🖤CAPÍTULO 16🖤

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🖤Dylan:

      Me encostei na porta ao lado de Michael e observei Alicia no meio do gramado com os braços abertos, completamente molhada. Ela havia tirado o moletom, como se ele estivesse atrapalhando a sensação da chuva. Sua blusa, antes larga, agora estava agarrada ao seu corpo e os olhos de Michael não saíam dos seios dela.

      - Alicia! - ele chamou - Entra logo, você vai ficar gripada!

      - Parece meu pai falando. - ela respondeu, começando a girar e rir - Larga de ser chato e vem tomar banho de chuva também!

      Passei a mão pelo meu cabelo que havia recebido vários pingos da chuva e estava úmido. Chuva sempre foi algo importante para mim, eu gostava do bonito, interessante e complexo. O fato da água sempre ter um ciclo me fascinava, porém, nunca tinha contado aquilo para ninguém. Na verdade, comecei explicar toda a minha teoria de vida baseada na água para o Rodrigo certa vez, mas ele perguntou se eu tinha usado alguma droga psicoativa. Então, nunca mais fiz nenhum comentário a respeito.

      O que importa era que chuva realmente me fascinava e eu sabia que Alicia também sentia aquilo, pois quase todas as vezes que chovia, ela sempre preferia ir e voltar da escola a pé ou simplesmente saia de casa na madrugada e ficava dançando como louca no jardim. Um dos raros momentos que nos divertimos juntos foi quando ela estava tomando banho de chuva, mais ou menos às 02:30 da manhã, e decidi ir para o meu jardim me divertir também.

      Então, enchi minhas mãos com a lama recém formada e joguei por cima do muro, o que pela minha sorte, acertou o rosto dela. Aquilo deu início a uma guerra de lama por cima do muro, e mesmo sem poder vê-la, eu sabia que ela estava sorrindo a maior parte do tempo. Menos quando a primeira bola de terra a acertou.

      - Dylan? - a voz de Michael me trouxe para a realidade - Você 'tá sorrindo igual um bobo.

      - Eu? - fiz cara de nojo ao perceber que meu sorriso realmente estava enorme - Você é louco.

      - 'Tô vendo que você também. - ele resmungou, abrindo um sorrisinho levemente debochado.

      Arqueei uma sobrancelha, sem entender o que ele queria dizer e sai correndo sem pensar muito, sentindo os pingos fortes começarem a me molhar e minha roupa pesar. Assim que cheguei ao gramado, ergui a cabeça, fechei os olhos e abri a boca, sentindo a água na minha língua. Ouvi algumas risadas de Alicia, que pelo jeito tinha começado pular nas pequenas poças que haviam se formado.

      - Entrem agora! - Michael gritou - Colaborem comigo, se não vou chamar os monitores.

      - Ninguém liga. - Alicia cantarolou.

      Abri os olhos e me sentei, sem me importar com mais nada. A sensação de estar completamente encharcado era incrível, assim como o efeito da água caindo do céu e sendo iluminada pela luz do poste. Como os outros conseguiam ficar dentro do quarto com aquilo para ver?

      - Basicamente... - Alicia se sentou ao meu lado - Estamos caindo do céu, cara de cu.

      Instintivamente, meus olhos - que antes estavam focados no poste - se voltaram para ela e um leve sorriso dançou em meus lábios, assim como nos dela. Assenti, ainda sem ousar desviar o olhar. Então, ela fechou os olhos e deitou com os braços abertos, dando um leve suspiro de satisfação. A chuva começou a diminuir gradativamente, desviei os olhos para o céu escuro e me joguei no chão.

      - Acho que não estamos fedendo tanto quanto antes. - comentei.

      - Diga isso por você, eu não estava fedendo. - sua voz soou brincalhona.

Nem tudo é azulWhere stories live. Discover now