CAPÍTULO 22

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Não sei ao certo se tinham se passado meses ou várias semanas desde que estou nessa situação, mas de acordo com os meus cálculos, eu estava agora com cinco meses de gravidez mas a minha barriga ainda não era muito grande mesmo estando grávida de gémeos.

As vezes ficava preocupada quanto a saúde deles e a única coisa que me acalmava era quando eles se mexiam, o que dava a entender que pelo menos ainda estavam vivos. Philipe tem passado a maior parte do tempo cuidando das empresas e meio que tem se esquecido de mim, ele já permitiu que eu saísse do porão e andasse pela casa, porque de acordo com ele eu tenho me portado bem ultimamente. Pensei durante muito tempo e cheguei a conclusão de que isso era o melhor a se fazer, não contraria-lo e fazer sempre o que ele diz sem reclamar. Desde então ele sequer tentou me tocar de novo - talvez seja pela gravidez - mas a angústia de saber que ele iria entregar os meus filhos pra adoção depois de nascerem me deixava cada vez mais deprimida. Passava a maior parte dos meus dias chorando, só comia porque era necessário e sempre permanecia calada, quase nunca saía do quarto.

Nesses poucos meses também aproveitei para conhecer um pouco mais a casa e alguns empregados, perguntei a uma delas se sabiam da Mariana mas parece que era como se ela nunca tivesse trabalhado aqui. Algo estava muito errado, ela não podia ser simplesmente um fantasma.

Depois de tomar um banho quente, vesti um vestido preto e desci as escadas em direção a cozinha, estava morrendo de fome mas ao mesmo tempo não tinha vontade de comer nada, mesmo sabendo que tinha de fazer esse pequeno sacrifício. Enquanto descia as escadas, escutei gargalhadas vindas da sala e já sabia que eram de Philipe, Elliot e Christin. Ao que parece eles são irmãos e ultimamente têm passado muito tempo aqui, mas eu nunca me aproximo muito para não causar mais uma briga mesmo sempre notando o olhar fixo de Elliot sobre mim.

Já na cozinha, as empregadas pararam de conversar assim que me viram chegar mas as suas expressões faciais logo se tornaram mais leves ao notarem que era apenas eu. Abri a geladeira procurando alguma coisa que servisse pra comer até uma delas se pronunciar.

     - Precisa de alguma coisa, senhora?

     - Não, obrigada é... Tereza? - Ela assentiu com um sorriso, devia estar surpreendida por eu saber o nome dela. - Só estou com um pouco de fome.

     - Podemos preparar um lanche pra senhora se quiser. Prefere comer aqui ou na sala?

     - Aqui mesmo, obrigada. - Respondi e me sentei numa das cadeiras livres da enorme mesa da cozinha.

Não queria incomoda-las mas o meu estado não permitia que eu fizesse muitas coisas, além de que Philipe poderia facilmente brigar se me visse mexendo nas panelas. Lembro que a nossa última briga em que ele quase me bateu foi porque adormeci no jardim e ele achou que eu tivesse conseguido sair, felizmente consegui dar a volta na situação e ele se acalmou. 

A possibilidade de tentar entendê-lo e descobrir o que aconteceu no seu passado para deixa-lo daquela maneira também passou pela minha mente, mas isso nem sequer chegou a ser cogitado depois de chegar a conclusão de que a sua saúde mental também não parecia estar muito certa. Philipe tinha o jeito muito estranho de agir, não gostava de ser questionado, era possessivo e acima de tudo vingativo, uma das coisas que mais me assustavam nele. 

Suspirei e pouco depois o meu lanche estava pronto, estava comendo tranquila sozinha na cozinha até notar um pequeno papel brando debaixo do sexto das frutas. Semicerrei os olhos pegando no pequeno bilhete mas antes de o abrir, me certifiquei de que estava sozinha.

Estava escrito manualmente e dizia com letras pequenas:

     "Megan, vou tirar você daí, já deveria ter feito isso a mais tempo mas ao que parece Philipe colocou homens trás de mim desde o nosso último encontro. Debaixo da seu travesseiro no porão tem um celular novo, não deixe que Philipe o veja e dentro de dias entrarei de novo em contato com você."

Lucas.

A essa hora já tinha as mãos tremendo de tanto nervosismo, só não sabia se era de felicidade por saber que alguém queria me ajudar a me livrar de Philipe ou se era de medo por saber que ele poderia facilmente me matar apenas se visse esse papel. Tentei me acalmar guardando-o no bolso, nunca mais tinha pensado na possibilidade de me ver livre dele, mas agora vendo bem poderia começar uma vida nova, os meus filhos poderiam ser livres e felizes sem terem de passar pelo o que eu passei e viveriam como qualquer outra criança normal.

Estava decidida, sorri com o pensamento e corri rapidamente para o porão, tal como dizia no bilhete, lá estava debaixo do travesseiro um iphone dourado.

Era preciso ser tão escandaloso?

Saí do porão de volta pra cozinha ainda assustada tentando esconder o celular, mas quando ia passar pela sala, a voz de Philipe me parou e a atenção dos três caiu em mim. O meu coração acelerou e comecei a suar frio me virando lentamente na direção deles.

     - Sim?

     - Aonde estava indo? - Perguntou me olhando sério com  copo já vazio nas mãos

     - Eu... Eu ia voltar para o quarto, não estou me sentindo muito bem. - Gaguejei

Tinha a certeza de que Elliot tinha notado o celular no meu bolso porque eu estava parada mais próxima dele, ou talvez não.

     - Você não está aprontando nada, não é? - Sorri forçado escondendo as minhas mãos atrás das costas, eu era uma péssima atriz e Philipe um excelente observador. O seu olhar penetrante parecia querer revelar o que eu estava escondendo ao mesmo tempo que me avaliava de cabeça aos pés.

     - Nossa, estar grávida deve ser horrível mesmo. Ficar gorda desse jeito, deus me livre.

     - Christin! - Elliot a repreendeu

     - Oquê?! Vai dizer que eu não tenho razão? Olha pra ela!

Philipe deu uma risada junto com ela. Eles se merecem mesmo.

     - Idaí? Isso é problema seu? - Berrou e a mulher do vestido minúsculo se calou se calou ficando séria. - Vá descansar, Megan. Não deve estar sendo nada fácil pra você.

Elliot tinha um olhar compreensivo enquanto que Philipe me olhava do mesmo jeito perturbador, tratei de sair dali o mais rapidamente possível e subi as escadas até ao quarto, tinha de dar um jeito de esconder o celular num lugar seguro bem longe do alcance dele.

Dentro do closet me olhei no espelho por alguns minutos, realmente eu estava bem mais gorda, isso era bom, pelo menos assim sabia que estava saudável e me alimentando bem. Optei por guardar o celular dentro se uma das minhas caixas de sapato, sabia que Philipe jamais o encontraria ali e fui descansar. Fiquei esgotada depois de toda essa correria, se Lucas tinha realmente um plano é preciso que ele dê certo, caso contrário nenhum de nós sairá daqui com vida.

Eaí, gente.
Acham que ela vai conseguir se livrar de Philipe?
Será que devíamos confiar no Lucas?
O que acham que vai acontecer?

Casada Com Um Psicopata (Série Mentes Insanas - Livro 1)Where stories live. Discover now