🖤CAPÍTULO 4🖤

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🖤Dylan:

    Eu teria que torcer minha blusa e colocar para secar. Sério, ela estava toda encharcada pelas lágrimas da minha mãe. Se ela estava sofrendo tanto por me deixar naquele lugar, por que estava deixando? Também não entendia Ester, que não soltava Alicia por nada. Os olhos de Alicia estavam um misto de raiva e desânimo. Talvez ela até tenha tido o mesmo pensamento que o meu, aquela era uma de suas blusas preferidas.

     Uma garota bem pequena e morena, que havia se apresentado como Abigail, usava uma calça mostarda larga e uma camiseta branca, também larga, por dentro da calça, um símbolo estranho estava costurado no seu peito esquerdo e em seus pés havia um coturno preto que parecia desproporcional comparado ao seu tamanho, esta observava toda a situação como se estivesse acostumada com toda aquela cena. Diferente do garoto - que eu não havia prestado atenção no nome - um pouco mais alto que ela, vestido do mesmo modo, com seus olhos um pouco arregalados, olhando de um lado para o outro, tentando disfarçar todo seu desconforto. Mas deixando cada vez mais nítido o quanto estava tentando não olhar para as pernas de Alicia.

     Nossas mães só conseguiram nos soltar 5 minutos depois, com os olhos vermelhos. Meu pai pediu para que, pelo menos, eu tentasse me adaptar. Me deu um abraço forte e entrou no carro, assim como Tonny, que por algum motivo conseguiu tirar um sorrisinho debochado do rosto ranzinza de Alicia. E, quando os carros sumiram da minha vista e atravessaram o portão, fiquei imóvel. Ainda me sentia anestesiado, não conseguia acreditar que realmente estava preso naquele lugar. Não conseguia acreditar que meus pais realmente tiveram coragem de me deixar ali.

      - Iai? - Alicia cruzou os braços, se virando para o garoto.

      - Meu nome é Michael. - ele abriu um sorriso nervoso.

      - Ninguém liga. - respondi, pegando minha mochila no chão e colocando nas costas.

      - Então... - Abigail falou, com um sorriso profissional - Peguem suas malas, iremos apresentar o colégio.

      Alicia colocou uma mochila nas costas e pegou duas malas, dando de ombros. Me olhou e depois voltou olhar para a outra mala que ela não conseguia pegar. Sabia que ela queria que eu a levasse, mas, apenas enruguei o nariz. O problema era dela, porque precisou trazer três malas de rodinha? Acho que, de alguma forma, Abigail entendeu nossos olhares um para o outro e depois para a mala, pois pediu para Michael pegar. Peguei minha mala e seguimos os dois que andavam lentamente em direção ao primeiro prédio. Michael pegou duas sacolas pretas dentro de sua mochila e nos entregou.

     - O que é isso? - arqueei uma sobrancelha ao ver um tipo de bota e um par de roupas iguais às que eles usavam.

     - O uniforme. - ele respondeu - A partir de amanhã vocês terão que usá-lo.

      - Que coisa horrível. - Alicia bufou.

      - Você já é horrível, não vai fazer diferença. - respondi.

      - Não me dirija a palavra, cara de cu. Estamos aqui por sua culpa. - falou, sem olhar para mim.

      - Então... - Abigail começou, quando estávamos a apenas um passo de entrar dentro do primeiro prédio - Aqui é o nosso dormitório. - abriu a porta, adolescentes andavam calmamente por uma grande sala, todos vestidos com a mesma roupa horrenda - Aqui é a sala de conversas, depois da aula a maioria das pessoas ficam aqui conversando. Claro que é proibido elevar muito o tom. Eles estão esperando o horário do almoço, provavelmente os que aqui estão, acabaram de chegar da aula de educação física. O almoço é servido às 12:00. Depois, às 14:00, as aulas retornam e acabam às 18:00. Às 20:00 o jantar é servido e às 21:30 acontece o que chamamos de "toque de recolher". Todas as luzes serão apagadas e ninguém pode ser encontrado fora do quarto, sempre há monitores nos corredores, tanto na parte feminina quanto na masculina.

Nem tudo é azulWhere stories live. Discover now