Trate de se comportar" e se afastou me deixando ao lado de Philipe que rapidamente envolveu o seu braço na minha cintura.

     - O que eu disse sobre o seu cabelo preso? - Sussurrou

     - Você não manda em mim! - Obviamente que não iríamos começar uma briga ali em frente a um padre e a centenas de convidamos, mas eu sabia muito bem que as coisas iriam ficar muitos feias para o meu lado mais tarde assim que estivermos só os dois, o seu olhar dizia isso.

Toda a cerimónia decorreu de acordo com o habitual e logo mais tarde antes de se irem embora os convidados vinham nos parabenizar pelo casamento, já estava ficando farta de agradecer, forçar sorrisos e posar para fotos.

...

Pela primeira vez estava entrando na casa que a partir de hoje seria minha, era uma das casas de Philipe, uma linda mansão com um lindo jardim a frente tal como a casa do meu pai onde eu morava até ontem. Morar numa casa tão grande quanto essa na companhia dele já começava a me assustar antes mesmo de sequer colocar os pés nela. Estava no quarto que seria o nosso e não queria de jeito nenhum que ele me tocasse de novo, não sabia como iria reagir depois de tudo o que aconteceu.

     - Qual é o problema? - Perguntou me aproximando mais dele, felizmente o vestido impedia que houvesse mais contacto. - Não está feliz por estarmos finalmente casados?

     - Quer mesmo saber a minha resposta?

     - Só não diga nada que não vá se arrepender mais tarde. - Sorriu ladino. - Sabe Megan, as coisas a partir de hoje vão funcionar da seguinte forma: Eu mando e você apenas faz, sem questionar, entendeu?

A tal regra não me deixou nem um pouco surpreendida muito pelo contrário, já estava esperando algo assim vindo dele.

     - Mais alguma coisa? - Perguntei irônica, não queria deixar tão claro que aquilo havia me afetado. Philipe se levantou da cama onde estava sentado e se reaproximou de mim, dessa vez levantando o meu rosto para olhar nos meus olhos.

     - Sim... Você só vai poder sair daqui com a minha devida autorização. Ah e... não quero você conversando com ninguém muito menos com os empregados.

As suas regras não eram muito diferentes das do meu pai, por isso acho que poderia cumpri-las perfeitamente sem me sentir presa, afinal era assim que eu me senti a vida inteira. Agora com certeza não seria diferente.