CAPÍTULO 14

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Só quando voltei para a empresa depois do almoço é que eu me dei conta do quão tarde já estava e Philipe já tinha ido pra casa. Por isso apenas aproveitei para deixar mais algumas coisas em ordem por ali visto que passei muito tempo fora e pedi ao motorista que me levasse também pra casa.

Sinceramente eu tinha medo de voltar, estava muito assustada porque sabia que ele iria querer saber o motivo da minha demora mas eu não poderia dizer que estive com o seu primo Lucas e que ainda por cima nos beijamos.

Dentro do carro eu não conseguia pensar em outra coisa, ainda conseguia sentir a sensação dos lábios suaves dele contra os meus e não contive um sorriso. A sua mão macia contra a minha cintura e os seus olhos profundamente hipnotizantes, era com ele que eu deveria ter me casado e não com o Monstro do Philipe, se Lucas fosse o pai do meu filho tudo poderia ser diferente agora.

Coloquei uma das mãos sobre a minha barriga e suspirei me lembrando de alguns problemas que ainda teria que enfrentar, com tudo o que aconteceu hoje eu quase tinha me esquecido da ida a clínica. Só de me lembrar disso batia uma enorme vontade de chorar e voltar para minha casa de onde eu nunca deveria ter saído, ou fugir para longe de tudo e de todos visto que a minha família também não era muito diferente de Philipe.

O meu pai sabia muito bem desde o início no que estava me metendo, mesmo assim preferiu continuar, Thomás meu irmão mais velho viajou para a Europa e pelos vistos também está pouco se importando comigo. Resumindo, eu não tinha a quem pedir ajuda, a única pessoa que poderia ajudar - caso estivesse viva - era a minha mãe. Porque de acordo com meu pai, ela esteve desaparecida durante muito tempo mas depois teve uma morte misteriosa onde nem sequer encontraram o corpo. Eu preferia até nem pergunta muito sobre o assunto quando era mais nova porque sentia que ele não gostava muito de falar sobre isso, na maioria das vezes gritava comigo, me batia e me deixava de castigo mo quarto, apenas Thomás e Júlia iam me ver, também estava morrendo de saudades dela.

...

Desci do carro depois do motorista que era o segurança abriu a porta. Tinha o coração extremamente agitado apenas por imaginar o nível da irritação de Philipe tentei ao máximo me acalmar, quem sabe não conseguiríamos ter uma conversa normal.

Entrei em casa e tirei os saltos dos pés, estava doida para me livrar desses sapatos desconfortáveis e algumas empregadas me cumprimentaram, entre elas estava Mariana que desta vez não estava tão sorridente.

     - Oi, Mariana. O meu marido já chegou?

     - Sim, senhora. - Dei um sorriso cínico. Estava esperançosa que ela dissesse que não

Droga!

     - Hum, obrigada.

     - Megan? - Me virei para ela antes de subir os primeiros degraus que davam acesso ao andar de cima. - Bom, não é nada. Apenas... Tem cuidado. Ele não parece estar de muito bem disposto hoje.

Como se alguma vez estivesse...

     - Obrigada. Ah e... Depois precisamos conversar. Tenho muitas coisas para te contar. - Ela sorriu animada e eu continuei subindo as escadas em direção ao quarto.

Cada passo que dava o meu coração ficava mais apertado ainda, não fazia ideia do que é que aquele desequilibrado estava aprontando dessa vez por isso entrei com cuidado já vendo várias das minhas coisas espalhadas pelo chão. Estranhei e avancei pelo devagar até dar de cara com Philipe ao lado da janela, as minhas pernas quase falharam e eu meu coração quase parou de tão rápido que batia. Ele parecia ainda não ter dado pela minha presença.

     - Philipe... Me desculpe, eu acabei me atrasando enquanto comia e... - Ele pousou a garrafa de uma bebida qualquer que tinha na mão em cima da mesa e pegou um grande envelope o jogando na minha direção sem nenhum cuidado. A sua expressão era de muita raiva e os seus olhos estavam tão vermelhos que chegava a ser assustador. Peguei o envelope branco aos meus pés e o abri com as mãos trémulas, o que quer que estivesse dentro dele, não era coisa boa.

Philipe andava pelo quarto aparentemente calmo e quando o abri completamente, arregalei os olhos assustada e cobri a boca com as mãos. Eram fotos do banheiro onde eu estava com Lucas, várias delas e a maioria mostrava o momento em que nos beijamos. Parecia impossível, eu tinha voltado do restaurante a pouquíssimas horas.

     - Esse... Filho que você carrega é realmente meu? - Eu estava tremendo quando escutei finalmente ele dizer algo, não conseguia sequer formular uma resposta e me apoiei na cama me sentindo tonta.

Ele vai me matar, ele vai me matar...

Era tudo o que eu conseguia pensar, visto que ainda não tinha dito nada, Philipe andou na minha direção e apertou o meu pescoço com ambas as mãos. Ele era muito forte e estava me sufocando, quase não sentia os meus pés tocarem no chão e não conseguia respirar.

     - Eu te fiz uma pergunta, sua vadia. - O cheiro excessivo da bebida denunciava o quanto ele estava bêbado e fora de si. Não queria acreditar que ele estava me perguntando uma coisa dessas, ele sabia muito bem a resposta. Ele tinha foi o primeiro homem na minha vida por mais que eu não me orgulhe disso, era a verdade.

Eu só conseguia chorar e sentia o ar cada vez mais escasso até que ele me soltou de uma vez e eu caí no chão tossindo desesperada.

     - Você sabe muito bem que é! - Quase gritei quando recuperei o ar. - Não entendo porquê está agindo assim quando faz coisas muito piores do que um simples beijo com as suas prostitutas!

Philipe me levantou pelos cabelos e acertou um tapa no meu rosto, eu poderia ter ficado calada mas estava farta dessa injustiça. Porque apenas ele poderia me trair e ainda por cima dentro da minha própria casa sendo que nunca era punido também?

     - Eu achei que tivesse sido bem claro quando disse que você era apenas minha e que ninguém poderia encostar em você! Principalmente aquele filho da puta do Lucas! - Philipe deu uma pausa antes de continuar e soltou o meu cabelo. - Acha mesmo que ele gosta de você?

     - Pelo menos ele não é um monstro como você... - Sentia um gosto horrível a sangue na minha boca e tentei me levantar mas era em vão. Philipe continuava rindo até se reaproximar e segurar o meu maxilar com força para olha-lo nos olhos.

     - Achei que fosse mais esperta. - Sorriu. - Lucas é um dos meus maiores rivais e nutre um ódio de morte por mim. Ele apenas está te usando para se vingar de mim, sua boba.

     - Você está mentindo, ele não faria isso.

     - Quanta ingenuidade... - Suspirou. - Agora me responda, o que mais vocês fizeram? Você transou com ele?

     - Eu já disse que não...

     - Mentirosa! - Senti outro tapa da sua mão pesada no meu rosto e a minha visão falhou por poucos segundos. - Você vai aprender a me obedecer.

Jogada no chão eu tentava cobrir a minha barriga com ambas as mãos, mas era exatamente ali que ele queria acertar quando me chutava. Chorei desesperada tentando proteger o meu filho, ele ainda era um feto e não merecia estar passando por tudo isso.

Estava fraca, cansada e implorava pra que ele parasse mas ele parecia estar maus focado no que estava fazendo. Era nesses momentos que eu mais me odiava por ter sido tão burra a esse ponto, hoje eu só estava sendo tratada desse jeito por esse louco por ter sido tão burra.

     - Pense duas vezes antes de tentar me desobedecer de novo. - Foi a última frase que ele sussurrou no meu ouvido antes de sair do quarto.

Estava tremendo e não conseguia me mexer por conta das dores pelo meu corpo, ainda com um das mãos na barriga, senti-a doer, era uma dor aguda e muito mais forte do que a dor da surra que eu tinha acabado de apanhar. A minha volta tinha tanto sangue que pela visão turva eu não conseguia distinguir de onde estava vindo. Me contorci no chão frio e não senti mais nada até fechar os olhos devagar e acabar me apagando.

Casada Com Um Psicopata (Série Mentes Insanas - Livro 1)Where stories live. Discover now